Poder Paralelo

48

Thamires.

Soube que aquela piranha está circulando pela Nova Holanda e Parque União novamente. Vi uma publicação de um fake, era foto dela distraída no último baile que teve, geral perguntando como ela teve a coragem de vir ciscar na favela depois de tudo.

Quem ver assim pensa que eu que vivo em função de saber o que acontece, mas a verdade é que aqui nada passa despercebido.

Tudo, eu querendo ou não saber, vai sempre chegar em mim, principalmente se for algo que envolve minha vida, vejo na internet sozinha ou me mandam.

Porque as pessoas estavam doidas querendo saber de mim, onde eu estou que não vejo uma palhaçada daquelas... gente, pelo amor de Deus, me deixem quietinha.

Povo é muito hipócrita, isso sim! Estão querendo saber de mim, se eu não vou fazer algo, mas quando Thamires faz acontecer o que tem de gente pra querer humilhar não é brincadeira.

E são os mesmos que são os primeiros a se incomodarem com meu silêncio, gostam mesmo é do meu barulho e não admitem!

Estou quietinha agora, na real estou quietinha a muito tempo e se até eu quase não me reconheço quando estou assim, imagina quem me conhece e acompanha minha vida pelas loucuras que já fiz?

Mas é aquilo, não estou afobada com nada, pra quê o desespero? As pedras sempre se encontram. Eu sei que mais cedo ou mais tarde, eu e ela iremos nos reencontrar. E aí vamos acertar tudo porque eu não tenho memória curta, não sou maluca! Deixa ela voltar pra cá e imaginar que caiu no esquecimento, deixa a Alice no mundinho dela pô.

Thamires: Como tá esse baby?

Elaine: Está bem.- Sorriu.

Thamires: Que bom, escolheram o nome?

Elaine: Ficou Matteo mesmo.

Thamires: Lindo, eu gostei.

Elaine: O pai velho dele que escolheu.- Eu dei risada.- eu gostei também, foi o primeiro nome que ele disse.

Thamires: E você vai ser mudar né? Minha mãe comentou.

Elaine: Vou mulher, Sidney que me deu opção da gente ficar aqui, diz ele que é bom ficar perto da família.

Thamires: Porém depende rs!

Elaine: Casa aqui na favela tá muito cara, Thamires. Que isso? E pra mim já deu de bomba, tiro, sempre quis sair desse lugar.

Thamires: Você tá certa de querer algo melhor, ainda mais com seu filho vindo aí... o que me deixa surpresa é o Sidney querer morar aqui.

Elaine: Ele gosta demais daqui, falou pra mim que prefere comprar casa na favela do que na pista, mas ele sempre foi de lá, não sabe da realidade nua e crua, primeiro aperto que ele tomar aqui de baixo de tiro ele aquieta o cu dele!

Thamires: Deixa ele achar que é um morango.

Elaine: Falo nada.

Thamires: Falando em casa, ontem eu fui resolver pepino na pista e aproveitei pra dar uma passada no meu apartamento, não tá eu lá tentando abrir a porta do apto errado?

Elaine: Meu Deus, Thamires.

Thamires: Ainda bem que não vieram abrir.- Demos risada.

Elaine: Mesmo que ele fique lá fechado sem estar gerando nenhuma despesa, tu ainda paga alguma coisa?

Thamires: Claro, não importa, tem que pagar a taxa condominial estando ocupado ou não.

Elaine: Entendi, achei que não existia isso.