Capítulo 12.

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— Eu posso te ajudar se você quiser! Pelo que você me contou, e pelo que estou vendo, nem você e nem o bebê irão sobreviver com tanto estresse.

— Como você faria isso?— perguntei com a voz embriaga pelo choro.

— Posso te dar um teto, pagar suas despesas, em troca — ele ficou pensativo — você saberá depois!

— Você não vai traficar meus órgãos não?

Ele deu uma risada de leve.

— Não faria isso com a garota que me salvou, sem pensar duas vezes! A propósito eu sou o Loyd e você?

— Zuri!

— Você deve estar com fome, tem um restaurante aqui perto. Vamos?— ele se levantou e segurou minha mão, o restaurante era luxuoso demais, passei por aqui várias vezes mas nunca tive coragem de entrar, por causa dos preços. Um almoço aqui, é o rancho da minha casa.

Acabei não indo mais a escola, depois que comemos ele me acompanhou para casa, para eu poder levar as minhas coisas. Eu estava com receio, eu mal conhecia Loyd, mas era tudo ou nada. É a única luz no fim do túnel que eu vejo, e eu irei me agarrar a ela.

— Você está indo embora?— quando cheguei a casa, Imma e Gilberto não estavam, só encontrei Aina e os meus sobrinhos.

— Estou cansada de toda hora discutir por coisas fúteis, eu preciso de paz. Além do mais agora não sou só eu, tenho um bebê.

Coloquei a pouca roupa e sapatilhas que tenho num plástico, meus cadernos e livros no outro.

— E eu?— Aina tem 16 anos, já está uma mocinha. Sabe trançar o que lhe dá a capacidade de ter seu próprio dinheiro e é uma boa aluna, diferente de mim e de Imma, Aina nunca teve se preocupar com pagar a água, energia, comprar comida. Ela só tinha que ser criança e estudar.

Graças a isso, ela é uma jovem bela e inteligente, diferente de suas duas irmãs mais velhas. Aina nunca perdeu um ano na escola e ela tem o sonho de ir a faculdade. E nós como irmãs dela, apoiamos seu sonho. É graças a ela também que consigo entender maior parte das matérias.

— Eu também não gosto de Gilberto e nem acho que ele serve para Imma, mas por alguma razão, Imma gosta dele, e ele implica consigo.

— Ouça Aina, não implique com Gilberto e Imma, seja uma boa garota, faça seus bicos e estude. Nunca em hipótese alguma aceite se envolver com um homem que nem Gilberto, e nem seja tola como eu e Imma, o cara que está me ajudando eu conheci ontem numa situação inusitada. Eu ainda não sei se ele é confiável, ou como vai ser minha estadia com ele, mas se ele for tão bom como aparenta ser, e conseguir me estabilizar, virei te buscar. Irei pagar sua faculdade, posso não conseguir te ajudar com muito agora, por causa da gravidez e mal trabalho. Mas não exite em me procurar se precisar de dinheiro para escola. — ela me abraçou, de nós as três, Aina é a mais emotiva, a que menos conheceu o desprezo da humanidade. — Não fique grávida Aina, te peço. Não estou te proibindo de namorar, mas use contraceptivo sempre, e nunca, nunca confie em um homem.

— Eu sei— disse me apertando — eu nem quero saber de garotos, eu só quero terminar o ensino médio e fazer a faculdade, para nós dar uma vida melhor.

— É assim que se fala!

Aina me ajudou a carregar as sacolas para o carro, voltei a me despedir dela e dos meus sobrinhos. Durante a viagem acabei adormecendo, só de pensar que hoje só acordei vesti o uniforme e comecei a lidar com situações difíceis, mas mal fui a escola. Me sinto uma marionete nas mãos do destino.

A viagem durou certa de quarenta minutos, saímos de Albazine para Matola City, se Albazine é um centro comercial, então Matola City é a zona de comércio. Cheio de condomínios e estabelecimentos de alto nível, diferente de Albazine aqui não tem areal, é só alcatrão. O pecado é o mal cheiro dos esgotos, já que em Albazine tem ar puro. Depois que passamos a zona cheia de condomínios, encontrarmos a zona com casas normais, mas ainda assim muito belas.

Ele estacionou seu carro, numa casa com cercas castanhas, paredes brancas, com um jardim lindíssimo.

— Está é a minha casa!— disse abrindo a porta.

— Com quem você vivi?

— Agora com você!

— Quantos anos tens?

— 35 anos.

— Não és casado? Não tens namorada?

Ele riu.

— Tantas questões, mas a resposta é não. Este é o meu quarto, e esse — abriu a porta — este é o seu quarto. — Fiquei chocada quando vi o mesmo, é três vezes o tamanho do meu antigo quarto, com uma cama que parece confortável, um armário, cômodo, é tudo tão lindo e impecável, a última vez que vi algo tão lindo assim foi na casa de Rúben.— Os quartos tem casa de banho por dentro, a última porta, no corredor também é um banheiro para visitas.

Ele me ajudou a carregar as sacolas e deixar no quarto.

— Porquê está me ajudando?

— Porquê eu iria precisar de motivos para te ajudar? Não é natural ajudar alguém quando o mesmo precisa?

Eu ainda não acredito que alguém, por livre e espontânea vontade está me ajudando, não consigo crer que a bondade desse homem é real.

O Belo e a FeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora