Adeus, reformatório!

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Claire sente o cheiro de fumaça assim que sai na porta do reformatório, e pela primeira vez, ela se alegra com isso.

Depois de passar meses presa injustamente, finalmente foi solta. E agora, planeja vingança.

- Vê se não apronta de novo, Diaz. - O policial, que já tinha virado um amigo, avisa.

- Você sabe que eu não fiz nada, Will. - Retruca séria, indo embora.

Claire não tinha ninguém para vir buscá-la, então, seguiu sozinha até Reseda, onde mora com sua mãe. É um apartamento simples, já que sua responsável quase não está presente em casa.

Ela não se preocupava com sua imagem, já que passara tanto tempo sem se olhar no espelho, que já nem lembrava mais de sua própria aparência.

Depois de alguns minutos de caminhada, Claire sobe as escadas, finalmente chegando em seu apartamento. Ela bate na porta. Uma. Duas. Três vezes. Nada. Empurra a porta, mas está trancada.

- Não adianta, menina. Ela foi embora faz dois meses. - A velha do segundo B informa.

Claire encosta na parede, pensando no que vai fazer de agora em diante. Sua mãe tinha ido embora? Para onde foi? Por quê a deixou sem ao menos lhe avisar? Milhares de perguntas percorriam pela cabeça dela, mas nenhuma delas tinha resposta.

Diaz desce as escadas, dando de cara com Jack Lawrence, que estava observando ela.

- Lawrence. - Cumprimenta, sem jeito.

- Diaz. - O velho cumprimenta também, assim como ela fez. - A vaca de sua mãe deixou um recado para você. - Informa.

- Não chame minha mãe de vaca. - Claire repreende, apesar de ser verdade. Não literalmente, é claro. - O que ela disse? Deixou uma explicação para me deixar sem moradia e sem família? - Pergunta, ironicamente.

- Ela casou, Diaz. Você sabe que era a única coisa com qual ela se importava. - Jack diz, logo em seguida, continuando. - Disse que não vai pagar o apartamento, porque não quer gastar o dinheiro com você. Me pediu que você ficasse na minha casa também, se não quiser morar na rua. - O loiro se apoia na grade.

- Que bela mãe eu tenho, não é, Lawrence? - Pergunta, retoricamente.

- Pois é. - Concorda com a cabeça. - Mas se quiser ficar na minha casa, vamos ter regras. Não sou bom com crianças, você sabe. E eu já estou à tempo demais tentando me reconciliar com Bella, estou cansado. - Impõe.

Bella é filha dele, mas Jack nunca foi um pai presente. Ela vive com a mãe, que também não é grande coisa. Todos os dias, ela está procurando um homem rico para casar e sair daqui. Deixando a filha desamparada.

E apesar de tudo, Jack é a coisa mais próxima de um pai que Claire já teve. Por isso, a mãe já se ligou a quem deveria perguntar primeiro.

- Vocês nunca se resolveram? - Pergunta, cansada da situação.

Claire segue até o apartamento número 5, esperando Jack abrir a porta.

- Ela é difícil. - Pontua.

Bella e Claire nunca se deram bem de verdade, e nem tentam, para falar a verdade.

Eram totalmente opostas, Bella era do caratê Mon-hatez, que focava apenas na defesa. Já Claire, era do caratê Cobra, que focava em: Acerte primeiro, acerte firme, sem compaixão.

- Eu não tenho roupas para você aqui, então, se vire. - Avisa Jack, entrando para seu quarto e fechando a porta.

Ela para na frente do banheiro, pensando em como vestiria a mesma roupa de seis meses atrás. Claire também não tinha dinheiro para comprar roupas novas, então, pensou apenas em uma pessoa: Eli Moskowitz.

Eli foi um amigo desde o início, mas depois que Claire foi presa, perderam total contato.

Eli também sofria bullying no início, mas depois de muito sofrimento, atingiu o lugar de um dos mais temidos do colégio.

Começou a praticar caratê, se dedicou muito nisso, e também não apanhava mais.

Ele era o único contato de Claire.

- Lawrence! - Grita, esperando sua resposta. Nada. Ela decide continuar mesmo assim. - Estou indo na casa da Moskowitz, até depois. - Termina, sem esperar permissão.

Quando Jack respondeu, Claire já tinha saído.

Caminhou pelas ruas, olhando a concessionária dos LaRusso, que estava completamente cheia.

Ela revira os olhos, apertando o passo cada vez mais.

Claire toca a campainha duas vezes seguidas, ansiando para ver a reação de Eli.

A porta é aberta, mas ela não reconheceu a pessoa que estava diante dela.

- Não brinca. - Berra Eli, com seus lindos olhos brilhantes.

- Pois é. Cabelo bonito. - A garota se refere aos cabelos vermelhos formando um moicano.

- Maneiro, né? - Ele passa as mãos pelo cabelo.

- Sim. Quando eu saí, eles estavam azuis.

- Cansei daquele, agora eu estou em uma nova fase, gata. - Brinca Moskowitz, abrindo um espaço para que Claire entre. - O que te trouxe aqui? - Pergunta, sorrindo de canto.

- Preciso de roupas. E de ver você também, claro. - Ela sorri, cruzando os braços.

- Na hora! Vem cá.

Eli lhe entregou umas roupas velhas, para que pudesse ficar com elas até conseguir comprar novas. Também lhe ofereceu um banho, e é claro que Claire não recusaria. Ela estava louca para se livrar de tudo que pertencia aquela prisão de horrores.

- Obrigada. - Agradece a garota, indo em direção ao banheiro.

Eli assente.

Claire realmente gostava muito do amigo. Antes ela precisava defendê-lo, mas agora, vê que não é mais preciso. Eli está confiante. Está bonito também. Nem parece mais aquele garoto que apanhava na escola. Claire se sente orgulhosa, mesmo não tendo nada a ver com sua mudança.

•••

901 palavras no capítulo.

𝐊𝐀𝐑𝐀𝐓𝐄 𝐂𝐎𝐁𝐑𝐀'Onde histórias criam vida. Descubra agora