Arkyn on
Quando eu vi o Banguela descendo na enseada, um sorriso involuntário surgiu em meu rosto, mas ele logo sumiu ao ver quem estava ali. Astrid. Ela estava nas costas do Banguela. Quando foi que ela descobriu sobre ele? E porque ela estava voando nele? Antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa, eu vejo uma cena que faz meu coração afundar em meu peito e começar a doer. Ela deixa um beijo em sua bochecha e começa a sair de lá, eu me escondo atrás de uma árvore e ela passa correndo indo em direção a vila. Saio de onde estava e observo o Soluço lá embaixo, paralisado pelo que tinha acontecido. Sinto meus olhos arderem e começo a sair dali antes que ele me perceba.
No caminho até minha casa eu começo a relembrar de tudo que aconteceu até agora, desde o momento em que nos encontramos na enseada, até o primeiro vôo. Sem conseguir, ou querer, controlar as lágrimas, as deixo escorrerem livremente e algumas caem no chão ou escorrem pelo meu queixo. Sem nem perceber eu chego em casa e limpo as lágrimas que ainda insistiam em cair. Respiro fundo e entro pelos fundos torcendo para meu pai não estar, mas como Odin me ama, ele estava sentado comendo, que ótimo momento. Ele escuta o barulho da porta e se vira para mim falando, mas para ao me ver.
Ragnar: Oi filho, como foi- filho? O que houve? - Ele aproxima de mim e eu me jogo em seus braços. Ele se espanta mas retribui. - O que aconteceu? - Ele torna a perguntar enquando faz movimentos circulares pelas minhas costas.
Arkyn: O Soluço.
Ragnar: O que tem ele?
Arkyn: Ele estava na floresta com a Astrid - pude sentir ele tencionar o corpo e me abraçar mais forte enquanto me levava até o sofá e me sentava ao seu lado nele.
Ragnar: Mas eles estavam conversando ou...?
Arkyn: Eles estavam conversando mas ela se despediu dele com um beijo na bochecha - ele pareceu compreender tudo e começa a fazer um leve cafuné em mim. Não era segredo para meu pai sobre meus sentimentos além da amizade sobre o Soluço, desde que éramos crianças ele sabia que existia alguma coisa a mais da minha parte, e quando eu fui contar para ele, o mesmo disse que já sabia e que me apoiava, além de dizer que qualquer problema que eu tivesse poderia contar com ele e se alguém dissesse qualquer coisa desrespeitosa, iria se ver com ele. O sinto se afastar de mim e me soltar, logo também o faço.
Ragnar: Me escute filho, eu sei que gosta muito dele, mas às vezes, amar também é saber deixar ir, mesmo que doa ver a pessoa que você ama com outra, pelo menos ela estará feliz e isso é tudo que importa - ouvir essas palavras faz o meu choro se intensificar. Fazia um bom tempo que eu não chorava tanto assim. Após algum tempo de consolação da parte dele e lágrimas da minha, eu me acalmo e subo para meu quarto, deitando na cama e pensando em tudo o que aconteceu hoje. Quando amanhece, eu me levanto da cama e acabo lembrando de que hoje era o dia que Soluço mataria seu primeiro dragão, suspiro com isso e começo a descer as escadas e assim que chego no andar de baixo, não encontro meu pai, provavelmente está dormindo. Aproveito essa chance e saio de casa, indo até a beirada da fazenda e começando a olhar lá embaixo. Após dar uma olhada, caminho em direção a enseada e assim que chego, observo o desenho que fiz noite passada. Sorrio com isso, um sorriso triste. Adentro a enseada e assim que piso lá dentro, sinto meu corpo ir em direção ao chão e algo molhado vir ao meu rosto.
Arkyn: Oi amigão, também senti sua falta - consigo sair debaixo dele e me levanto, o observando ir em direção ao lago para pegar alguns peixes. Vou na mesma direção dele e me agacho em frente a água, olhando para o meu reflexo. Toco em cima do tapa olho e suspiro, logo o retirando do meu rosto e observando meu olho cego com uma cicatriz em linha por cima dele, como se estivesse cortando ele. Eu não me lembro como eu consegui isso, mas pelo que meu pai disse, eu a tenho desde que eu era somente um bebê. Já questionei a ele como eu ganhei, mas ele sempre se esquiva desse assunto, penso que pode ter haver com a morte da minha mãe.
Falando nela, eu nunca a conheci, e tudo o que sei sobre ela é que tinha cabelos ruivos como fogo enrolados nas pontas e olhos cor âmbar. Meu pai sempre me disse que ela era uma grande guerreira e defendia com unhas e dentes quem amava, e isso incluía os dragões. Todos da minha família são fascinados por essas criaturas. Dou um leve sorriso com esses pensamentos. Queria ter a conhecido. Saio do meu transe e coloco o tapa olho ao escutar um barulho alto vindo da vila. Era o chamado para irem a arena. É agora. O momento da verdade. Que Odin nos ajude.
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Talvez Mais
FanfictionEm um mundo onde o respeito é conseguido através da morte de um dragão, Arkyn Hermod, um adolescente que veio de uma família que se recusa a matar um desses animais, é levado ao isolamento. Mas as coisas começam a dar certo quando uma dessas criatur...