CLAIRE DIAZ NARRANDO
Saio da casa de Bella quase no mesmo instante que ela.
Uma vez, minha mãe me disse que eu afasto as pessoas simplesmente por ser eu mesma. É isso que está acontecendo com Bella.
Eu tenho medo.
Medo de perdê-lo.
Linkon foi uma das melhores coisas que já me ocorreu. A Claire de meses atrás não acreditaria nessa frase.
Mas...
Por que ele está comigo? Eu e Linkon nos odiavamos. Não faz sentido.
Começo a tremer por conta do frio que está fazendo. Eu ainda estou com a roupa da clínica. Estou igualzinha a uma verdadeira louca.
Que é o que eu sou. Louca.
Tudo que eu quero é um amor que dure. É pedir muito?
O que há de tão errado comigo? Por que eu afasto tanto as pessoas?
Eu deveria viver sozinha pro resto da minha vida. Sem Jack. Sem Miguel. Sem Linkon.
Eles não merecem o fardo que eu sou. Merecem ser felizes. Sem mim.
Tento andar o mais rápido que posso. Rendida pelo cansaço, desisto de ir para casa e me sento no banco que havia na frente do dojô. Sinto falta de treinar e sinto falta do meu pai.
Cochilo por algum tempo, logo depois, me espanto com alguém me cutucando enquanto chamava meu nome.
— Você está bem? — Era uma voz doce. Eu assinto, mas minha visão estava um pouco embaçada para enxergar quem era logo de primeira.
Fecho os olhos e esfrego-os, voltando a minha visão normal.
Era uma garota loira de cabelos encaracolados. Ela parecia um anjo. Seus olhos eram tão azuis, que me lembravam o céu. Ela era a garota mais bonita que eu já vi na vida.
— Quem é você? — Pergunto, um pouco confusa. Quando alguém me cutucou, eu pensei que seria meu pai ou Miguel. Confesso que estou um pouco decepcionada.
— Me chamo Laura. — A garota estende a mão para me cumprimentar. — Você estava aí, dormindo, e eu te vi pela sacada. Iria me sentir mal se você estivesse precisando de ajuda e eu não te ajudar. — Tagarelou, enquanto me entregava uma jaqueta longa, que cobria dos meus ombros, até o meu tornozelo. — Está tudo bem? — Fez uma pausa, como se estivesse pensando em algo. — Eu não sei seu nome, poderia me dizer? — Eu não tive a oportunidade de responder, porque ela começou a falar mais ainda. — Você gosta de caratê? O sensei Lawrence é muito engraçado, você já o conheceu? Eu já! Ele foi meu professor, mas eu decidi sair, até porque isso não é para mim! — Laura ri. — Ah, me desculpa, eu normalmente falo muito mais do que deveria. — Ela ficou sem graça. Laura se sentou do meu lado no banco, como se estivesse esperando eu falar algo.
— Me chamo Claire. — Corto o silêncio e seus olhos se iluminam.
— Muito prazer, Claire. — Seu sorriso se alargou e ela se sentou mais perto. — Você tem um nome bonito. Sempre quis que meu nome fosse Genevieve, acho lindo! Ou até mesmo Annabeth. Não gosto nem um pouco do meu nome, acredita? Não acho que combine comigo. L-a-u-r-a! Não combina nada comigo! Eu-
— Você fala muito, não é? — Falei, cortando sua frase. A expressão de Laura ficou desanimada. Percebo a besteira que fiz e tento consertá-la. — Não! Isso não é um problema, Laura. Sua voz é doce, gostei de ouvir. — O sorriso da loira novamente se alarga.
— Obrigada, Claire! Sua voz também é muito doce. — Ela faz uma pausa, como se estivesse esquecido de algo. Laura se vira para frente e suspira, ainda sorrindo. — Ah! — Virou-se para mim rapidamente. — Você não me disse o que veio fazer aqui. Também não me respondeu se está tudo bem. — Falou, olhando para minha roupa da clínica psiquiátrica.
— Você não me deu oportunidade. — Dou um sorriso genuíno, tentando fazê-la entender que eu estava brincando. — Eu estou bem, Laura, obrigada. — Pauso. — Estou aqui para ver meu pai. — Revelo, me encolhendo ainda mais por conta do frio.
— E por que seu pai estaria no dojô para adolescentes? — Ela pergunta. Laura parecia totalmente interessada no que eu estava a contar. Sua mão foi até seu queixo e seu cotovelo ficou apoiada na sua própria coxa. Seus olhos brilhavam de curiosidade.
— Meu pai é o sensei Lawrence. — Respondo, sorrindo.
— Sério? — Laura fez um “O” perfeito com a boca, mas logo ele foi substituído com um grande sorriso. — Você é muito sortuda, Claire! — Com um pulo, ela se levantou e me puxou, enquanto dava alguns pulos no ar.
É, eu sou sortuda mesmo.
— Não é para tanto, Laura! — Sorrio, envergonhada. Volto a me sentar no banco, e mesmo de costas, consigo ver a pose de Laura se formar. Ela colocou a mão na cintura e torceu o pescoço para o lado esquerdo.
— É, sim! Eu queria ser filha dele. — A garota de cabelos de anjo se sentou novamente ao meu lado. — Você tem muita sorte por isso. — Um sorriso tímido surgiu em seu rosto e seus olhos foram para outra direção.
Olho para ver quem estava se aproximando, e dessa vez, o sorriso tímido de Laura foi contagioso.
Linkon estava andando em nossa direção, e quando viu meu rosto, seus olhos se esbugalharam e ele parou. De início, pensei: Ele está surpreso por me ver fora da clínica. Acho que não era esse o problema.
— Você o conhece? — Acabo com o silêncio, fazendo uma breve pergunta para Laura, enquanto o garoto, que parecia que estava tentando fugir, se aproximava.
Eu estava um pouco confusa, porque, se ele estava vindo me ver, por que ficou tão assustado quando me viu? Por que Laura sorriu ao vê-lo? Por que ele ficou sério ao me ver? São tantos porquês e eu não consigo achar uma resposta plausível para nenhum deles.
— Conheci ele aqui, neste dojô. Ele foi um fofo comigo. — Ela faz uma pausa, se levantando e indo até ele. Seu sorriso ainda estava estampado no rosto, mas agora, não era de timidez. — Meu amor! — Suas mãos se envolveram no pescoço de Linkon e ele abraçou sua cintura. Apesar disso, sua expressão estava séria e seus olhos estavam em mim.
Fiquei em choque e só tive vontade de desmaiar. Vomitar. Ou os dois.
O que é isso?
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𝐊𝐀𝐑𝐀𝐓𝐄 𝐂𝐎𝐁𝐑𝐀'
Teen Fiction🥋 - 𝗗𝗲𝗽𝗼𝗶𝘀 de sair do reformatório, 𝗖𝗹𝗮𝗶𝗿𝗲 𝗗𝗶𝗮𝘇 retorna a Los Angeles para recomeçar sua antiga vida no caratê. Dentre todas as confusões, ela lida com sua vida, que apesar de ser muito complicada e cansativa, tem a ajuda de 𝗝𝗮𝗰�...