CAPÍTULO XI: Xingue direito

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                              MAGNUS CHASE 

Olhei para o relógio de parede que estava na minha frente, que estava marcando nove e quinze da manhã. 

Voltei a minha atenção para a montanha de livros que eu tinha pego para limpar, hoje era dia de limpeza no meu trabalho então, é melhor começar mais cedo do que sair mais tarde. 

A maioria dos livros eram enciclopédias antigas, que estavam pedindo por ajuda, igual ao cara super pálido que claramente não estava achando o que queria.

Calma…eu sou o ajudante, eu que tenho que ajudar ele.

Me aproximei do cara que além de pálido, tinha um tom de cabelo bem claro exótico e ele estava com um cachecol bem chamativo vermelho com listras brancas, como é que ele aguenta? Eu que estou de camisa, tô sentindo calor, essa ilha é cheia de gente doida.

― Você precisa de ajuda? 

O garoto não me respondeu e somente me viu quando eu cutuquei o braço dele. 

Em movimentos delicados, ele usou a linguagem de sinais para pedir desculpas por não ter me visto.

Eu não era mestre em linguagens dos sinais, mas aprendi um pouco para conseguir ler os livros infantis para crianças com deficiência auditiva.

Sinalizei para ele que não tinha problemas e perguntei novamente se ele precisava de ajuda.

sim, estou procurando livros de astrologia para universitários. Ele sinalizou olhando para mim.

Ele tinha olhos bem claros, deve ser albino ou algo assim. 

beleza, é só me seguir, qual é o seu nome?

Utilizei os sinais, prestando atenção em cada movimento que eu fazia, espero não ter errado nada e acidentalmente ter dito para ele, "beleza, é só voar até o Alasca".

Hearthstone.

Acenti com a cabeça e ele me seguiu enquanto eu entrava em um corredor imenso de livros, indo até o meio dela, estava vários livros sobre astrologia e astronomia.

São estes, se precisar de mais alguma coisa, meu nome é Magnus, pode me procurar

De volta ele sinalizou obrigado. 

Saí daquela sessão e voltei a minha mesinha de livros sujos, para continuar de onde parei. 

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― Finalmente posso ir para casa - Olhei para outro relógio que ficava nos fundos da biblioteca.

Eu gostava de vir aqui para ler os livros que gosto, não tinha muita gente depois das dez, então eu ficava livre um bom tempo para por minha leitura em dia.

Já estava no fim do meu expediente e não tinha praticamente ninguém na biblioteca, então finalmente eu posso sair para almoçar e tirar uma soneca de três horas na minha cama.

Peguei minha mochila que estava encostada na cadeira e coloquei o livro de Alice no País das Maravilhas dentro. Antes que venha reclamar, é um livro muito legal.

Saí dos fundos e passei pela recepção, a recepcionista que eu nunca decorei o nome, tinha acabado de sair.

Eu estava prestes a ir embora quando vi uma cabeleira verde desbotada familiar, numa mesa que fica no centro da biblioteca.

Sentada numa das cadeiras distraída, estava Alex, vidrada em um livro que eu não conhecia. 

― Você gosta de ler? Disso eu não sabia - Parei ao lado dela, que me olhou surpresa.

― O quê você está fazendo aqui? - Ela disse e eu puxei uma cadeira para sentar na frente dela.

― Eu trabalho aqui, chata - Ela me olhou bem séria.

Eita, eu não falei nada demais, falei?

― É chato, se for me xingar, xingue direito. 

Franzi as sobrancelhas, eu sabia que ela era maluca, mas não sabia que era tanto.

Olhei para ela confuso, como alguém que não entende um conteúdo de química.

― Você está vendo isso aqui? - Alex apontou para um colar de enfeites brancos e no centro, uma bolinha verde se destacava.

― Quando eu estiver usando com a bolinha verde, me chame por ele, se estiver rosa me chame por ela, entendeu? 

Fiz que sim com a cabeça. Não exigi mais explicações, eu não entendia muito sobre essas questões, mas se era o que ele queria, é o mínimo que eu tenho que fazer.

― Certo, desculpe, eu não sabia disso, chato - Ele deu um sorriso de canto e voltou sua atenção ao livro que estava lendo.

― Que livro é esse? - Tentei puxar assunto.

― É um livro, porquê você não vai para casa? Não é sua hora de ir embora? 

― É, mas eu não tenho nada de legal para fazer em casa, conversar com alguém é bom às vezes.

Ele suspirou e fechou o livro, deixando um marca texto com um desenho de um unicórnio marcando a página.

― Seus amigos fizeram um showzinho na escola hoje, foi até divertido - Ele apoiou o rosto na palma da mão.

― O que eles fizeram dessa vez? - Soltei uma risada anasalada no final.

― No intervalo do lanche, Percy surgiu com uma placa de papelão escrito "mais aulas de educação física e menos espaguete com cebolas" - Ele deu uma risada curta. 

Também ri um pouco, era a cara de Percy fazer algo assim bem no primeiro dia de aula. 

― Estranho o Will não ter parado ele - Eu disse.

― Ele estava comprando algo para comer, ninguém come aquele espaguete, só o Grover.

Dei de ombros me perguntando quem era Grover e fiquei mexendo em uma caneta que eu tinha pegado mais cedo na recepção.

― Papo aceitável Magnus, mas eu estou morrendo de fome - Alex levantou e pegou sua mochila.

― Te entendo completamente. 

― Antes de ir, posso levar? - Ele me mostrou o livro que estava lendo, que era do autor Stephen King.

Fiz que sim com a cabeça e fui até o balcão, pegando a lista das pessoas que levaram livros nesta semana.

Pedi para ele assinar e quando ele terminou, vi que ele tinha escrito com uma caneta roxa.

― Que diferente, Alex Fierro McLean, se destaca de todos os outros nomes escritos na cor que era para assinar - Guardei o papel junto com os outros.

― Eu me destaco, tchau garoto do mato - Ele disse e saiu da biblioteca e do meu campo de visão.

Revirei os olhos e peguei minha companheira mochila para ir embora.

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