Sinais do amor [ EM PAUSA ]

CAPÍTULO 13

Crystal estava rindo das nossas tentativas de comer a pizza horrível de abacaxi, mesmo tendo outros sabores em cima da mesa, a meta era comer pelo menos a metade.

" Isso vai me dar um bom mal-estar"

Ela comenta, com uma careta após enfiar na boca um pedaço que mal conseguia mastigar.

— O que vocês estão fazendo? - Eli volta a sala de jantar, agora sem a carranca anterior, olhando tudo desconfiado. — Porquê vocês estão comendo a MINHA pizza? Comprei essa porque sabia que vocês não iam comer.

Eli soa indignado olhando metade da pizza dele faltando.

— Você deveria ter avisado antes. - Murmuro comendo o último pedaço que restou no meu prato, Crystal fazia o mesmo, tentando não rir.

— Mas você disse que ninguém comia. - o garoto gesticula pra mim e para Crystal, sem tirar a indignação do rosto. — Que desrespeito.

Balança a cabeça negativamente, pegando um pedaço da pizza dele, voltando à sala, ainda resmungando.

" Comemos a pizza dele, realmente é muito desrespeitoso"

Ela diz com uma careta brincalhona.

— Muito desrespeitoso. - o imito, rindo.

— EU ESTOU OUVIDO VOCÊS RINDO. - Eli grita da sala.

— Acho que a noite não está sendo boa pra ele. - comento, achando graça já que ele fez isso acontecer, essa noite. — É uma boa vingança.

" tenho certeza que ele teve as melhores das intenções"

Ela respondeu, depois empurra o prato pra frente, acho que Crystal não aguenta mais comer e nem eu.

— você nem comeu as outras direito. - indago. — Comeu mais da pior.

" mas eu me diverti muito fazendo isso"

Respondeu com um sorriso sincero no rosto, estar com ela aqui é como voltar aos meus dez anos de idade, mesmo com tudo aquilo, Crystal conseguiu me fazer sentir normal, com uma vida normal.

Eu era só a criança que eu precisava ser, antes de descobrir a parte ruim do mundo.

E ela tem esse poder até hoje pelo visto, me sentia sem todo o peso que eu tenho sempre que acordo e tenho que lidar com a vida, fingir que finalmente acabou.

Mas ainda sinto queimar, ainda escuto os gritos do quarto ao lado, ainda me sinto um garoto inútil que não podia fazer nada, indefeso, não importa o quão bom em socos eu sou ou dei nele.

— Eu me diverti também, mais do que esperava. - assumo, afastando meu prato também, não cabia mais nenhuma pizza em mim.

" E o que você estava esperando?"

Crystal perguntou, com um sorriso torto nos lábios, clareamento zombeteiro, suspirei olhando pra cima, pensando numa boa resposta.

— Talvez um clima ruim, um olhando para o outro sem saber o que dizer, não sei bem, mas não imaginei que seria bom assim. - dou de ombros e continuo em sinais.

" Foi bom conversar de verdade com você de novo, uma conversa normal"

Os olhos dela se iluminaram e seu sorriso a acompanhou nisso.

"Então, sem mais rixas?"

Ela me lança um olhar sugestivo, com seu sorriso ainda intacto e estende uma das mãos pra mim, para um aperto.

— No final das contas, nunca tivemos. - aceito a mão, num aperto suave, mas Crystal aperta com mais força, provocando, mas mantenho meu aperto fraco antes de afastarmos as mãos.

Quando isso acontece, minhas mãos se juntam como se fossem guardar a sensação da mão dela junta a minha.

" Demorou quase oito anos pra isso acontecer, graças a uma criança, você devia pagar outra pizza pra ele"

Ela brinca, olhando pra onde ele estava, mas aparentemente Eli capotou vendo desenho como todas as vezes que dorme aqui.

Faço uma careta vendo isso, eu ainda tenho o que levar para a casa.

" Eu já volto"

Faço os sinais quando ela volta o olhar pra mim e me levantando para ir vê-lo.

O garoto estava esparramado no sofá, em uma posição que com certeza é desagradável, tiro o prato que estava no chão e coloco na mesinha da sala, para ter espaço ao agachar.

— Eli, você sabe que não pode dormir aqui de novo. - o aviso enquanto o cutucava.

— Eu vou amanhã cedo. - o garoto murmura baixo ainda com os olhos fechados.

— Você sabe que não, Eli. - soou um pouco mais firme, odiava fazer esse papel.

— Ta boooom. - ele bufa abrindo os olhos, incrivelmente não parecia irritado. — Eu gosto de poder ver desenhos de noite.

— Pode ver, mas vamos daqui a pouco. - o avisei, recebendo apenas um aceno de cabeça meio triste.

Bagunço o cabelo loiro dele, antes de levantar, espero por alguma reclamação, no entanto ele fica em silêncio, apenas se ajeita e foca os olhos na tv, com um semblante ainda triste.

Suspiro voltando para a mesa junto a Crystal que me seguia com os olhos.

" Você não parece muito bem"

Crystal indaga assim que me sento, balanço os ombros, somos quase amigos de novo a menos de 10 minutos, não quero desabafar com ela.

Mas quando a olho esse pensamento vai para o ralo, a expressão de preocupação no rosto dela me lembrou a do pai dela meses atrás, quando finalmente pude dizer tudo.

" Não gosto de quando tenho que deixá-lo, não é seguro, não é bom aquele lugar, mas não posso fazer nada como sempre."

Desabafei por sinais, ele facilmente me ouviria da sala.

Crystal aperta os lábios com as sobrancelhas juntas, antes de sorrir fraco.

" O mesmo caso que você?"

Perguntou, com um olhar receoso apontando para onde Eli estava.

" Não, mas não é menos pior"

Respondo com um sorriso fraco e forçado, eu estava cercado de gente assim, com histórias tão piores quanto a minha, ela o observa por alguns segundos antes de voltar sua atenção para mim.

" Ele é um bom garoto, você parece fazer tudo que pode pelo Eli, sem você o agora poderia ter sido muito pior."

Ela tenta me consolar, mas não é eu que preciso de consolo, não mais.

Encaro apenas a parte da cabeça do Eli que estava visível sem o sofá tampar.

— Isso não é o suficiente.