Esta é uma Saga Épica de Coragem e Mistério.
Para admiradores de narrativas heróicas e o maravilhoso mundo das aves, "O Vôo dos Pássaros Nortenhos" oferece uma viagem inesquecível ao coração de um reino perdido. Liderados por John Brason, um conjunt...
Haviam despertado, como de costume, naquela ilha, duas horas antes do alvorecer, e desde então não haviam descansado até que todos estivessem prontos para partir.
Aquela era a primeira vez na vida do pombo Penas Brancas em que via tantas aves reunidas, juntas num mesmo lugar. O rei John Brason, que viera do outro lado do mar, havia realmente feito ali grandes amizades. Sim, e que grandes amizades! Absolutamente todas as criaturas daquela ilha gostavam dele, com algumas poucas exceções, é claro. Sua presença era de fato muito apreciada. O pombo já começara a imaginar que grande personalidade era este "rei" naquele lugar de onde viera. Estava realmente ansioso por conhecer esse lugar maravilhoso, de paisagens deslumbrantes e belas cascatas. Não que a Ilha fosse um lugar ruim de se viver; de maneira nenhuma. Mas, contudo, Penas Brancas queria conhecer novos ares, novas amizades, pássaros diferentes. Ele estava um pouco nervoso e amedrontado, isso era verdade. Mas não era necessário que alguém soubesse, contanto que ficasse calmo e fizesse apenas o que lhe fosse ordenado.
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Naquela manhã nublada, o céu estava escuro com pesadas nuvens de tempestade. Estavam no começo do décimo mês do ano, período que antecede a estação chuvosa. Ali, naquela praia rochosa, na ponta sudoeste da ilha, estavam reunidas 750 aves de todas as que decidiram ardentemente seguir o rei cardeal. Dentre elas, estavam ali arrabios, pardelas, tesourões, atobás, garças, colhereiros, maçaricos, gaivotas, pombos, avoantes, frangos-d'água, batuiruçus, batuíras, fuselos, grazinas, rabos-de-palhas, socós, fragatas, cocorutas, juruviaras, trinta-réis e pardais, todos rodeando John Brason.
John Brason V! Eis um nome que Penas Brancas não iria acostumar-se facilmente. Todos naquela ilha tinham nomes comuns, nomes pelos quais eram facilmente identificados. Olhos de Formiga, Bico de Pedra, Manchado, Pombo Mensageiro, Penas Brancas; mas John Brason, era formal demais para o pombo. Todos já haviam acostumado-se a chamá-lo apenas de “Cardeal”, por ser o único pássaro de sua espécie na ilha.
— Todos vocês, meus amigos, que estão aqui neste dia — começou ele —, estão de livre e espontânea vontade. Todos estão aqui em nome de nossa terna e verdadeira amizade que construímos ao longo de, nem sei quanto tempo. Não lhes obrigo, em momento algum, a seguir-me para a terra de onde vim. Longe de mim tal coisa. Todos aqui nasceram, e aqui poderão continuar a viver pelo resto de suas vidas. Aqui me acolheram, salvaram-me da morte, trataram dos meus ferimentos, alimentaram-me com os frutos de vossa terra. Sou eternamente grato a vós por isto. Porém, eis que chegou a hora de partir para a terra de onde vim, e lhes retribuir, se possível.
“Sei que não será fácil conquistar o que foi tirado de mim. Mas com o vosso auxílio, darei a vós a oportunidade de conquistar e possuir as maravilhas que eu mesmo desfrutei. Todos vocês, meu querido povo da Ilha Primeira, foram esquecidos, ignorados e deixados de lado por muito tempo. Não existe pássaro vivo no continente que saiba de vossa existência. Por muitos séculos, a Ilha Primeira foi considerada lugar selvagem, terra de monstruosas criaturas. Porém, agradeço à Divina Providência por ter dado-me a oportunidade de descobrir esta verdade por mim mesmo. Pois foi a vocês negado por muito tempo o direito de participar das bem-aventuranças do Reino dos Pássaros. Contudo, acho que ninguém tem culpa de terem nascido aqui nesta ilha, não desconsiderando este maravilhoso lugar, que fique claro!”