#11 - monstros no armário.

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Bom dia, boa tarde e boa noite.

Lembrem-se: nada aqui condiz com a realidade. Personagens criados apenas para a história.

O enredo pode conter gatilhos, ou palavras que causem desconforto.

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Nanon sempre soube que a vida não era um mar de rosas, mas a faculdade era um inferno. Não que ele odiasse estudar, mas deu planejamento tinha saído de rota, e ele odiava coisas fora de seus planos.

Menos Ohm, esse foi um desvio que deu certo. Ele não queria se apaixonar, ambos eram diferentes, gênios, situação financeira, vidas diferentes.

Sentado com seus amigos comemorando que  estava na próxima fase do estágio, ele estava nervoso. O assunto de relacionamento estava na roda, e ele não se sentia confiante.

- E você e o velho? - Mark estava um pouco alterado, então se apoiou nele.

- Ele não é velho, tem trinta e quatro. - Nanon riu depois de dizer isso. Logo ele, que sempre provocou o outro sobre isso.

- Para nós é. Mas que é um gostoso, ele é.

Normalmente, ele não se incomoda, sempre foi comum eles se zoarem sobre seus ficantes, mas algo sobre Ohm era particular.

- Ele está bem, obrigado.

Queria encerrar o assunto. Mas continuaram provocando, até que sua cabeça começou a doer.

- Já chega, ele está bem. Ele está ótimo.

Todo mundo ficou em silêncio, Nanon não era do tipo que perdia a paciência.

Ohm estava cansado, reunião atrás de reunião, sobre assuntos que ele já estava cansado de discutir.

Não que não gostasse de ser parte de um conglomerado respeitado, e que empregava diversas pessoas. Mas era cansativo estar entre um bando de homens velhos e homofóbicos. Se o irmão dele fazia algo, Ohm precisava fazer dez vezes melhor.

- PAWAT! - Seu pai estava irritado.

- Sim senhor.

- Onde anda com a cabeça? Quem está fodendo que está te deixando um molenga?

Ohm nunca respondeu seu pai. Ele tinha respeito e amor a sua vida, mas agora algo lhe subiu como uma corrente elétrica.

- Cuidado com a boca. - Soltou antes que percebesse.

Houve um silêncio, antes de a placa de metal, com o nome e sobrenome de seu pai, voar sobre sua cabeça. Desta vez, ele não se moveu.

- Ficou maluco? Já disse que pode comer quem quiser, mas se trouxer um destes viados para dentro desse ambiente de novo, eu acabo com você e com ele.

Ali estava, o homem que o criou, que lhe causou terrores noturnos, o fez se sentir sujo. As vezes, seu pai tentava parecer dócil, mas ele conhecia o verdadeiro homem por debaixo daquela fachada.

Ohm cresceu aprendendo a fingir, que sua família era perfeita, que seu pai era seu herói, que ele não estava prestes a ruir.

Com as lembranças de um passado horrível na mente, Ohm começou a se fechar, ele estava indo tão bem. Mix e Earth estavam orgulhosos de como seu amigo estava se tornando mais sincero, alegre.

A família pode destruir sua alma. Era o que ele estava pensando, deitado no sofá preto do seu apartamento, bebendo sabe se lá qual número do copo que estava, a garrafa de uísque quase vazia.

O telefone tocou diversas vezes, sinalizou mensagens outras milhares. Ele deveria ir dormir com o Nanon, mas só conseguia sentir as ondas de sua frieza retornando.

- Ohm! -  A voz parecia baixa e longe.

Levantou um pouco, e voltou a deitar, cobrindo o rosto com o braço. Ouviu seu nome mais algumas vezes, até que a senha foi digitada, ele sabia quem era, somente uma pessoa tinha sua nova senha.

- Mas que porra aconteceu aqui ?

- Fale baixo, por favor.

- Ohm! O que houve, fiquei te esperando, você não atendeu.

- Nanon. - Se sentou, apertou a testa, e passou as mãos pelo rosto. - Hoje não é um bom dia para brincarmos. Volte amanhã.

Nanon sentiu o calor subir, e ele ficou mais que irritado. Brincar?

- Que porra de brincadeira?

Se aproximou, se abaixando entre as pernas do mais velho. Que suspiro.

- Vai embora, por favor.

Era nítido o tom de cansaço, e ele pensou em discutir, pensou em dizer tantas coisas. Mas não queria ser a criança brigando por atenção.

- Certo. Tchau.

Estava chegando perto da porta, e se virou.

- Você deixou sua carteira jogada no corredor. - Tirou do bolso e jogou no aparador do lado da porta. - Me ligue, caso queira conversar.

No fundo esperava que ele falasse para ele não ir. Respirou fundo e se encostou na porta depois de fecha-la. Ouviu um copo sendo quebrado.

Ambos sempre souberam a diferença entre eles, sempre entenderam que precisavam de conhecer, se adaptar. Mas há monstros que não devem ser divididos.

Ha tristezas que não precisam ser compartilhadas. Era o que Ohm pensava. Ele só queria que Nanon conhecesse o lado bom da sua vida, e que fosse seu conforto, seu ponto de paz.

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Na manhã seguinte ele tinha uma dor de cabeça de matar, se arrumou no automático, e mesmo assim viu as mulheres da recepção e estagiárias virarem o rosto para olha-lo. Em outros dias, ele gostaria da atenção. Hoje, só queria participar logo dessa reunião do novo projeto de seu irmão, mais uma tentativa de seu pai de colocar o mais velho dentro dos negócios.

- Bom dia, Senhor. - Sua secretária se aproximou com um café. - Seu pai está em sua sala.

Ela parecia preocupada, ele tentou parecer tranquilo, mas não conseguiu.

- O ditador voltou. - Ouviu a outra secretaria cochichar.

Seus funcionários deviam estar se acostumando com seu bom humor depois que ele conheceu Nanon.

- Vejo que colocou a cabeça no lugar.

- Eu nunca disse que largaria meu cargo.

Mesmo que não devesse, andou até o pequeno bar no canto escondido de seu escritório, colocou uma dose e virou de uma vez.

- Não seja infantil, ainda é cedo para beber.

- O senhor precisa me dizer algo, ou podemos ir até essa excelente reunião onde meu irmão irá mostrar o quão inteligente ele é.

O pai o encarou por alguns segundos. Abriu a boca, mas não disse nada.

Ohm queria sumir, queria pegar Nanon, enviar em um carro e desaparecer. 


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