Devido ao incidente com Falcão, Claire teve que voltar sozinha para casa.
O frio tomava conta de seu corpo, e a impedia de andar sem tremer seu único meio de locomoção: as pernas.
Ela pensou diversas vezes em ligar para Jack, mas com que telefone? E outra: ela também não sabia seu número de cabeça.
Seu único jeito era esse.
Ao andar muito pelas estradas, Claire sentiu como se estivesse sendo perseguida.
Apressou o passo, tentando se manter discreta. O que ela poderia fazer se aparecesse um estranho com uma arma? Exato, nada!
Suas ablidades de caratê são boas, mas o que poderia fazer contra uma arma?
Tudo bem, se mantenha estável, Claire!
Ela tenta se acalmar diversas vezes, regulando sua respiração aos poucos.
“Qualquer coisa, é só correr” pensou.
Com uns 2 minutos de desespero, o estranho resolve dar as caras.
Assim, sem nem olhar para trás, Claire sente vontade de chorar.
Os passos se aproximam ainda mais. Estão mais rápidos também.
“Porra, desgraça, caralho, cacete…” Esses eram seus pensamentos enquanto tentava ser mais rápida que a pessoa atrás dela.
Alguém puxa seu braço.
Sua respiração para.
— Vai se foder! — Ela grita, sem tentar olhar para o estranho.
— Calma, Clarinha.
Essa voz, esse apelido…
— Filho da puta! — Ela bate em Falcão, ao ver sua imagem perfeitamente bem.
— O que foi? — Pergunta, tirando ela do meio da estrada.
— Eu pensei que eu fosse morrer, seu merda.
— Morrer só se for de p… — Ele ia terminar a frase, mas foi surpreendido por um tapa na cabeça.
— Ainda estou chateada com você, então, pare de gracinhas. — Repreende, virando de costas e seguindo pela estrada novamente.
— Ei, linda. — Ele corre atrás dela, puxando seu braço de novo. — Desculpa.
O pedido de desculpas saiu com dificuldade. Falcão não era bom nisso, e por mais que reconheça que errou, não poderia perder a amiga.
— Me solta.
Ele obedece.
— Vamos conversar, por favor. — Moskowitz praticamente implorava.
— Não quero conversar no meio da rua, está frio. — Diz, revirando os olhos.
— Então, para de andar, porra. Não vou te engolir, não. A não ser que você peça. — Ele dá uma gargalhada assim que vê a reação de Claire.
— Eu odeio você, já te disse isso? — Pergunta, retoricamente.
— Quando é que você vai parar de mentir para si mesma? — Eli sorri, se aproximando. Ele abaixa até a região dos joelhos de Claire, e a pega nos braços.
— Me coloca no chão, Moskowitz! — Ela se debate contra seus braços.
— A gente vai conversar. No meu carro. — Ele avisa, virando na direção oposta que a garota estava indo.
Claire logo se cansa, e assim, deixa o amigo a levar nos braços. Ela não queria, mas acomodar a cabeça em seu ombro foi mais forte que ela.
— Não quero que ninguém me veja assim. — Comenta.
Falcão dá uma gargalhada.
— Está com medo da rainha do caratê ser vista sendo levada nos braços do queridinho Falcão? — Pergunta, ironizando.
— Estou. — Sorriu, mas ele não podia ver.
Para alguém que estava com vontade de socar a cara de Falcão, Claire estava bem. Até demais.
Eles finalmente chegam no carro.
Moskowitz abre a porta para que Claire entre, e logo depois, dá a volta para entrar também. Estavam os dois no banco de trás.
— Você é um idiota. — Reclama Claire, virando para frente. Impedindo-a de encarar os lindos olhos de Eli.
— Eu sei, e só agora reconheci isso. — Concorda. — Sabe, Claire, a gente só percebe as coisas boas que tem depois que as perde. — Começa, se virando para frente também. — Você era a coisa boa da minha vida antes de ser presa, e ainda é, é claro. Não consegui lidar com tudo isso, e precisei de muito tempo para enxergar tudo isso. Você era a melhor pessoa da minha vida, mas era boa demais para mim. Quando chegou a hora de perceber, fiquei envergonhado demais de ir ver você e me desculpar, depois de tanto tempo, não consegui acertar as coisas. — Ele se vira para Claire, que o observava atentamente. — Obrigado por não ter desistido de mim, Clarinha. — Ele posiciona a mão sobre sua coxa.
Claire está paralisada, absorvendo tudo. Então, não foi só a mudança que o fez deixar de ir vê-la. Seus sentimentos também contavam.
— Eu nunca desistiria de você, Moskowitz. — Comenta, depois do silêncio ensurdecedor.
Eles se encaram por um tempo. O escuro não os permitiam de ver muitas características do rosto do outro, mas gostavam mesmo assim.
— Vou tentar fazer de tudo pela nossa amizade, você é a única que eu ligo de perder. — Falcão fala, e solta uma risada anasalada na última parte.
— Isso era um elogio? — Pergunta, ironicamente.
— Por incrível que pareça, era sim. — Sorri.
O silêncio novamente.
Sem pensar, Claire avança em sua direção. Beijando seus lábios ferozmente, enquanto Falcão tentava esconder a felicidade.
Provavelmente, ele vinha sonhando com isso faz tempo, mas homem é tão burro que não conseguiu um jeito melhor.
Sua única maneira foi ser um babaca, consertar as coisas e depois abrir seu coração.
Pois é.
Claire estava no colo de Moskowitz, enquanto rebolava. Onde ela aprendeu isso?
Falcão lhe dava leve puxões de cabelo, com os dedos perto do couro cabeludo.
Eles param por alguns segundos, se encarando. Falcão sorri de canto.
— A gente não estava conversando minutos antes sobre eu fazer de tudo pela nossa amizade? Isso é um bônus? — Brinca, apalpando a bunda de Claire.
— Você quer um bônus, Moskowitz? — Pergunta, retoricamente. Ela gostava de provocações, mas não aguentaria até certo ponto.
— Depende do que seria. — Pausa. — Se você quiser me beijar, eu aceito. — Sorri.
— Decida o que você quer, mas eu quero ir pra casa. — Pisca, saindo de seu colo e abrindo a porta do carro, se sentando no banco da frente.
— Você é uma cretina. — Fala, ainda no banco de trás.
Ele beija seu pescoço, depois indo até o banco do motorista.
— Eu sou pior que uma cretina. — Sorri. — Como tá o seu amiguinho aí? — Pergunta, soltando uma gargalhada.
— Eu te odeio, Diaz. — Liga o carro.
Era tarde da noite, então, provalmente Lawrence já estaria dormindo. Nem veria a hora de Claire chegar em casa.
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1018 palavras.
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𝐊𝐀𝐑𝐀𝐓𝐄 𝐂𝐎𝐁𝐑𝐀'
Ficção Adolescente🥋 - 𝗗𝗲𝗽𝗼𝗶𝘀 de sair do reformatório, 𝗖𝗹𝗮𝗶𝗿𝗲 𝗗𝗶𝗮𝘇 retorna a Los Angeles para recomeçar sua antiga vida no caratê. Dentre todas as confusões, ela lida com sua vida, que apesar de ser muito complicada e cansativa, tem a ajuda de 𝗝𝗮𝗰�...