CAPÍTULO 21

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Enquanto Thomas contava a própria história, eu sentia que a cada palavra que saia da boca dele fosse destruir meu coração

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Enquanto Thomas contava a própria história, eu sentia que a cada palavra que saia da boca dele fosse destruir meu coração.

Nunca imaginei que ele teria uma vida fácil desde que soube o monstro que era o pai dele, mas ouvindo da boca do garoto que um dia foi meu melhor amigo e sempre fez meu coração bater diferente, era extremamente doloroso.

Thomas olhava para a mesinha no meio da sala enquanto continuava a falar:

— seu pai ficou responsável pelo caso, antes mesmo de falar com a minha mãe ou comigo, ele já havia colocado no relatório que foi uma morte acidental, mas continuou investigando, quando perguntou a minha mãe, que até aquele momento achava que era realmente um acidente, mas acho que soube imediatamente que foi eu quando ele fez as perguntas...- Thomas fez uma pausa, notei que ele abria a boca para falar, mas nada saia, a única coisa que vi saindo foi uma lágrima solitária que escorria pela bochecha dele.

Meu olhos já estavam encharcados desde o começo e ver o quanto doía nele, não facilitou. Toquei o ombro dele, fazendo-o olhar pra mim.

" não precisa falar mais nada se não quiser, eu pude entender tudo desde o começo"

Eu disse, mas Thomas balançou os ombros, voltando a olhar para a mesa.

— Finalmente ele se foi, mas minha mãe se culpou pelo que eu fiz, pegou toda a culpa que não foi dela e carregou pra si, então tentou se matar, escreveu uma carta se culpando pela morte dele, dizendo tudo que passou e...- ele balançou a cabeça de um lado para o outro, como se tivesse lutando com os próprios pensamentos. — tinha coisas lá que eu nem sabia, minha mãe já estava doente há muito tempo e nunca contou pra ninguém, estava definhando...seu pai se livrou da carta, nunca nos culpou de nada, apesar de  não entender, sou grato a ele. - Thomas suspirou. — Eu nunca a culpei por nada, eramos nós dois sobrevivendo a ele, mas mamãe se culpava, falou que só não tirou a própria vida antes porque eu...a salvei quando nasci, tivemos no máximo um mês e meio depois que ela foi liberada, foram os melhores dias da minha vida e é esses dias que me confortam quando lembro de tudo que passamos, enfim, é isso.

O garoto ao meu lado, me olhava como se esperasse a absolvição de todos os pecados, como se eu fosse a salvação dele. Eu me sentia destruída, ouvir tudo aquilo me fez sentir impotente, eu fiz tão pouco, não deveria ter levado aquele bilhete a sério, deveria insistir nele, continuar batendo na porta dele.

— Sinto muito por a fazer chorar. - lamentou ele.

Quase ri dele se desculpando por algo que era inevitável. Observei os olhos vermelhos de Thomas, que não havia mais resquício de lágrimas

Como ele podia ser tão forte? Como poderia depois disso tudo ser tão bom?

Eu estaria vivendo na minha própria amargura dia após dias.

Eu não conseguia pensar em nada para responder depois de tudo que ouvi, acho que nenhuma palavra poderia o confortar agora.

Me ajoelhei no sofá ao lado dele, notando a confusão no semblante de Thomas, mas não demorei para envolver meus braços em volta do pescoço dele, o abraçando apertado, como mamãe sempre fazia em mim.

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