Capítulo 12

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Soluço on

Assim que pousamos, o viking me solta e desce do dragão quase correndo, o que arranca uma leve risada minha. O Fúria da noite se deita no chão e nós sentamos nos encostando nele lado a lado.

Arkyn: Finalmente, como senti sua falta chão - diz passando a mão por onde estávamos sentados.

Soluço: Mas diga se não foi legal.

Arkyn: Tirando a parte que quase morri, foi - reviro os olhos e sinto o Banguela fazer um barulho com a boca e dali sair um peixe, ou metade dele, e nos olhar.

Soluço: É, não obrigado, eu tô' sem fome.

Arkyn: Eu também - ao longe chegando na ilha, vejo quatro Terrores Terríveis se aproximarem e pousarem perto de nós, o que faz o dragão atrás de mim grunhir protegendo os seus peixes, o que adianta só para um deles, já que outro vem e rouba um peixe, brigando com outro Terror Terrível pela posse da comida, logo vemos um peixe começar a andar pela pilha e se revelar sendo outro dragão, mas que não teve tanta sorte pois o Banguela morde o peixe também e consegue o devorar, soltando uma risada em seguida. O Terror Terrível se prepara para atacar o Banguela mas antes que consiga, acaba tendo um tiro de plasma jogado em sua boca, o fazendo cair e soltar fumaça por ela.

Soluço: Vocês não são aprova de fogo por dentro né? Toma' aí rapaz - jogo o meu peixe para ele que come rapidamente. Após comer, ele se aproxima de mim e se esfrega na minha mão e começo a fazer um carinho nele. - Então tudo o que sabemos sobre vocês está errado. Você não acha isso incrível Arkyn? - Me viro para o viking ao meu lado somente para o encontrar dormindo com uma mão no Terror Terrível em cima de suas pernas. - Deve estar cansado, foi muita adrenalina para um dia só - aproximo minha mão até a dele, que se encontrava no chão, e a seguro, podendo sentir o estranho toque gelado que ela tinha.

Olho para o seu rosto e consigo perceber manchas sob seus olhos, olheiras, que possivelmente eram causadas pela falta de sono, pensar nisso me deixou preocupado com sua saúde, pois ao que tudo indica ele não anda dormindo bem. Também percebo que ele parece mais magro do que me lembrava, talvez não esteja comendo bem também. Ah, Arkyn, você não anda se cuidando direito? Olho o horizonte e vejo que já estava quase escuro e decido acordar o viking para irmos para casa.

Soluço: Ei, Arkyn - sussurro para ele tocando em seu rosto levemente, o ouvindo resmungar algo e abrir os olhos, ele sempre teve sono leve, qualquer barulho o acordava. Logo ele direciona um olhar cansado em minha direção. - Vamos para casa, hm?

Arkyn: Tudo bem - ele se espreguiça e levanta, imito ele e subimos no Banguela, começando a voar pelo céu já escurecido. Enquanto voavamos pude perceber um brilho em seu olhar, maravilhado pela bela vista que a noite proporcionava. Ele abraça minha cintura e deita a cabeça em meu ombro, observando tudo com um sorriso doce em seus lábios. Ver essa cena me fez abrir um sorriso leve, além de sentir meu coração acelerado e um rubor em minhas bochechas. Ah, Arkyn, Arkyn, o que você está fazendo comigo?

Soluço off - Arkyn on

Depois de descermos na enseada, caminhamos de volta a vila em silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro, até chegarmos na vila e seguirmos cada um seu próprio rumo. Ao chegar na minha casa percebo uma luz vinda de dentro, meu pai já tinha entrado. Tento subir na árvore que tem perto da janela do meu quarto mas antes que eu comece a subir, escuto meu nome sendo chamado e vou em direção a casa, adentrando ela pelos fundos.

Arkyn: Boa noite, pai.

Ragnar: Boa noite filho, poderia me dizer onde estava?

Arkyn: Ah, você sabe, acabei andando demais para variar.

Ragnar: Hm, entendo. Bom, agora quero a verdade - é difícil enganar ele. Solto um suspiro.

Arkyn: Tudo bem, eu estava na montanha - vejo ele relaxar o olhar, mudando a expressão séria para uma mais carinhosa, com um toque de tristeza e pena.

Ragnar: Filho...

Arkyn: Eu sei o que vai dizer, que eu deveria parar de ir lá porque isso só vai me fazer mal, mas - sou cortado antes de continuar.

Ragnar: Não precisa se justificar,filho. Sente aqui - ele aponta para uma poltrona ao lado do sofá que estava sentado. Ando até ela e me sento, focando meus olhos no tapete como se ele fosse a coisa mais interessante que tinha. - Eu sei que isso é difícil filho, acredite para mim também é, não gosto de te ver triste, e deve estar sendo ainda pior ter que ver ele sendo tão adorado pelo povo da vila e fazendo novos amigos, mas você tem que superar isso e seguir em frente, já fazem anos que você vai lá e nunca o encontra, e cada vez que isso acontece você fica cabisbaixo. Outra coisa é que eu sei que você não tem dormido bem por ficar lá esperando que ele também vá - olho para ele e abro a boca para falar algo, mas ele é mais rápido.

Ragnar: Não adianta mentir porque eu sei, eu consigo escutar você entrando no seu quarto pela árvore - abaixo o olhar novamente. Ele não estava mentindo e isso me afetou mais do que gostaria. - Além de que toda essa situação está te tirando, além do sono, a fome, porque você fica para baixo e acaba não comendo - aperto as mãos tão forte que consigo ver os nós dos dedos. Ele coloca sua mão por cima das minhas, cobrindo elas por inteiro devido a diferença de tamanho. - Arkyn, eu sei que sente falta dele, mas está na hora de esquecer tudo isso e continuar, logo, logo, ele vai matar seu primeiro dragão e se tornar um viking completo - a citação do dragão faz meus olhos lacrimejarem e eu enrijecer para tentar conte-las. - Não precisa segurar o choro, filho, ninguém vai te julgar por isso.

Com essas falas minhas lágrimas escorrem pelo meu rosto e acabo soltando alguns soluços no processo. De forma meio embaçada, o vejo se ajoelhar na minha frente e me abraçar e eu retribuo quase no mesmo instante. Ficamos assim até eu acabar pegando no sono e só conseguir sentir ele me pegar no colo, após isso tudo fica escuro.

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