A Floresta Dourada

CAPÍTULO XXVII - A QUEDA

Windville, 20:00 - Mansão Harley

— O que foi que você fez?

— Eu fiz o que achei correto.

— Colocar nosso sobrinho em coma? Você pirou de vez Lux!

— Ele não queria falar. E aposto que você faria o mesmo se o visse saindo da floresta dourada.

— É impossível, o solo é sagrado, você sabe que nenhum de nós conseguiria pôr os pés lá.

— Mas ele sim, Alex. Aposto que estava levando informações para o Bryan, devíamos reforçar a segurança e estar preparados para qualquer coisa durante a cerimônia.

     Alex fica em silêncio com expressão esbanjando preocupação e de certa forma culpa, já que escondeu de sua esposa a real origem de Ryan. Lux percebe que há algo a mais no ar, e questiona seu esposo sobre o que está de fato acontecendo. Ele desconversa e tenta mudar de assunto, fazendo a mulher ter certeza que foram lhe escondidas informações, logo se faz de boba e deixa seu marido pensar que a enganou. Lux estava motivada a descobrir o que de fato estava em jogo ali.

Floresta Dourada, Windville - Cabana do Bryan, 21:35

     A noite estava fria e silenciosa. Julie e Bryan, sentados próximos à lareira da cabana, não conseguiam tirar os olhos do mapa estendido na mesa à frente deles. A planta da mansão Harley era enorme e lembrava um labirinto. Julie com seus cabelos dourados amarrados em um coque, tinha um olhar determinado e mãos inquietas brincando com a corrente de seu amuleto. Bryan, por sua vez, tinha uma expressão séria, sua barba bagunçada realçava os traços tensos em seu rosto. Ambos sabiam que enfrentar os Harley era uma tarefa perigosa e que demandava muito planejamento. Após algum tempo sem se falarem, Julie rompe o silêncio.

— Bryan, o tempo já se passou, e Ryan não deu notícias, está na hora de nós resolvermos.

— É estranho Julie, por mais que demorasse, ele sempre voltava a entrar em contato.

— Mas dessa vez não aconteceu, precisamos urgentemente pôr o plano em ação.

— Eu sei, mas uma situação errada, um caminho se quer. É o nosso fim, você entende isso não é?

— Claro, se estamos na chuva é para se molhar. Se for para morrer, que seja tentando.

— Ótimo, vamos começar a revisar e amanhã, será o grande dia.

Mansão Harley - 22:45

     Aproveitando que seu marido, estava em reunião na prefeitura de Windville, Lux andava pelos corredores da mansão Harley com passos cautelosos, sentindo o peso do tempo sobre seus ombros. A atmosfera dentro da mansão era densa e carregada de segredos ancestrais. Ela estava determinada a desvendar o mistério que cercava seu sobrinho, Ryan, e para isso, precisava adentrar a biblioteca do salão Kellan Harley, um lugar proibido para as mulheres da família sombria, há seis séculos.

     Enquanto se aproximava da entrada do local, Lux podia sentir a presença de magia antiga pulsando no ar. As paredes e portas da biblioteca estavam adornadas com símbolos e inscrições misteriosas, destinadas a manter afastados os intrusos indesejados. Mas ela estava determinada a enfrentar qualquer obstáculo que encontrasse.

     Com mãos trêmulas, Lux empurrou a grande porta de madeira maciça. Um rangido assombroso ecoou pelo corredor quando a porta se abriu revelando o interior maligno e empoeirado da biblioteca. A pouca luz que entrava pelas janelas sujas de poeiras revelava fileiras e mais fileiras de estantes repletas de livros empoeirados e pergaminhos amarelados.