Capítulo 15.

528 24 3
                                    

Estava no meu segundo ano de faculdade, quando recebi repentinamente uma chamada de Aina, e eu acaba de sair da faculdade.

— O que?— pedi que ela repetisse não acreditando no que ouvia.

— Parece brincadeira mas Gilberto realmente pensa que é o dono dessa casa só porque ajudou a construir, ele e Imma tem lutado bastante, e o todo poderoso quer nos mandar em casa.

— Sério?— peguei o ônibus e Aina continuou a falar que eu devia fazer algo antes que eles se assasinassem — Está bem. Virei aí no sábado.

Que reviravolta meu Deus. Desci do ônibus e fui para creche, para ir levar meu príncipe. Não que eu precisasse, afinal a carinha o deixava em casa, mas ele fica muito contente quando sou eu ou seu padrinho vindo lhe levar.

— Como foram as aulas filho?

— Eu gostei, hoje nos aprendemos as vogais.— Loyd faz questão de pagar a melhor creche que há para ele, e em correspondência, Benson é muito inteligente, nem parece uma criança de dois anos que nasceu de mim. Estou feliz por ele não ter puxado a minha burrice.

A creche é altamente qualificada, e já prepara a criança para a vida acadêmica. As crianças tem aulas não só didáticas, como de música, artes plásticas, artes marciais, e dança.

— Quais são as vogais?

— a, e, i, o, u.

— De trás para frente?

— u, o, i, e, a.

— Ahhh! — dei beijos em sua cabeça — Meu príncipe é um gênio.

Ele sorriu para mim, abraçado ao meu pescoço, mostrando as covinhas fofas que só ele tem.

— Na segundo educador disse que iremos aprender as consoantes. — Benson é calmo, pouco bagunceiro, e realista as vezes até demais, essa parte ele puxou de Glets, aquele má influência. Ele é tão calmo e bagunceiro quanto Loyd.— Mãe do que está rindo?

— Estou pensando o quanto eu amo você. — no mesmo estante o ônibus para, me levantei com ele no colo, paguei e desci, daqui até casa são dez minutos caminhando.

Quando chegamos em casa ele já tinha caído no sono, lhe coloquei na cama. Ele ainda dorme comigo, apesar de Loyd ter sugerido acrescentar mais um quarto, mas a verdade é uma, só tão apegada a ele que fico paranóica só de pensar nele sozinho no quarto. Sou uma mamãe coruja.

Depois que o deixei na cama, preparei o jantar em uma hora e meia, quando ele acordou lhe deu banho e comemos, já Loyd havia feito uma viagem de uma semana.

Eu não gostaria de ir com Benson a Albazine, mas não tenho com quem o deixar. Na manhã seguinte preparei o pequeno almoço, e enquanto ele comia, eu preparava suas roupas e uma marmita para caso ele ficasse faminto. Enquanto ele fazia digestão eu comia, quando terminei lhe banhei e lhe vesti. Enquanto ele assistia TV, eu me banhava e me vestia para podermos sair.

Como fomos de ônibus, acabamos que levando duas horas se viagem. Realmente terei de aceitar a proposta de Glets e tirar carta de condução.

Já fazem três anos que não venho a Albazine, e algumas coisas não mudaram. O areal imenso por exemplo, a divisão entre os mais pobres até aos mais ricos.

— Zuri, és tu!— demorei algum tempo para reconhecer Rivaldo — A quanto tempo! Finalmente decidiste dar as caras.

Ri constrangida.

— Teu filho está tão grande assim. Sabes ele tem a cara do pai, ainda estão juntos?— Rivaldo pode não ter percebido, mas ele foi muito indelicado, principalmente com Benson que ficou pensativo.

Não me demorei na conversa com ele, mas ao lago do percurso meus antigos vizinhos que não haviam mudado nada, me fizeram várias questões desnecessárias.

Felizmente chegamos a minha antiga casa, e deixa que vós diga, Imma se superou, conseguiram erguer murros em torno da casa. E colocaram um belíssimo portão azul. Mas ao entrar na casa, posso dizer que me desapontei porque está tudo na mesma.

Cheguei e encontrei as crianças brincando no quintal, o que me fez ter um déjà vù, me recordei da minha, com as roupas bem sujas e rasgadas brincando com minhas irmãs. Aina estava na cozinha, que na verdade era o lado de trás casa, ou seja, crescemos cozinhando ao relento.

— Aina!— ela tirou os olhos do celular. Aina está mais alta e é a mais magra entre eu e Imma.

— Mana Zu, chegaste. Podias ter avisado que vinha te levar na paragem.

— Eu ainda conheço o caminho para minha casa. — brinquei — Benson, diz Bom dia tia.

— Bom dia tia. — ele disse em voz baixa olhando para o lado.

— Não estou a ouvir, diz a olhar para ela.

— Bom dia Tia.— Benson nem é porque ele é tímido, ele simplicidade não gosta de falar com "estranhos".

— Bom dia amor, como está?

— Estou bem Obrigado e tia?

— Também estou bem amor. — Aina olhou para mim surpresa, eu entendia bem porque, eu estava dando ao meu filho, a educação que eu não tive oportunidade de receber. — Imma está lá dentro, Gilberto saiu, disse foi buscar a família dele.

— Yuuuh! Afinal tem família?— ri debochada — Não foi ele quem disse que não tinha família e que a pouca que tinha estava noutra extremidade do país.

— Só para veres. — Aina deu de ombros indo mexer sua panela.

— Queres brincar com seus primos?— ele abanou a cabeça negativamente — Tens que ser social bebê, são teus primos mais velhos.

Ele não me respondeu, só se abraçou ao meu pescoço me fazendo suspirar, não desistir. Entramos na casa, que agora está com menos tralha, na sala apenas tem uma mesa plástico de seis cadeiras. Imma está na sentada numa das cadeiras assistindo TV.
Quando ela notou minha presença ela se virou e pude ver seu olho roxo.

— Oi!— ela disse se levantado — Estás bem?

— Estou e você?

— Também. — disse vagamente — Este e o Benson não é?

— Bom dia tia.

— Bom dia mano Benson, como está?

— Estou bem Obrigado e tia?

— Também estou bem. — Imma o carregou e o abraçou. — você é um garoto bem esperto, sabia?

— Obrigado.

— E muito educado.

Depois de uma breve conversa, convenci Ben a ir brincar com os primos, para que eu pudesse ter uma conversa adulta com Imma. Àquilo que ela me contou não foi diferente do que Aina havia me dito, a única diferença é que ela chorou, e mesmo não tendo me dito com palavras, ela demostrou estar arrependida por ter me instigado a sair de casa, e por não ter estado comigo quando mais precisei.

O Belo e a FeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora