Curativo.

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— E aí? A gente vai comer o que? — Pergunta Claire, assim que entra novamente dentro de casa.

— Só se for bosta! — Jack retruca, com um tom irônico.

— Vai se catar, Lawrence. — Ela fala, se sentando ao lado do irmão.

Miguel ria da situação. Ele, de fato, já tinha gostado bastante do humor de Jack, mas não ia comentar, é claro. Seu sorriso de cessou quando olhou para o braço de Claire.

— Que porra é essa no seu braço? — Pergunta, com os olhos esbugalhados.

— Ah, isso. — Ela olha o machucado, sem expressar nenhum sentimento ou reação. — Foi uma briga que eu tive com a Bella. Eu não cuidei, e ele tá demorando de cicatrizar. — Explica.

— Deixa eu ver isso, garota. — Jack toma posse do lugar de Miguel, e também não expressa sentimento ou reação nenhuma. — Isso aí sara com o tempo, filha. — Ele se levanta, indo para o quarto.

— Pode ser que sare com o tempo, mas e se infeccionar? — Miguel pergunta retoricamente, se levantando do sofá. — Será se tem algum comércio aberto a essas horas?

— Não, né!

— Que droga. Então, amanhã, depois que você vier da escola, eu te busco, e nós vamos comprar algumas coisas pra passar nisso aí. — Explica.

Claire assente.

— Não precisa disso tudo. — Ela sorri, sem jeito.

É novidade mais de uma pessoa se preocupar com ela.

— “Não precisa” o caralho! Isso tá todo vermelho, tem um buraco do tamanho da camada de ozônio no seu braço, Claire. — Indaga.

— Que nada, já me acostumei. No reformatório… — Ela ia continuar, mas esqueceu que não queria que o irmão tivesse uma péssima impressão dela.

— Sim?

— Deixa pra lá!

— Não! ‘Vamo, fala logo. — O moreno continua insistindo.

— Tá, tá. — Pausa. — No reformatório, eu vivia cheia de hematomas, era sempre uma briga em todo lugar, e por incrível que pareça, eu sempre estava envolvida. — Claire contava, enquanto sorria. Era bom ter alguém para ouvir suas histórias de vida.

Claire estava na última aula, pensando em um sanduíche muito suculento. A fome consome as pessoas. Literalmente!

— Senhorita Diaz? — A professora chama sua atenção.

“Tinha que ser a velha Lindey” pensa, revirando os olhos.

— Sim, vel… senhora Lindey? — Ela corrige antes que tome uma suspensão.

— Parece que você está bem concentrada, não é? Por que não vem responder a questão no quadro? — Ironiza, apertando os olhos em uma linha fina.

— Porque eu não quero. — Retruca, seriamente, voltando a colocar a cabeça em cima da mesa, fechando os olhos, como se fosse dormir e sonhar que estava comendo algo muito delicioso.

A sala, que mais parecem várias crianças juntas, emitem um som como “ooooooohh”.

— Para fora de sala! AGORA. — A professora grita, furiosa.

“Tudo bem, eu estava com fome mesmo” pensou.

Claire sai de sala, com um grande sorriso no rosto, e sua mochila em um dos ombros.

𝐊𝐀𝐑𝐀𝐓𝐄 𝐂𝐎𝐁𝐑𝐀'Onde histórias criam vida. Descubra agora