Capítulo 1 : De volta ao lar

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Subam a bordo e apertem os cintos, a primeira fanfic de trisal do meu perfil chegando na estação de vocês.

Tenham uma boa leitura e um beijo estrelado 😚 ⭐️

* * *

— Você não tem escrúpulos? — A mulher coreana joga um copo na loira sentada à sua frente na cafeteria. Todos olham chocados, repreendendo a ação da esposa enganada com murmúrios. — Como pode? Seduzir meu marido estando grávida? — Ela olha para o pequeno feto na barriga, cuja gestação já estava na fase de crescimento do embrião. E encarando Chaeyoung novamente, ameaça jogar mais um copo de água.

— Olha aqui, minha senhora. Acha mesmo que seu marido é ingênuo? Ele me enganou. Agora faz sentido o tempo que ele não tinha quando não podia atender ao telefone. Se acha que eu o seduzi, então faça bom proveito. Tenha uma vida feliz com um homem infeliz.

A loira recolheu a bolsa e passou pela mulher. Mas, quando está a passos da porta, escuta um gemido de dor vindo da grávida, e clientes da cafeteria reunindo—se ao redor no intuito de ajudá-la. — Droga... Só me faltava essa — Resmunga e, contra a vontade de Chaeyoung, ela vai até a grávida, obrigando-a a se apoiar nela. — Podem deixar, eu cuido disso — Os clientes assentem e voltam às mesas.

Ao chegar ao lado de fora, a loira sinaliza para um táxi e, com muita dificuldade, coloca a mulher grávida no banco de trás, levando-a para o hospital mais próximo, enquanto a mulher mantém a mão na barriga.

Durante a trajetória, Chaeyoung pensa mil vezes em parar em algum lugar e deixar a grávida seguir sozinha, mas não é justo e muito menos da índole dela; a mulher traída não tem culpa de ter casado com um cafajeste.

Chegando ao hospital, Chaeyoung espera a gestante ser atendida do lado de fora. Não eram íntimas o suficiente para ter permissão de entrar no quarto.

Conforme está escorada na parede, uma enfermeira se aproxima da loira com uma prancheta em mãos. — Você é Park Chaeyoung, né? — Chaeyoung assente com a cabeça. — Você é uma ótima pintora; acompanho seu trabalho — a enfermeira diz. E dali em diante, ela não para de tagarelar. Até que, finalmente, lembra do trabalho. — Ah! É mesmo, você é familiar ou amiga da vítima? — Park Chaeyoung nega veementemente. — Conhece algum parente?

— Sim...

— Ainda não acabamos a nossa conversa — Lee Jihyu aparece no corredor, cujo nome Chaeyoung descobriu graças à prancheta que a enfermeira carrega e à visão biônica que tem. Park acena com a cabeça para a grávida e a segue até o quarto, onde fecha a porta, e Jihyu volta a sentar na cama.

— O que mais tem a dizer? — A loira cruza os braços.

— Eu não deveria ter culpado você quando, na verdade, é só uma vítima. É uma boa moça — A mulher derrama uma lágrima, e a pintora desarma a fúria que carregava, enxergando Lee Jihyu com pena, assim como no momento ela mesma se enxergava.

Tudo passa despercebido por Chaeyoung, e só prova as coisas que não pode controlar.

— Fico pensando, será que eu não era suficiente?

— Não diga isso — A loira a interrompe de imediato, apesar de ter pensamentos semelhantes. — Sempre há tempo para recomeçar — Chaeyoung fala, sabendo que deveria seguir o conselho que deu à mulher.

Após sair do quarto, a artista plástica preenche o formulário da paciente, colocando o único parente que conhece, o canalha. Assim que sai do hospital, o celular dela vibra, com a tela escrito: "Chefe babaca".

— Park Chaeyoung! — Uma voz masculina grita do outro lado da linha, o que a faz afastar o aparelho do ouvido. — Que porcaria é essa? — Sabe que ele se refere à escultura que fez dele, cujo cérebro o colocou entre as pernas e o órgão genital na cabeça, denominando a obra de: "Cérepinto".

O chefe de Park lucra em cima dela e, além disso, tira vantagem de algumas obras que faz, dando a ela apenas uma pequena parte do lucro. Ele não passa de um machista, querendo ganhar dinheiro fácil, sentado em uma cadeira sem mexer um músculo e morando na casa da mãe.

