— Filho, você está pronto para a batalha que está por vir? - disse o rei Haroldo Melanoleucus, olhando para o filho com seriedade.
Théo, como era chamado pelo pai e por todos os de sua intimidade, era uma jovem águia-serrana de um ano de idade. Tinha o corpo todo preto com partes malhadas de branco e amarelo no peito e na parte frontal. Aquela seria sua primeira batalha.
- Estou, pai! - respondeu ele, com determinação. - Estou ansioso para mostrar o que aprendi com o senhor.
- Eu sei que você está ansioso, meu filho, mas lembre-se de que esta batalha não é um jogo. Estamos lutando pela nossa sobrevivência e para estabelecer nosso legado. É importante que você mantenha a cabeça no lugar e seja corajoso, mas também cauteloso.
- Eu entendo, pai! - disse o filho novamente.
Haroldo havia investido muito tempo e esforço, nos últimos meses, com a educação militar de Théo; havia convocado excelentíssimos mestres para que acompanhassem o seu desenvolvimento e progresso. Felizmente, Théo tinha ultrapassado todas as suas expectativas: em dois meses, ele já havia aprendido tudo o que um bom soldado precisaria saber. Théo era forte e ousado, como o pai de Haroldo, o Rei Guilherme Melanoleucus, que havia sido um grande líder em sua época; Théo tinha a mente perspicaz e lógica do avô de Haroldo, Adão Melanoleucus, complementando assim tudo o que um bom líder precisaria para vencer.
O rei Haroldo e seu filho encontravam-se agora empoleirados em uma carnaúba, uma dentre várias que existiam ali naquela região semiárida do sertão. Seus soldados gaviões chamavam àquele lugar "Carnaubal". As árvores eram distribuídas no terreno com, no mínimo, cerca de 5 m de distância entre uma árvore e outra. Ali, haviam cerca de 5 a 7 centenas de carnaubeiras, e todo o Exército Real de águias-serranas estava posicionado sobre elas.
O sol começava a se pôr no horizonte oeste, tingindo o céu de laranja e dourado. Era naquela direção que iriam ao amanhecer, a caminho do Reino dos Pássaros.
Naquele momento, o exército de águias-serranas havia alcançado o seu destino: um vasto carnaubal à beira do rio, próximo ao Mirante da Serra do Facão, onde montaram acampamento nas copas das árvores.
As águias-serranas — também conhecidas por "gaviões-pé-de-serra" em vários lugares do sul — começaram a distribuir tarefas entre si, traçando estratégias para a noite que se aproximava. Alguns se posicionaram nas copas mais altas, vigiando a área em busca de ameaças que pudessem surgir. Outros começaram a preparar seus ninhos para o início da noite, arrumando folhas e galhos para garantir conforto e proteção.
Enquanto isso, a natureza ao redor começava a se preparar para o descanso noturno. As folhas das carnaubeiras balançavam suavemente com a brisa que soprava, e o som da água do rio correndo em sua margem ecoava pelos arredores.
Os gaviões, por sua vez, mantinham seus olhos bem abertos, alertas para qualquer sinal de perigo que pudesse surgir. Era uma noite tranquila, mas eles sabiam que precisavam estar preparados para enfrentar qualquer desafio que pudesse aparecer. Partiriam pela manhã.
* * *
Ao amanhecer, eles levantaram voo com os primeiros raios da manhã. A tensão era palpável no ar. Haroldo sentiu seu coração bater mais rápido à medida que se aproximava do campo de batalha.
Seus chefes de divisões voavam logo atrás dele, com seus milhares de subordinados atrás. Os chefes eram estrangeiros, todas aves de rapina contratadas pelo Rei Haroldo, especialistas responsáveis por determinadas funções; ali estava Melvin, a Coruja-Real, líder dos espiões que coletam informações importantes para as operações do Exército; General Elias Garra-Afiada, o águia real, um dos mais bravos líderes das aves de rapina, responsável por comandar as operações mais perigosas e arriscadas de combate; o Tenente Fúria de Vôo, o falcão-peregrino, que veio das terras distantes e selvagens chamadas Planaltos Venturosos, onde ele era reconhecido como um dos melhores caçadores e rastreadores da região; Fúria de Voo era responsável pelas missões relâmpagos e pelo apoio necessário aos colegas em campo de batalha.
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O Vôo dos Pássaros Nortenhos [PARTE I]
AventuraEsta é uma Saga Épica de Coragem e Mistério. Para admiradores de narrativas heróicas e o maravilhoso mundo das aves, "O Vôo dos Pássaros Nortenhos" oferece uma viagem inesquecível ao coração de um reino perdido. Liderados por John Brason, um conjunt...