— E como é o som que você escuta com isso? - Eli me lança mais uma das suas milhares de perguntas, mas eu estava me divertindo respondendo.
Thomas com certeza não parecia estar se divertindo sendo o tradutor.
"Acho que normal, parei de escutar desde bebê, então esse é o meu normal, não dá pra mim saber a diferença"
— E como você ficou assim? Um dia vi um filme e um homem ficou sem escutar por causa de uma bomba. - o garoto parecia animado, eu gostava que ele não parecia ter pena ou algo do tipo.
" Eu peguei meningite quando era bebê, então perdi a audição"
O garoto encara Thomas, que se distraiu com os dedos no próprio antebraço. Eli não teve tempo de contestar o comportamento de Thomas, já que as pizzas chegaram na hora.
O garoto deixou pra lá e foi atender o entregador.
Toco o braço do Thomas para chamar a atenção dele, que ainda mantinha os dedos em cima do antebraço, estava coberto com o casaco, mas sabia que era ali que ficavam as queimaduras.
" Ta tudo bem?"
Pergunto, ele me observou por longos segundos antes de desviar o olhar.
— Sinto muito pela sua mãe. - ele murmura. — Eu nem falei nada na época.
Minha respiração fica mais pesada, não gosto de lembrar que ela se foi, mesmo sabendo que mamãe não vai entrar pela porta, minha mãe se foi há 7 anos, saiu de carro e nunca mais voltou.
Mas sempre olho para a porta esperando.
" Éramos só crianças"
Dou de ombros, ele aperta os lábios olhando para as próprias mãos, eu o toco de novo, fazendo com que ele me olhe.
" E eu sinto muito pela sua mãe...por tudo."
Tombei a cabeça para o lado, era recente, provavelmente o afetava muito ainda e tive essa certeza quando as sobrancelhas dele se juntam num semblante de dor.
Ele não falou nada por longos segundos, ficamos totalmente calados um do lado do outro, Eli entrou quase caindo com as três caixas de pizzas, passando por nós na sala e indo em direção a outro cômodo.
Thomas seguiu o garoto com os olhos, com um sorriso fraco nos lábios, fazendo meu coração parecer bater mais lento.
Eram fofos juntos, como se fossem irmãos de verdade. Eli bateu minha porta, mas foi meu pai que atendeu:
Papai tocou meu ombro, apontando para a porta.
" o garoto do Thomas ta na porta"
Avisou e simplesmente subiu para o quarto, andei meio receosa até a porta, o garoto estava parecendo ansioso, como se estivesse fazendo alguma coisa errada e estava com medo de alguém descobrir, Eli olhando para os lados, até me ver.
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Sinais do amor [ EM PAUSA ]
Humor+17 [ EM PAUSA POR MOTIVOS PESSOAIS, MAS EU VOLTO <3 ] Ele não era amigável, tão pouco sociável, sua inocência foi quebrada antes do tempo, nada de Papai Noel ou um Super herói para salva-lo. Como ser alguém normal depois de tudo? Como acreditar em...