CAPÍTULO V: Um pequeno acidente pode doer muito também

87 7 5
                                    


                            NICO DI ANGELO

Pontos positivos do meu dia: comi um burrito ótimo, não era um hambúrguer mas serviu. Pontos negativos do meu dia: todo o resto. 

Aquele almoço foi tudo menos civilizado, o bom é que meus tios praticamente ignoraram todos na mesa e só prestaram atenção em como poderiam humilhar ainda mais o outro, não notaram quando meu pai lhes mandou três dedo do meio seguidos, não notaram quando seus pedidos chegaram e não ligaram para a presença do amigo loiro e padrão de Percy, Will, inclusive tenho que fazer uma nota mental para culpá-lo de indicar burritos de camarão frito para mim e Bianca, aquele se tornaria meu vício.

Na verdade, tenho que fazer várias notas mentais em relação ao Solace, uma das principais delas é não falar com ele. 

Não que eu tenha algum tipo de problema com ele, só acho que pessoas simpáticas demais não são tudo isso, parece forçado demais, não dá para confiar.

Também não prestaram muita atenção em Annabeth, mas sinto que a garota não ligou, pois estava muito contente conversando com Bianca, marcaram até de sair para ir num museu estranho daqui. 

Cheguei no novo apartamento a pouco tempo, não estou com ânimo de nada, ficar na cama e procurar jogos para me distrair é o melhor que consigo fazer. 

Estou a menos de vinte e quatro horas nesta ilha, já senti minha pele arder toda vez que botei meu corpo para fora do prédio, não encontrei o número do McDonald's, tenho que entrar para uma escola nova daqui a alguns dias e tenho que passar pelo sistema de "você é novo na escola, se apresente" ou "qual o seu nome? porque você saiu de Nova York para vir morar numa ilha?", perguntas inúteis para começar uma nova relação com as pessoas, justamente o que eu não quero. Na minha antiga escola, poucas pessoas realmente sabiam da minha existência, eu era só o garoto rico e super pálido, mas eu sinto que nesse novo ambiente, não vão ignorar minha horrível palidez. 

.

.

.

Não sei por quantas horas fiquei mexendo no celular e muito menos quando peguei no sono, pela primeira vez em muitos dias, deveria ser o cansaço da viagem. 

Acordei com meu celular vibrando sob o meu peito, quando o liguei quase fiquei cego, foi quando percebi que já era noite e todas as luzes do meu quarto estavam apagadas. 

Rapidamente vi pela barra de notificações um número desconhecido, que havia me mandando mensagem. 

Eu não era de receber mensagens, quer ver, alguém tá querendo me passar a perna. 

Número desconhecido

"Oi Nico, é o Jason:)" 

"A Bianca me passou o seu contato, queria pedir desculpas pelo meu pai, ele é muito barulhento, não esperava que aquele almoço fosse tão catastrófico". 

"Oi Jason"

"Relaxa, eu já esperava algo bem bombástico vindo dos nossos tios"

Jason tinha me mandado esta mensagem às 15:23 da tarde, e agora era 19:04 da noite, eu devo ter renovado toda a minha cara com esse sono. 

Não esperei uma resposta e salvei o contado dele como "Jason grampeador", fazia muito tempo desde o incidente de quando Jason grampeou a boca quando era criança, mas eu ainda achava engraçado, precisava ser lembrado. 

Me levantei da cama e logo me arrependi, eu tinha deixado várias caixas com coisas da mudança espalhadas pelo meu quarto, e provavelmente, tropecei em uma delas porque só assim mesmo para explicar o motivo de eu ir bater de cara no chão. 

Uma Chance Para Viver - Solangelo Onde histórias criam vida. Descubra agora