A praia

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O Rei Haroldo vasculhara toda a Grande Biblioteca Real, em busca de respostas para suas dúvidas e informações

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O Rei Haroldo vasculhara toda a Grande Biblioteca Real, em busca de respostas para suas dúvidas e informações. Ele havia lido boa parte das Histórias dos Reis Cardeais, e se divertira muito. Ele se perguntava por que, durante tanto tempo, as aves daqueles domínios serviram a uma espécie tão insignificante. "Pássaros idiotas!" pensou ele. "Vejo o quão retrógrados eram os pensamentos desses pequenos seres! Hahaha!.. como puderam ter perdido tantos anos de suas vidas, por tantos séculos, adorando uma espécie que eles consideravam sagradas, como se fossem os donos da Floresta e de suas vidas?"

   O último rei dos cardeais-do-nordeste, que havia sido exilado em uma ilha, o que era conhecido por John Brason V, era o rei mais valente que já existira, segundo o que contavam as crônicas. Haroldo leu tudo o que pôde a respeito dele; eram histórias realmente fascinantes, como a vez em que derrubou 100 pássaros no treinamento de combate dos cardeais. Seria fácil imaginar uma ave derrubando vários passarinhos pequenos, mesmo que o guerreiro fosse do tamanho deles. Mas, e um guerreiro desse tipo contra 100 águias-serranas? Haroldo não podia imaginar tamanho feito! Seria impossível, até mesmo, para um cardeal-do-nordeste, derrotar uma única águia-serrana, quem dirá 100!

   O dia amanhecia. Haroldo, sem sono, passara a noite lendo. Naquele dia, ele iria reunir a maioria das suas tropas, e voaria para o Grande Mar, em direção à praia conhecida como Praia das Pedras, para terminar, assim, a sua jornada de expansão. Todos em Gaivor ficariam muito felizes por sua campanha bem sucedida.

   De Gaivor até a Floresta Frutífera, havia 563 plumagens. Naquela terra, as águias-serranas não tinham um palácio esculpido em pedra como as aves desse Reino; lá, elas habitavam áreas abertas, campos e regiões montanhosas, planando por muito tempo nessas regiões à procura de alimento. Construíam seus ninhos em escarpas rochosas com galhos secos. Os filhotes eram alimentados durante seus primeiros 4 ou 5 meses de vida, sendo que as águias dão preferência à utilização de apenas um mesmo ninho por toda a vida.

   Haroldo era conhecido em sua terra como o "Grande Senhor da Escuridão", nome que combinava perfeitamente com suas penas negras na região do peito, cabeça, pescoço e asas, sendo mais negras que as das outras águias.

   Haroldo, definitivamente, não fora criado para ser benevolente. Tudo o que buscou, durante toda a sua vida, foi o sangue dos fracos em seu bico e asas. A cada passo e vôo que deu na sua vida dura e difícil, ele agiu com a crueldade dos seus antepassados e, ainda assim, nada o deteve. Ainda se lembrava do dia em que matou o seu próprio irmão em uma luta. O vínculo de sangue foi rasgado, mas a sua fúria alimentou o seu egoísmo e ambição.

   Haroldo era um filhote malvado; tormentas noturnas e uma falta de empatia foram traços presentes desde cedo. As águias jovens de sua idade, naqueles tempos de juventude, estavam sempre prontas para ver o mundo como um presente e um castigo, um lugar onde a justiça prevalece. No entanto, Haroldo Melanoleucus estava fadado a ver um mundo onde ele era o justiceiro. Ele estava disposto a encontrar um senso de justiça. Não entendia a razão por que alguns poucos pássaros eram privilegiados, enquanto outras espécies viviam em necessidade, buscando o alimento com tanta dificuldade.

O Vôo dos Pássaros Nortenhos [PARTE I]Onde histórias criam vida. Descubra agora