19 - Olívia

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A minha falta de sorte não poderia ser maior, além da minha menstruação ter chegado, o jantar da noite passada com Sarah não caiu muito bem, estou vomitando e com febre desde a madrugada. Fiquei deitada na cama, sem ânimo e sem forças para levantar, liguei para a diretora do hospital e ela me deu um dia de folga, espero estar recuperada amanhã.

Acordei de um sono agitado, sentei na cama, me sentia meio tonta, a ânsia de vômito voltou com força, comecei a respirar fundo. Simon entrou no meu quarto, apesar de me sentir fraca o encarei surpresa.

- O que faz aqui? Como entrou?

- Ainda estou com sua chave... Passei na sua sala hoje de manhã antes de vir pra casa e me disseram que estava doente, então eu vim ver como você está.

Simon se aproximou de mim e eu fiquei de pé mas precisei correr para o banheiro, fiquei de joelhos e vomitei mais uma vez. Senti Simon entrando no banheiro e ele veio segurar meu cabelo, enquanto eu colocava tudo para fora Simon massageava minhas costas. Fiquei sem forças para levantar e sentei no chão, me sentindo fraca, olhei para Simon.

- Não precisa ficar e ver isso, não é nada sexy. - comentei e ele revirou os olhos.

- Não vou a lugar nenhum, você está horrível... Sente dor?

- Só no meu corpo inteiro.

Simon colocou a mão no meu rosto e pareceu ficar preocupado.

- Você está com febre, precisa levantar.

Simon me ajudou a levantar, eu escovei meus dentes e ele foi comigo até a cama, deitei e puxei o cobertor.

- Está corada e não é de um jeito bom, eu vou comprar alguns remédios e você precisa se hidratar.

Apenas assenti, incapaz de formular algo coerente, a última coisa que vi foi o rosto preocupado de Simon antes de dormir de novo. Foi um sono agitado, lembro de Simon me acordando para tomar algum remédio e depois para tomar água. Acordei bem mais tarde, avistei Simon sentado na poltrona digitando alguma mensagem no celular.

- Você ainda está aqui. - comentei e de imediato ele me encarou.

- Finalmente... Achei que iria precisar ligar para a ambulância pra te levar ao hospital. - ele se levantou e sentou perto de mim colocando a mão na minha testa - Você está sem febre.

- Estou me sentindo horrível, preciso de um banho. - olhei bem para ele - Você trocou de roupa.

- Depois que você capotou, eu lavei o seu banheiro e fui até o meu apartamento e tomei um banho.

- Espera, você lavou o meu banheiro? - perguntei me sentando.

- Estava fedendo... - ele respondeu dando de ombros como se fosse algo normal.

Levantei da cama mas ainda me sentia um pouco fraca, Simon me acompanhou até o banheiro, fiquei impressionada, tudo estava limpo e organizado, ele foi até o box e abriu o chuveiro enquanto eu tirava a roupa, comecei a ficar envergonhada.

- Você está corando... - ele comentou.

- Isso é estranho.

- Para de ser boba, eu já te vi nua.

- Isso é íntimo. - comentei.

- E fazer sexo não é intimidade suficiente?

Ele tinha razão mas não deixei de me sentir exposta, Simon entendeu e saiu do banheiro me dando privacidade. Tomei um longo banho, eu estava pegajosa devido a febre, então fiquei embaixo do chuveiro até me sentir limpa. Escolhi um pijama longo de seda, não tive coragem de secar o cabelo com o secador então apenas penteei e os deixei soltos. Ao chegar na cozinha, Simon estava lá, ele me olhou e sorriu.

- Eu trouxe um remédio pra você repor a flora intestinal e uma sopa... Precisa colocar algo no estômago.

- Alguém disse que você daria um ótimo médico? - brinquei e ele deu uma risadinha.

- Engraçadinha... Agora vem comer.

- Não estou com fome.

- Mas você precisa.

Sentei em um banco da ilha da cozinha e ele me serviu, o cheiro estava ótimo e consegui comer quase tudo, meu estômago embrulhou novamente mas não corri para o banheiro o que já era boa notícia.

- Obrigada... - falei quando terminei de comer - Você está passando seu dia de folga aqui cuidando de mim e não precisava.

- Precisava sim e eu não tinha nenhum outro lugar para ir. - Simon veio até mim e me deu um beijo na testa.

- Que horas são?

- Quase duas da tarde.

- Nossa, eu dormi bastante.

Andei até a sala e liguei a TV, Simon se juntou a mim trazendo uma garrafa de água. Ele estava sendo tão atencioso que eu fiquei sem graça, acho que nunca fui tão bem cuidada por alguém além de meus pais e isso me comoveu. Ficamos assistindo um filme de comédia e a tarde passou num instante, conversamos sobre nossa infância, ele me obrigou a tomar mais líquido e frutas, de noite eu estava me sentindo bem melhor e Simon preparou nosso jantar, foi algo leve e pela primeira vez no dia, meu estômago aceitou sem reclamar. Estávamos vendo uma série de mistério quando ele me olhou.

- Sua cor voltou... - Simon passou a mão no meu rosto - Bem melhor assim... Como está se sentindo?

- Bem... Só um pouco enjoada.

- Quer alguma coisa?

Me inclinei na sua direção e dei um beijo leve nos seus lábios, ele me olhou e sorriu.

- É disso que precisa? - assenti e ele sorriu ainda mais. - Você é uma paciente ousada, senhorita Baker.

- É que você, doutor Clarkson, é muito bonito e charmoso.

- Pode continuar...

- Acho que preciso de mais um beijo pra me sentir melhor.

- É mesmo? - Simon se inclinou e me beijou de leve - E seu coração vai resistir a tantos beijos?

- Não sei... Talvez mas eu precise de um exame mais detalhado.

- Esqueci meu estetoscópio.

- Não tem problema, você pode tocar no meu coração.

Simon sorriu malicioso e tocou bem em cima do meu coração.

- Assim?

- Não... Não vai dar pra sentir direito... Deixa eu mostrar.

Peguei a mão de Simon e coloquei em cima do meu seio, quando estou com ele não me importo de ser ousada, sua presença e o jeito que me olham me fazem ficar a vontade, e eu também não queria que ele percebesse meu coração batendo rápido. Ele sorriu e apertou de leve por cima do pijama, a tensão entre nós era quase insuportável, queria que ele me tocasse mas ele não fez isso. Simon me beijou lenta e carinhosamente, depois me olhou e sorriu.

- Você está muito bem.

- Obrigada doutor.

- Agora eu preciso ir, está ficando tarde.

Senti um aperto, não queria que ele fosse, segurei sua mão.

- Pode dormir aqui... Comigo... Não quero dormir sozinha hoje.

- Tudo bem... Eu durmo com você.

Ele me beijou mais uma vez e continuamos a ver TV. Quando deitamos na cama, coloquei a cabeça no peito de Simon e fiquei ouvindo seu coração bater, passei o braço ao redor da sua cintura e me senti em casa, como se de alguma forma e de uma hora para outra Simon estivesse se tornando meu lar. Fechei os olhos e logo adormeci.

Insistindo no AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora