Capítulo 22.

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Rúben Gonzales.

Tirei os sapatos desapontei a camisa branca, liguei a luz de presença. Molhei os cubos de gelo com o whisky enquanto relaxa os meus ombros na poltrona. O whisky queimou minha garganta lentamente, enquanto eu olhava para estrelas, vistas através do teto de vidro.

Após alguns minutos apreciando o silêncio da minha casa. Peguei o celular na cômoda. Entrei no Instagram, coloquei o nome completo de Zuri e pesquisei. Às informações que aparecem estão relacionados a sua empresa, e nada que tenha haver com sua vida privada. Fui pesquisando até que encontrei alguns vídeos dela, vestindo roupas tradicionais de dança do Ventre, saias longas e fluidas, tops justos, véus e cintos de moedas. Os tecidos usados nas roupas são leves e fluidos, permitindo que as roupas se movam com o corpo durante a dança. As cores vibrantes e os detalhes decorativos acompanham a vestimenta.

Ela geralmente aparece com mais duas garotas, ambas cobertas pelo véu. Ela fica no meio, seus passos são sincronizados, os movimentos ondulatórios e sensuais do quadril, abdômen e braços.

Posso dizer que me perdi assistindo vídeos dela dançando e imaginando, como seria ter esses movimentos exclusivamente. Sem me aperceber acabei adormecendo, absorvido por pensamentos impuros. Na manhã seguinte, troquei-me, usando um conjunto de malha, e peguei minha mochila com muda de roupa é uma garrafa de água. Entrei no meu carro e dirigi em direção ao ginásio que fica a meia hora da minha casa.

O ginásio abre as 5:00, e eu cheguei às 5:30 o local não está muito cheio, quase nem chegamos a dez nesse horário. Os person treiner estavam focados em auxiliar os seus clientes, um e outro não precisa de auxílio. Esse é meu caso. Se bem que eu nem vim para treinar. Não levei muito tempo até achar quem eu queria, exercitando seus músculos na esteira. Não pude deixar de apreciar suas coxas e os movimentos convidativos que a mesma produz.

Não sei por quando tempo fiquei a observando, até que ela foi medir seu peso. Me aproximei, no estante que ela subiu na balança, eu coloquei um dos meus pés.

— O que?— ela se vira indignada, mas seu rosto suaviza ao me ver — Rúben?

— Me chame Ben, é mais sexy!

— Hahaha, engraçadinho. — ela diz descendo da balança — O que faz aqui?

— Treinando. Não é óbvio?

— Nunca te vi aqui.

— Óbvio que não, é a primeira vez que venho aqui.

— Exatamente no local em que treino?— perguntou desconfiada.

— Está insinuando que estou te seguindo? — ela mordeu os lábios antes de dar de ombros.

— Não, só fiquei surpresa.— é óbvio que estou a seguindo, só que ela não precisa saber disso. Passei a noite de ontem, vendo os locais em que ela mais frequenta, ou que te algum tipo de parceria. E adivinha, ela tem uma espécie de parceira com essa academia. — Mas bom, divirta-se, eu já terminei.

Disse indo pegar seu celular.

— Eu também, vamos juntos. — ela me olhou mais uma vez desconfiada mais não refutou. Não falamos nada no percurso até a saída.

— Minha casa fica bem perto, até mais...

— Sério, a minha fica a trinta minutos daqui. Quital você me convidar para o pequeno almoço?

— Porque eu faria isso?— cruzou os braços.

— Você não me deixou terminar calma. Porquê você não me convida para o pequeno almoço e assim aproveito para ver o meu filho.

— Nosso. Nosso filho.— corrigiu entre dentes — E ele não está, a essa hora ele ainda está na escola.

— Calma Zuri, ainda não terminei de falar. Estás excitada?— disse entre risos. Ela fechou a cara irritada.— Comemos o pequeno almoço, me apresentas a casa, e o quarto do miúdo de preferência. Se possível, vamos levar o miúdo a escola juntos. Se não estiveres ocupada é claro.

— Você é irritante.— falou seguindo a direção de sua casa.

— Baby estou de carro, poupa suas pernas. — passei a língua pelos lábios, satisfeito por a tirar do sério.

Fizemos a viagem tranquilamente, ela fez a questão de não falar comigo. A casa dela é simples e moderna, quatro quartos, uma sala enorme de estar, uma cozinha americana, um jardim belíssimo com alguns balanços e escorrega, um pequeno paraíso infantil.

— Onde fica o banheiro?— perguntei depois da apresentação básica e forçada.

— Ao virar. E...como você vai se trocar?— ela perguntou com uma mão na cintura.

— Trouxe uma muda de roupa. — mostrei minha mochila.

— Você tem certeza que isso não foi premeditado?

— Tenho a certeza que tu estás a ver coisas onde não tem. Onde fica o banheiro mesmo? Sua casa é grande, ainda me perco.

Ela resmungou palavras inaudíveis, enquanto me acompanhava até ao banheiro.

— Aqui. — estamos próximos. Não como eu gostaria mas estamos. — Dá para parar de encarar meus seios?

— A maternidade deixou eles maiores.

— Você tem a certeza que veio aqui pelo Ben?

— Já imaginaste o que pode acontecer se eu quiser os dois?

— Eu já te disse, deixei bem claro na nossa última conversa. Eu não quero saber mais de ti, como mulher e como ex namorada você foi minha pior experiência. Um trauma na verdade. Você já imaginou o que teria sido de mim se eu não estivesse aqui onde estou? Você sequer se preocupa em saber o que aconteceu comigo nesses últimos oito anos. — ela fez uma pausa antes de continuar — meu ex cunhando me odiava, literalmente, tive de sair de casa porque a convivência não estava boa. Agora imagina, uma adolescente de dezoito anos, grávida, sem emprego e desamparada. Eu podia ter morrido.

Fiquei algum tempo em silêncio, recebendo a fúria de suas palavras, seus sentimentos, sua dor.

— O que você quer que eu te diga Zú? Que me arrependo e que eu mudaria tudo? Não, não é verdade. Eu saí de Moçambique eu saí com o pensamento de que eu ia atrás do meu futuro, tendo consciência que fui um canalha com uma mulher que depositou suas esperanças em mim. Eu nunca fui um príncipe, você sempre soube disse e mesmo assim seguiu em frente com o nosso relacionamento. Eu te confesso, até ver Benson no seu salão, a única coisa que tinha em mente era, fui um canalha, sempre fui, vida que segue. Mas quando o vi...— lágrimas começaram a verter de seus olhos. Me sinto mal, mas essa é a minha realidade — Quando vos vi, eu fiquei tipo porra! Estou lixado, porque o culpado disso tudo sou eu. Não tenho como recuperar ou vos compensar esses oito anos. Não podemos voltar ao passado, mas se houver, a mínima chance de reparar as coisas no presente. Irei me agarrar a essa chance.

O Belo e a FeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora