CAPÍTULO XXI - UMA VISITA INESPERADA

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Reino de Onar - Noite

     James e Anitnelav, imersos em um mar de questionamentos, debatiam qual seria o próximo passo a tomar. Ainda perplexos com a descoberta de que o objeto enterrado era, de fato, o mecanismo, eles se encontravam perdidos em pensamentos sobre como algo tão misterioso poderia estar exatamente no mundo de Anitnelav. Enquanto as dúvidas os envolviam, a exaustão se abateu sobre eles, e assim decidiram que passariam a noite naquele lugar.

     Eles saem para procurar lenha para acender uma fogueira, enquanto James se via mergulhado em recordações cada vez mais vívidas em sua mente.

— Ainda me sinto estranho em lembrar coisas que eu vivi, é como se minha mente estivesse fazendo download de arquivos que estavam faltando.

— É normal, mas logo essa sensação passa e você finalmente será você por completo.

— Está falando igual a um filósofo — diz James, rindo.

— E quem disse que eu também não sou uma? Aliás, James do que você já se lembrou?

— Me lembro de ir parar em outra realidade, onde meu outro eu me resgatou, lembro da minha irmã e do Bryan que é meu melhor amigo, consigo ver com clareza nossas aventuras em Nova York, Egito e da minha avó assassina. É bizarro Anitnelav, a forma que uma coisa levou a outra, eu cheguei até a morrer.

— É muita coisa, se eu estivesse livre, teria lhe ajudado, mas meu erro foi acreditar que existiam pessoas interessadas em proteger e preservar as linhas e leis do tempo em prol de manter o universo em ordem. Talvez se eu tivesse investigado mais, não estaríamos em todo esse caos.

— Não há razão para se culpar pelas circunstâncias que ocorreram, afinal, você foi meramente uma vítima. Não há nada de errado nisso, mesmo para uma ninfa do tempo tão poderosa e extraordinária como você.

— Obrigada, pelas palavras gentis, James.

     Após encontrarem lenha e acender a fogueira, se deitam próximo dela para se aquecer enquanto olham as estrelas e a bela lua que tinha um tom azulado, conversando até pegarem no sono. O dia amanhece e Anitnelav percebe que James não está ao seu lado, ao procurá-lo encontra ele com o mecanismo em mãos. O rapaz diz para ela que acordou com o barulho do objeto, segundo ele pareciam sussurros lhe chamando e parou apenas quando pegou-o em mãos. Anitnelav explica para James sobre a origem do mecanismo e que apenas pessoas ou seres de sangue real do planeta Kiffey conseguiam ouvir e usar o aparato de forma eficiente e menciona que alguns humanos que não tinham o sangue real, usavam ao ponto de sofrerem consequências, como se tornar maligno ou ir parar em lugares onde acabam morrendo. James se arrepia dos pés à cabeça conforme Anitnelav resume fatos sobre o engenhoso aparelho Kiffyano.

— James, não precisa ficar com essa cara, provavelmente você tem sangue real, por isso consegue ouvi-lo e provavelmente usá-lo com total perfeição.

— Mas depois do que disse, não tem como eu esboçar outra reação, aliás Anitnelav se eu tenho sangue real, quer dizer que meu pai, e todos os outros da floresta dourada, também conseguiriam usar?

— Não totalmente, o aparelho, não permite pessoas ou seres que se tornaram malignos, ele tem o dom de ler a alma de quem ousar usá-lo, porém como lhe disse, somente em mãos corretas que irá funcionar, os demais podem sofrer as consequências que te expliquei, mesmo não sendo maus.

— Que complexo.

— Nem me diga, James. Até para mim é uma enorme confusão. Enfim, precisamos pôr as coisas em ordem.

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