Capítulo 18.

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Rúben Gonzales.

Depois de oito anos longe de Moçambique, a primeira coisa que me ordenam ao aterrissar foi passar da casa da noiva, e levar o seu vestido. Óbvio que eu neguei, podiam mandar um motorista ou qualquer outra pessoa invés de me fazer de entregador.

Mas por ela ser a noiva de Mickey, meu melhor amigo, praticamente meu irmão. Telma e Mickey se conheceram a universidade em Portugal, ou melhor, e por mais irônico que parece, os pais de Telma conhecem os nossos pais, graças a isso o relacionamento deles foi rapidamente acolhido. Assim que terminou a licenciatura Telma voltou para Moçambique, por outro lado, eu e Mickey continuamos em Portugal.

Mickey me persegue, parece brincadeira, mas ele realmente me persegue. Nós formas em Engenharia civil, e nos especializamos em ramos diferentes. Nosso objetivo era um e só, não ser trabalhador de ninguém. Mas numa primeira fácil, isso seria impossível, principalmente sem a ajuda dos nossos pais. Mas ao menos uma vez, queríamos conseguir algo pelo nosso próprio mérito, não pela influência da nossa família.

E assim foi, e agora estamos no processo de transferir nossa cede de Portugal para Moçambique. E olha só, o governo já solicitou nossos serviços, satisfeito pelo nosso histórico de construções. Eu realmente estou vivendo o apse da minha vida adulta.

Desci do carro de cara amarrada, tirei os cabines com as roupas e entrei no salão, Lótus. Essa empresa é uma tendência em Moçambique, uma marca que antes nem sequer existia de repente surgiu e expandiu. Está a quatro anos no mercado e isso é muito tempo, para uma empresa que surgiu do nada.

A estrutura do edifício não está nada mal, exala luxúria e conforto. Tudo que as pessoas da alta sociedade gostam de ter.

Ao chegar no salão cumprimentei-as, uma cabeleireira levou as roupas. Enquanto minha mãe falava o quão estou magro e insensível, um garoto loiro apareceu entre corredores, e falou com a cabeleireira que eu nem sequer havia prestado atenção.

— Mãe estão te ligando!— encarei a mulher negra de cabelos longos e crespos. Estava de jeans preto, sandália castanha, e uma camisa azul com o logotipo da empresa.

Não tinha como eu não a reconhecer, apesar de ter ficado mais alta, com as coxas grossas, uma cintura de boneca e seios médios.  Ela atendia o celular cordialmente, mas pelo seu semblante vejo que está brava.

— Amor, coloca celular de mãe na carga, e diz a tia Dorca para te dar lanche. — meu olhar e do garoto se cruzam, me vi vendo uma versão minha muito mais nova. Até na feição indiferente  e jeito despojado. A tonalidade dos seus olhos é idêntica a minha, e é a primeira vez que vejo isso, já que na minha família foi o único que nasci com essa alteração. Não só pelos olhos, como também seus rosto, seus cabelos são meus cacheados que os meus— Ben.

Ela voltou a chamá-lo nós tirando do transe. Ben olhou para a mãe, pegou o celular e saiu sem olhar para trás. Eu me vi nessa atitude, eu realmente sou o tipo de pessoa que quando sai, simplesmente não olha para trás.

— Zuri!

— Rúben!— ela de um sorriso forçado, mostrando completa insatisfação por me ver.

— Você pode me explicar...

— Ignore, ignore o que você viu.

Como ela quer que eu ignore isso? Como ela pensa que simplesmente irei esquecer que vi uma criança parecida comigo filho da minha ex namorada. Como?

Sai porque não queria estragar o dia de Telma, se não fosse isso. Teríamos uma conversa, querendo ela ou não. Depois disso foi para casa que eu e Mickey projetamos, a casa que será dele e de Telma. Eu estava no casamento só de corpo, Porque minha alma tinha ficado naquela criança. O casamento foi um espetáculo, celebramos por dois dias.

Mas assim que a aura festiva se esvaiu, meus pais me chamaram para uma reunião.

— Sua mãe me contou algo que me deixou com os pelos arrepiados. — meu pai começou. — Como assim tem uma criança parecida consigo?

Não lhe respondi. Minha vida pessoal é problema meu.

— Rúben seu pai está falando consigo!— virei o rosto. — Você não mudou nada, né. Você não gosta de ouvir, e mesmo quando as coisas saem do controle você insiste em fazer as coisas do seu jeito. — minha mãe falou brava — como é que se explica uma criança parecida consigo, com uma mulher que você não vê a anos?

— Você pode não ver agora, mas isso pode te causar problemas futuros. Principalmente assim que você voltou, acredito eu que se você tivesse estado aqui, muita gente já teria entrado em contacto comigo querendo explicações. Não se esqueça Rúben, nos somos figuras públicas, tudo que fazemos, pode e será usado contra nós.

— Okay, Zuri é a minha ex namorada — meus pais me olharam como se eu não tivesse dito nada, pelo número de namoradas que tive ao longo do tempo — Aquela garota negra que uma vez vocês encontraram na cozinha, e mãe pensou que era filha da governanta. Então, Quando eu estava prestes a fazer aquela viagem a Portugal, ela me disse que estava grávida. Eu disse para a mesma abortar Porque não tinha como isso dar certo e eu não queria prejudicar meu futuro.

— E ela negou.— minha mãe concluiu por si. Meu pai se levantou frustrado.

— Como vai ser Rúben? Você precisa se aproximar dela! O nosso nome está em jogo.

Eu joguei minha cabeça para trás e comecei a rir em deboche.

— Rúben você tem de se afastar daquela garota negra e pobre, está colocando o nome da nossa família e risco, agora que ela superou vocês querem que eu me aproxime dela? Vocês são interesseiros.

— Olha aqui Rúben, você foi quem casou tudo isso. Se ela continuasse pobre, era só arrancar a criança dela, mas agora, as coisas mudaram. — meu pai suspirei — os negros me chateiam, são ratazanas que não sucumbem, por mais que estejam no fundo de posso. São feras que dão um jeito em se transformar na realizará.

Me levantei, farto da conversa deles. Meus pais não mudaram nada. O preconceito continuam em suas veias. Se tem uma coisa que aprendi nesses anos de trabalho, é que no final somos todos iguais. A diferença é que uns tem mais capitais e outros menos.

O Belo e a FeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora