Capítulo 24.

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Estávamos a ter um momento de pai e filho perfeito, até o cara irritante aparecer a nossa frente com Zuri grudada nele. Ele tirou o chapéu, deixando a vista seus óculos de grãos ridículos e pretos. Me levantei, com Ben em meu colo.

— Bom dia, você deve ser o Rúben!— esse cara me irrita, seu semblante é tão angelical que me dá náuseas. Ele estendeu sua mão para me cumprimentar, eu só o encarei, e encarei sua mão estendida.

— Rúben não seja rude!— Zuri disse zangada. Me fazendo revirar os olhos e cumprimentar o homem.

— E quem é você?

— Eu sou o Loyd...

— Ele é uma das pessoas mais importantes da minha vida. Não sei o que seria de mim sem ele.— as palavras saem da boca de Zuri com sinceridade, admiração, se eu não a conhecesse diria que está apaixonada por esse homem. — Loyd é padrinho de Ben, e uma âncora na nossa vida. Também falta Glets, mas se tiveres chance o conhecerás.

Quando é comigo, grita, me bate, me odeia e nem quer ver meu rosto. Mas quando é esse homem, ela fica idiota de admiração. Está bem que eu sou o lobo mau, mas assim também já é exagero.

{•••}

— Não achas que é muita ousadia não ter aparecido na reunião com os sócios?— Mickey pergunta. Não sei em que momento ele entrou em meu escritório ou o que raios ele faz aqui.

— Tinha coisas mais importantes para fazer. — se não me falha a memória ele devia estar em lua-de-mel não me enchendo o saco.

— O que te faria arriscar milhões Gonzales?

Parei de escrever, olhando profundamente para ele, com as mãos cruzadas sobre o queixo. Inspirei, e fiquei alguns segundos me perguntando porquê somos amigos e sócios.

— Meu filho.

— Então a história é real mesmo. — ele se sentou numa das poltronas — daquela gaja do ensino médio? Conta-me lá, como é que foi?

— Quer dizer! Será que não dá para me deixares trabalhar em paz?

Ele ficou algum segundos ponderando.

— Não. Me conta, quero saber tudo!

— Mickey já foste espancado? É que você não me parece um gajo que está no seu juízo normal.— invés de me levar a sério o infeliz começou a rir, debochando de mim.

— Eu não sei o que está te deixando irritado e nem me interessa. Eu só quero saber o assunto do seu filho. Do início ao fim.

Mickey é uma barata intrometida e persistente. A persistência desse homem me causa fadiga mental. Eu realmente acabei interrompendo o meu trabalho e contando tudo o que me ocorreu nós últimos dias.

— A coragem que você tem meu amigo, eu não teria nem mil anos. Se eu estivesse no seu lugar, acho que não teria coragem de olhar nem para ela nem para o meu filho. Oito anos, não é pouca coisa.

— Olha Mickey!— o encarei profundamente antes me levantar — esse mundo é para os ousados. — coloquei minha mão em seu ombro enquanto me sentava na secretaria — se você fraquejar, a concorrência irá te devorar. Charles Darwin bem dizia, os fortes dominam os mais fracos.

— Às vezes você me dá medo.— ele me disse rindo. Mas ambos temos a noção da seriedade de suas palavras — um dia desses tens que me apresentar o meu sobrinho.

{•••}

Combinei com Zuri que iria levar Ben a escola, lhe levar para passear e depois, ao entardecer lhe devolver a casa. Sai regozijado para levar meu filho, mas no mesmo estante que ele sai pelo portão da escola privada e com um nível de ensino superior. O que já explica esse conhecimento dele avançado em matérias que a maior parte dos alunos só tem no ensino médio.

O homem irritante e angelical aparece, mas sem aquela roupa ridícula que ele vestia da outra vez. Agora apenas o chapéu ridículo, sem óculos, e um roupa social.

Que mania é essa de ir levar o filho dos outros.

— Já que estamos aqui. Porque não aproveitamos essa oportunidade para nós conhecer melhor?— ele sugere, Ben da ombros e eu tento não transparecer meu desgosto.

Ele nos conduziu até um restaurante tradicional japonês. Um dos mais requintados e procurados da cidade. A estrutura do edifício é a mesma usado em Japão, sei disso porque já fui para lá, até sua cobertura, portas e salas. Com caricaturas tradicionais japonesas, as serventes vestiam quimonos e chinelos de meio metro feitos a madeira. Ao chegarmos ao local, mesmo contra minha vontade tive de usar as roupas tradicionais para me ajuntar ao clima. Ficamos numa sala privada, onde fomos servidos.

Seja quem for realmente esse homem, ele tem posses, só tem essa cara irritante e angelical. Mas irei tomar cuidado só por precaução.

— Zuri se formou em marketing com honra e fundou sua empresa...— não sei se ele é idiota ou se faz, deliberadamente começou a falar de como conheceu Zuri e de como foram os anos vivendo juntos. Me mordi de inveja sabendo que ele viu minha barriga crescer, nascer e evoluir. Me contou também que não fazem nem dois anos que Zuri e Ben se mudaram.

Ben está deitado em meu colo, desfrutado do clima inebriante de cerejeiras enquanto Loyd fala e eu degusto do saquê, uma bebida tradicional japonesa muito boa. Minha vontade era de o perguntar porque ele está me contando tudo isso com essa cara de bobo. É que esse homem imite uma luz ofuscante, pessoas assim devia ser extintas. Perturbam o equilíbrio.

Antes deu poder verbalizar minhas indagações a porta foi invadida. Por um cara ruivo de cabelos bagunçados, óculos de sol, roupa social estilosa. Esbanjando luxo.

— Loyd porque merdas não está atendendo minhas chamadas?— berrou fazendo Ben despertar.

— Perdi o celular.

— Seu mentiroso. Não fuja do trabalho.— disse chutando Loyd, mas parrou bruscamente ao notar minha presença.— Você está se divertindo com o pequeno, e esse homem, quem é ele?— ele olhava de mim para Ben furtivamente como se tivesse deixado passar algo — É impressão minha ou são idênticos?

— Não seja rude Glets. Esse é o Rúben, pai de Benson.— Loyd disse se levantando enquanto ajeitava suas vestes.

— oOoOO — ele cruzou os braços abaixando os óculos — Porquê voltou verme?

Cá está um tipo de personalidade com que sento prazer de lidar. Me levantei colocando Ben que ainda está sonolento no ombro.

— Você tem noção do quão difícil foi domesticar Zuri seu miserável? — tirou os óculos e apontou para mim — abandonador de grávida, eu te rejeito. Suma.

Olhei para ele de baixo para cima, antes de me retirar com o meu filho, e o levar de volta para casa.

O Belo e a FeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora