10 - Simon

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A cirurgia de Júlia foi complicada e acabou demorando mais do que o planejado, mas o doutor Jeffrey conseguiu retirar o tumor e a pedra em sua vesícula. Depois fiquei monitorando ela na sala de recuperação, depois de um tempo, uma enfermeira se aproximou de mim.

- Você está aqui há um bom tempo doutor Clarkson... Pode ir, eu cuido dela.

- Não, eu quero estar aqui quando ela acordar.

- Você deve ter outros pacientes e cirurgias, pode ir descansar. - ela colocou a mão no meu ombro, eu a olhei.

- Eu vou ficar aqui.

- Tudo bem, então... - ela respondeu e se afastou.

Pouco tempo depois Júlia acordou, me aproximei dela que deu um sorriso grogue ao me ver.

- Doutor... Você está mesmo aqui. - ela falou baixinho.

- Estou... E correu tudo bem na cirurgia, se você conseguir se manter acordada, daqui a pouco vão te levar para o quarto.

- Certo.

- Como você se sente?

- Enjoada e com sono. - dei um sorriso.

- É normal... É o efeito da anestesia, mas logo você ficará bem.

- Obrigada.

Deixei Julia aos cuidados da enfermeira e voltei para meu consultório. Ao final do dia, recebi um mensagem de Olivia, o que me deixou surpreso.

"Está muito ocupado?"

"Não, só tenho cirurgia às 19:00."

"Podemos conversar?"

"Sim... Passo na sua sala daqui a pouco."

Resolvi umas pendências antes de ir até a sala de Olivia, fiquei ansioso e curioso para saber o que ela queria comigo. Pensei em pegar um café antes de ir até a sua sala, bati duas vezes na porta e ouvi um "entre" baixinho e abri. Olivia estava concentrada no computador, passei a vista na sala e tinha um vaso com rosas meio murchas e ao lado uma foto de sua família, sentei na cadeira de frente pra ela.

- Trouxe café... Capuccino.

- Ah... Obrigada.

Olivia me olhou e sorriu, meu coração começou a bater rápido, ela é tão linda e acho que nem se dá conta disso, seu olhar ficou preso ao meu, percebi quando sua respiração ficou um pouco mais acelerada e gostei de saber que ela também sente a mesma atração que eu, soltei um pigarro e ela despertou.

- E então? O que quer comigo?

Olivia tomou um gole do café e me olhou novamente, mas dessa vez seu olhar era triste.

- Recebi o resultado da biópsia da Júlia... O tumor é maligno e o câncer está espalhado pelo intestino.

- Merda... E agora?

- Ela tem que começar a quimioterapia o mais rápido possível.

- Ela é tão nova... Como pode isso acontecer?

- Você sabe... Herança genética. - ela respondeu pensativa e ficamos em silêncio por um instante - Eu quis te contar porque percebi que você se importa com ela.

- Obrigado por isso... Vou vê-la depois.

- Foi, horrível dar a notícia... Julia e sua mãe ficaram chorando e eu não podia dizer nada.

Olivia comentou pensativa e então seus olhos marejaram, eu levantei em um impulso e fui até ela, girei sua cadeira e me agachei de frente para ela, sequei uma lágrima solitária do seu rosto.

- Sinto muito, mas sei que você vai fazer o melhor por ela... Sei que Julia também sabe disso.

- Obrigada... É só que casos assim me deixam triste.

- Eu sei e está tudo bem se emocionar com seus pacientes.

Olívia passou a mão delicadamente no meu rosto e meu coração voltou a disparar, segurei sua mão e beijei a palma, inspirei o perfume bom que vinha do seu pulso.

- Julia me disse que você cumpriu o que disse, esteve lá quando ela acordou.

- É claro que estaria... Sou um homem de palavra e além disso, gostei dela. - Olívia sorriu.

- Você é mesmo muito gentil.

- Bom... Acho que não fui gentil o suficiente com você, já que saiu correndo da minha casa.

Falei como uma forma de deixar o clima mais leve mas teve o efeito contrário, senti a atmosfera mudar, ficar pesado e a tensão nos envolver.

- Você foi incrível... - ela falou com a voz baixa - O problema realmente sou eu, Simon... Por isso é melhor esquecermos aquela noite.

- Eu não quero esquecer.

Me levantei e me inclinei sobre Olívia, beijei seus lábios, ela soltou um suspiro de surpresa mas começou a retribuir o beijo, puxei seu corpo de encontro ao meu e ela ficou de pé, ela colocou as mãos na minha nuca e me puxou para ainda mais perto. Seu língua tinha gosto de capuccino que combinou perfeitamente com ela, suguei seu lábio inferior e ela arfou, apertei sua cintura, senti meu pau endurecer sob as roupas, beijei seu pescoço e depois voltei aos seus lábios. Era um beijo faminto, cheio de desejo, eu poderia possuí-la ali mesmo, e como se adivinhasse meus pensamentos, ela afastou o rosto.

- Alguém pode entrar...

- Quero você, Olívia... Nunca quis alguém tanto assim, é estranho. - falei e ela me encarou.

- Isso é impossível... Olha pra você Simon, deve ter um monte de mulher atrás de você.

- O mesmo pode ser dito sobre você, Olívia... Podemos ficar juntos só mais uma vez?

- Mas você disse que sexo têm significado e é algo importante.

- E é! - respondi e me afastei - Mas sei lá, tem essa atração entre nós, eu preciso só entender o que é isso... Você está me fazendo mudar de ideia sobre sexo.

Respondi e Olívia sorriu, quase a beijei novamente.

- Podemos ir pra minha casa. - ela falou.

- Estou de plantão hoje... Só saio amanhã. - cocei o queixo pensativo - Podemos ir juntos para o aniversário da Lina amanhã.

- Tem certeza que é uma boa ideia?

- Não... Mas eu quero você de novo.

- Tudo bem então.

Olivia corou ao concordar e eu não resisti e a beijei novamente. Me afastei e andei para fora da sala dela, abri a porta e antes de sair me virei para ela.

- Te vejo amanhã, Olívia.

- Tenha um bom plantão, Simon. - ela desejou e sorriu.

Saí da sala dela e caminhei pelo corredor, não sabia o que estava fazendo, esse não sou eu, saíndo e tendo sexo casual com uma mulher, mas sinto que com a Olívia é diferente, só não sei direito o que isso significa. Continuei meu caminho e me preparei para mais uma noite de trabalho.


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