CAPÍTULO XXI: Livro e Chuva

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                        MAGNUS CHASE

Joguei mais uma bolinha de papel dentro da cesta de lixo, que estava do outro lado do balcão. 

A biblioteca estava bem vazia hoje, então eu não tinha muito o que fazer, mas falta menos de uma hora para meu expediente acabar. 

Peguei mais uma folha do caderno velho que eu usava para notar os nomes dos livros novos e dos que eu pretendia ler algum dia, amacei, formando uma bolinha de papel, e bem na hora que eu ia jogá-la no lixo e ganhar mais uma cesta, Alex entrou sorridente na biblioteca, usando uma camisa de botões verde e short jeans. 

― Você não deveria estar na escola? - Falei jogando a bolinha no cesto de lixo e depois apoiando meu rosto na mão. 

― O clube de cerâmica se reuniu hoje - Ela arrastou uma cadeira até a frente do balcão, sentando de frente para mim.

― E por que veio aqui? Sentiu minha falta? - Falei brincando e ela revirou os olhos com um sorriso debochado. 

― Estava passando aqui perto então, vim fazer uma obra de caridade.

Foi a minha vez de revirar os olhos.

― Quando acaba seu horário de trabalho? - Alex perguntou mexendo na barra da camisa.

― Acho que daqui uns quarenta minutos.

Ela sorriu e tirou de sua mochila um livro, em seguida mostrou ele para mim. 

― Aqui tem esse? 

― Talvez, não tenho certeza - Eu disse e dei uma boa olhada no livro, chamado A Sombra do Vento ― Qual o gênero? 

Perguntei saindo de trás do balcão.

― A princípio, mistério - Alex disse, eu assenti e fui até a sessão de livros de mistério. 

― Ei, não pense que vai ficar aí parada, vem me ajudar a procurar! - Falei um pouco mais alto, não me importando muito, já que como disse antes, a biblioteca estava quase vazia.

Alex veio bufando e com cara emburrada. 

― Você é bem preguiçoso, não é? - Alex disse e começou a passar os olhos pelos incontáveis livros de mistério e suspense. 

― Olha quem fala - Disse baixo mas foi em vão, ela me deu um tapa forte no ombro. 

Olhei para ela incrédulo, recebendo um olhar de canto e uma risada baixa em seguida. 

Me sentei no chão para procurar pelo livro, enquanto Alex olhava nas prateleiras de cima. 

Observei ela de canto, a mesma estava concentrada e com os olhos semicerrados, passando os dedos sobre os livros levemente.

― Por que você está querendo esse livro, já não tem ele? - Perguntei colocando mais um livro na prateleira. 

Ela demorou alguns instantes para responder.

― Queria que alguém lesse comigo. 

― Legal. 

Eu disse meio sem graça e sem saber o que dizer. 

― Talvez alguém tenha pego, vou olhar na lista - Me levantei para não mostrar meu constrangimento e quando saí da sessão de mistério, dei de cara com Silena, minha colega que só trabalhava aqui alguns dias da semana.

― Finalmente te achei seu distraído, falaram que nós já estamos liberados por causa da possível chuva - Silena falou arrumando seu choque quase desfeito.

― Que chuva? - Ouvi Alex perguntado atrás de mim.

Olhei pelas janelas de vidro e pude perceber que o tempo estava escurecendo e o sol já tinha se escondido entre as nuvens.

― Vai chover daqui a pouco, é melhor eu me mandar - Falei virando de costas, vendo Alex colocar seu próprio livro dentro da bolsa.

― Tudo bem, é melhor eu ir andando também. 

Assenti com a cabeça e me despedi de Silena, que estava esperando seu namorado vir buscá-la de carro. 

Saí da biblioteca juntamente com Alex.

― Vou procurar o livro - Disse a ela.

― É bom achar viu? - Alex disse e eu ri nasalado, concordando com a cabeça. 

― Até algum dia aí - Eu disse e ela me deu tchau com a mão e seguiu um caminho oposto ao meu.

Segui meu caminho até a Valhalla em passos rápidos, pois eu já conseguia sentir alguns respingos da chuva caindo. 

Eu já tinha me acostumado a vir correndo para casa, quase não caia mais quando pulava um tronco ou outro de árvore caído. 

Quando entrei em casa, tirei meus tênis que estavam um pouco molhados, como eu inteiro.

Infelizmente, no meio do caminho a chuva tinha aumentado, minhas roupas estavam pingando água. 

Me sequei e troquei de roupa, somente quando sentei na minha cama me lembrei que:

Eu tinha esquecido de comprar o meu almoço. 

― Eu vou morrer - Choraminguei enterrando minha cara no colchão. 

Depois de alguns minutos pós tristeza sem almoço, escutei batidas fortes na porta.

Estranhei, quem em sã consciência iria sair na chuva? 

Me levantei e em passos lentos fui até a porta e a abri, dando de cara com Will todo molhado e ofegante.

― Will! Merda, o que você tá fazendo aqui? Tá chovendo cara! 

Will tomou ar e olhou no fundo dos meus olhos.

― Acho que estou gostando de um cara.

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