— Se considere demitida — Exclamou irritado, e Chaeyoung sorri satisfeita.

— Ótimo, boa sorte para encontrar outra trouxa — Park o ouve arremessar o celular no chão. Sempre adiou o fato de montar uma galeria; talvez seja o momento certo para recomeçar onde cresceu.

Ao meio-dia, um táxi deixa Chaeyoung em frente a uma pequena casa branca com um telhado cinza e uma típica varanda na frente, com um balanço de madeira. Do outro lado da rua, um caminhão de mudanças descarrega alguns móveis; Chaeyoung não se importa com os proprietários e começa a subir o curto caminho de degraus até a porta.

Vê uma sombra ruiva através da porta, Seulgi pintando no meio da sala pela janela da varanda, com tintas espalhadas pelo chão. Chaeyoung ri do modo bagunceiro da mãe adotiva, e ao lado dela, há um daqueles sucos verdes que ela obrigava a loira a beber na adolescência. Tinha esquecido o quão espírito livre Seulgi era.

Park Chaeyoung cresceu em uma casa onde não precisava esconder nada de Kang Seulgi. Não precisava mentir ou reprimir os sentimentos; afinal, Seulgi sempre deixou a pintora se expressar, e ela aprendeu isso da melhor forma através da arte.

Chaeyoung não lembra muito de quando ou como foi adotada. Algumas coisas que sabe são que foi adotada por Seulgi com seis anos de idade, pois os pais biológicos dela eram negligentes na criação de Park. Desde então, a loira não ousa tocar nesse assunto, até porque não quer ferir Seulgi com isso.

A maçaneta da porta se abre sem muito esforço, e logo um cheiro de incenso invade as narinas da pintora, que odeia aquele cheiro, mas Seulgi ama. Uma tosse forte vem, e ela faz questão de entregar a loira.

— Chaeyoung, que susto! — Seulgi coloca a mão no coração e, por consequência, sorri, vindo abraçar a filha. — Chaeyoung, você está aqui. Como ousa todo esse tempo não ter vindo me visitar? — Park a abraça, embora o cheiro de incenso esteja impregnado nas vestes de Seulgi.

Ao ter a cabeça apoiada no ombro da mãe adotiva, Chaeyoung avista um quadro com tons entre azul e branco, dando traços a um céu pela metade e estrelas que brilham mais que de verdade.

— Estava pintando para você. Iria embrulhar e te mandar, mas que bom que está aqui. — Seulgi sempre soube que a filha era apaixonada por duas coisas desde que a adotou: girassóis e cantar. A arte veio logo depois.

— Resolvi respirar outros ares — Chaeyoung mente; a pintora não quer dizer o que de fato aconteceu, sabendo que a mãe não a julgaria, mas se sente uma completa idiota por cair na lábia de outro idiota.

— Hum — A loira sabe que Seulgi finge compreender, quando, na verdade, deve saber que Chaeyoung não está nada bem. — Que tal ir ver seu quarto? Fiz algumas mudanças nele, não foram tantas, mas era a maneira de matar minha saudade de você — Seulgi passa a mão pelas costas da filha, impulsionando-a subir os degraus da escada até o andar de cima.

Kang solta risadinhas atrás de Park, como se tivesse feito algo grandioso e esperasse pela reação da loira.

No momento em que Chaeyoung abre a porta do quarto, é surpreendida pela pintura dos girassóis de Van Gogh, que preenche toda a parede. O amarelo é a cor predominante, o que faz as órbitas de Park esponjarem de brilho.

Chaeyoung cai de joelhos no chão, pois essa foi a coisa mais bonita que já fizeram por ela. A loira permite-se derramar todas as lágrimas que não derramaram desde que soube que foi enganada. Seulgi parece ler a alma da filha e se agacha no chão junto com ela, enxugando o choro de Park com o polegar.

— A minha vida é uma desgraça, mãe. Meu namorado, agora ex, tem uma esposa, e pedi demissão para o meu chefe babaca.

— Shh, vai ficar tudo bem — Seulgi afaga os cabelos de Chaeyoung, que sente o corpo cansado e os olhos fechando—sem poder controlar.

Vizinha Tentação - ChaejensooOnde histórias criam vida. Descubra agora