A cirurgia de Júlia foi complicada e acabou demorando mais do que o planejado, mas o doutor Jeffrey conseguiu retirar o tumor e a pedra em sua vesícula. Depois fiquei monitorando ela na sala de recuperação, depois de um tempo, uma enfermeira se aproximou de mim.
- Você está aqui há um bom tempo doutor Clarkson... Pode ir, eu cuido dela.
- Não, eu quero estar aqui quando ela acordar.
- Você deve ter outros pacientes e cirurgias, pode ir descansar. - ela colocou a mão no meu ombro, eu a olhei.
- Eu vou ficar aqui.
- Tudo bem, então... - ela respondeu e se afastou.
Pouco tempo depois Júlia acordou, me aproximei dela que deu um sorriso grogue ao me ver.
- Doutor... Você está mesmo aqui. - ela falou baixinho.
- Estou... E correu tudo bem na cirurgia, se você conseguir se manter acordada, daqui a pouco vão te levar para o quarto.
- Certo.
- Como você se sente?
- Enjoada e com sono. - dei um sorriso.
- É normal... É o efeito da anestesia, mas logo você ficará bem.
- Obrigada.
Deixei Julia aos cuidados da enfermeira e voltei para meu consultório. Ao final do dia, recebi um mensagem de Olivia, o que me deixou surpreso.
"Está muito ocupado?"
"Não, só tenho cirurgia às 19:00."
"Podemos conversar?"
"Sim... Passo na sua sala daqui a pouco."
Resolvi umas pendências antes de ir até a sala de Olivia, fiquei ansioso e curioso para saber o que ela queria comigo. Pensei em pegar um café antes de ir até a sua sala, bati duas vezes na porta e ouvi um "entre" baixinho e abri. Olivia estava concentrada no computador, passei a vista na sala e tinha um vaso com rosas meio murchas e ao lado uma foto de sua família, sentei na cadeira de frente pra ela.
- Trouxe café... Capuccino.
- Ah... Obrigada.
Olivia me olhou e sorriu, meu coração começou a bater rápido, ela é tão linda e acho que nem se dá conta disso, seu olhar ficou preso ao meu, percebi quando sua respiração ficou um pouco mais acelerada e gostei de saber que ela também sente a mesma atração que eu, soltei um pigarro e ela despertou.
- E então? O que quer comigo?
Olivia tomou um gole do café e me olhou novamente, mas dessa vez seu olhar era triste.
- Recebi o resultado da biópsia da Júlia... O tumor é maligno e o câncer está espalhado pelo intestino.
- Merda... E agora?
- Ela tem que começar a quimioterapia o mais rápido possível.
- Ela é tão nova... Como pode isso acontecer?
- Você sabe... Herança genética. - ela respondeu pensativa e ficamos em silêncio por um instante - Eu quis te contar porque percebi que você se importa com ela.
- Obrigado por isso... Vou vê-la depois.
- Foi, horrível dar a notícia... Julia e sua mãe ficaram chorando e eu não podia dizer nada.
Olivia comentou pensativa e então seus olhos marejaram, eu levantei em um impulso e fui até ela, girei sua cadeira e me agachei de frente para ela, sequei uma lágrima solitária do seu rosto.
- Sinto muito, mas sei que você vai fazer o melhor por ela... Sei que Julia também sabe disso.
- Obrigada... É só que casos assim me deixam triste.
- Eu sei e está tudo bem se emocionar com seus pacientes.
Olívia passou a mão delicadamente no meu rosto e meu coração voltou a disparar, segurei sua mão e beijei a palma, inspirei o perfume bom que vinha do seu pulso.
- Julia me disse que você cumpriu o que disse, esteve lá quando ela acordou.
- É claro que estaria... Sou um homem de palavra e além disso, gostei dela. - Olívia sorriu.
- Você é mesmo muito gentil.
- Bom... Acho que não fui gentil o suficiente com você, já que saiu correndo da minha casa.
Falei como uma forma de deixar o clima mais leve mas teve o efeito contrário, senti a atmosfera mudar, ficar pesado e a tensão nos envolver.
- Você foi incrível... - ela falou com a voz baixa - O problema realmente sou eu, Simon... Por isso é melhor esquecermos aquela noite.
- Eu não quero esquecer.
Me levantei e me inclinei sobre Olívia, beijei seus lábios, ela soltou um suspiro de surpresa mas começou a retribuir o beijo, puxei seu corpo de encontro ao meu e ela ficou de pé, ela colocou as mãos na minha nuca e me puxou para ainda mais perto. Seu língua tinha gosto de capuccino que combinou perfeitamente com ela, suguei seu lábio inferior e ela arfou, apertei sua cintura, senti meu pau endurecer sob as roupas, beijei seu pescoço e depois voltei aos seus lábios. Era um beijo faminto, cheio de desejo, eu poderia possuí-la ali mesmo, e como se adivinhasse meus pensamentos, ela afastou o rosto.
- Alguém pode entrar...
- Quero você, Olívia... Nunca quis alguém tanto assim, é estranho. - falei e ela me encarou.
- Isso é impossível... Olha pra você Simon, deve ter um monte de mulher atrás de você.
- O mesmo pode ser dito sobre você, Olívia... Podemos ficar juntos só mais uma vez?
- Mas você disse que sexo têm significado e é algo importante.
- E é! - respondi e me afastei - Mas sei lá, tem essa atração entre nós, eu preciso só entender o que é isso... Você está me fazendo mudar de ideia sobre sexo.
Respondi e Olívia sorriu, quase a beijei novamente.
- Podemos ir pra minha casa. - ela falou.
- Estou de plantão hoje... Só saio amanhã. - cocei o queixo pensativo - Podemos ir juntos para o aniversário da Lina amanhã.
- Tem certeza que é uma boa ideia?
- Não... Mas eu quero você de novo.
- Tudo bem então.
Olivia corou ao concordar e eu não resisti e a beijei novamente. Me afastei e andei para fora da sala dela, abri a porta e antes de sair me virei para ela.
- Te vejo amanhã, Olívia.
- Tenha um bom plantão, Simon. - ela desejou e sorriu.
Saí da sala dela e caminhei pelo corredor, não sabia o que estava fazendo, esse não sou eu, saíndo e tendo sexo casual com uma mulher, mas sinto que com a Olívia é diferente, só não sei direito o que isso significa. Continuei meu caminho e me preparei para mais uma noite de trabalho.

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Insistindo no Amor
Literatura FemininaOlivia Baker é médica oncologista, trabalhava em um centro médico de São Francisco até ser transferida para um hospital renomado em Chicago, onde conhece o também médico, Simon Clarkson. Simon é lindo, sexy e um romântico incurável e logo se vê apai...