A volta familiar.

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Bella veio correndo assim que viu Claire e Jack na porta do colégio. Não foi um bom reencontro, e Claire estava preparada para brigar, se fosse o caso.

- O que você quer? - Pergunta Jack, irritado.

- Eu não vim falar com você, papai do meu coração. - Ironiza, cuspindo as palavras. - Você pode vir comigo, Diaz? - Pergunta, mantendo a pose ereta.

- Se me disser o que quer, talvez eu vá. - Impõe uma condição, logo cruzando os braços.

O estacionamento estava vazio, só tinham os três, que estavam, provavelmente, prestes a brigar.

- Olha... - Bella ia gritar e espernear, mas parece que estava tão necessitada de ajuda, que se recompôs. - Claire, eu preciso de sua ajuda, será que você pode facilitar as coisas? Estou pisando no meu orgulho pra isso. - Claire arqueou a sobrancelha e espremeu os olhos, tentando decifrar o que ia acontecer.

Então, ela cedeu.

- Se você quiser ir, pode ir, eu vou a pé. - Fala para Lawrence, que esperava impaciente.

O mais velho assente, e segue para seu carro, arrancando logo em seguida.

Bella pega Claire pelo braço, e começa a correr pelos corredores do colégio, que estavam lotados de alunos guardando livros em seus armários.

As aulas deveriam ser suspensas depois da briga das duas, mas a política escolar da West Valley é um lixo.

Keene abre a porta do vestiário feminino e abre espaço para Claire passar, logo trancando a porta e acendendo a luz.

Claire decide explorar por alguns segundos, e dá de cara com um garoto moreno encostado no armário de madeira.

- Porra, que susto! - Exclama, colocando a mão onde fica o coração. - Quem é esse, Keene? - Pergunta, um tanto quanto assustada.

- Por que você não pergunta pra ele? - Pergunta retoricamente, revirando os olhos.

- Então, você vai me dizer quem é? - Claire se vira para o garoto atrás dela, e faz outra pergunta, fazendo um sinal para que ele desenrolasse.

- Oi, eu... - O garoto começa timidamente, mas Bella interrompe.

- Tá, tá! Vamos poupar apresentações e ir logo para o que se interessa. - Ela vai até o garoto e o puxa pelo braço.

"essa garota é maluca!" pensou Claire.

- Esse é Miguel Diaz, ele me procurou alguns dias atrás, porque precisava de ajuda para encontrar sua irmã. - Começa. - Então, ele me contou que... - Ela ia terminar, mas como essa conversa é formada por interrupções, Bella não conseguiu pontuar a frase.

- 'Pera aí! - Começa. - Diaz? Irmã? - Claire tenta pegar todas as informações para raciocinar. - Minha mãe me ligou alguns dias atrás, e nessa ligação, ela mencionou um irmão meu, mas nada além disso, ela desligou logo em seguida. - Conta, um pouco paralisada.

- Eu sei, eu fugi de casa há alguns dias. - Explica. - Mamãe não queria que eu soubesse que o tempo que ela ficou ausente, deu tempo de criar outro filho. Agora que ela está de volta, diz que quer se reconciliar comigo, e coisa do tipo. Claire, né? Meu pai que me contou sobre você, ele é o seu pai também, mas quando eu era criança e ele descobriu que mamãe estava grávida de novo, me levou para longe. - Conta, e ajuda Claire a se sentar no banco, depois do choque emocional que lhe dera. - Eu ainda não terminei, você consegue ouvir o resto? - Pergunta, gentilmente.

- Eu preciso saber do resto, Miguel Diaz. - Fala, com a respiração pesada.

Bella se abaixa, para ficar na altura da Diaz mais nova. E por incrível que pareça, segura sua mão.

- Você sabe, não nos damos muito bem, mas estou aqui pra te ajudar. - Ela fala, com muita dificuldade, mas fala.

Claire, de primeira, achou estranho, e quase tirou a mão da dela, mas cedeu, e tentou se confortar com o tal ato.

- Obrigada.

"Nem parece que eu fodi com o braço dela, esqueceu rápido, né?" pensou Claire.

- Olha, eu sei que vocês estão ansiosos para descobrir o resto da história, mas por favor, o horário escolar já está acabando, e se não formos rápidos, ficaremos presos aqui. - Avisa.

- Que droga, o portão vai fechar em 3 minutos. - Miguel olha no relógio.

- Tudo bem, vamos pra minha casa. - Bella sugere.

A real, era que a mãe de Bella nunca estava presente em casa, então, podia fazer o que quiser e levar quem quiser para lá, que ela nunca descobriria. Mas apesar de tudo, Bella era uma pessoa boa, e nunca faria nada de errado sem a permissão da mãe.

Por mais que ela sentisse falta do carinho paterno de Jack, Bella sentia que Claire precisava mais do que ela. "Sei me virar" era sempre o que ela pensava quando tentava se reconciliar com o pai.


Depois de alguns minutos, eles finalmente chegaram.

A casa de Bella não era muito grande e chique, mas ela não tinha muitas opções. Claire, pelo menos, morava em uma vizinhança melhor.

- Entrem. Desculpem pela bagunça. - Abre a porta para que eles entrassem.

- Não se preocupe, Keene. - Claire tenta ajudar.

- Obrigado por oferecer sua casa, Bella. - Miguel agradece.

- Por nada.

Eles se sentam no sofá, aguardando por Miguel terminar de contar o que acontecera.

- Ah, tá! Vou terminar. - Uma lâmpada parece se acender na lateral de sua cabeça. Não era uma ideia, ele só se tocou o que era pra fazer agora. - Papai me levou pra longe e me deixou longe de minha mãe por muito tempo, mas eu sabia que eles mantinham contato. E ela não fazia questão de falar comigo. - Miguel pausa, soltando uma respiração pesada. - Meu pai não queria assumir um segundo filho, e por incrível que pareça, ele contou isso na maior naturalidade. Eu sinto muito, Claire. - Pausa, segurando na mão da irmã recém-descoberta.

Ela assente, meio receosa.

- Eles ficaram separados por todo esse tempo, mas nunca deixaram de se falar. Eu era pequeno demais pra lembrar de minha mãe na época, mas não era burro, eu sabia que eu tinha uma mãe em algum lugar, e meu pai nem fazia questão de esconder. - Diz, cabisbaixo. - Quando ela voltou, eu sabia que tinha algo de errado, e realmente tinha, você foi presa, e por isso ela estava de lá.

Miguel não teve o amor materno, assim como Claire, mas não poderia falar o mesmo do paterno, porque ela teve o amor de Jack, então conta, não é?

- Somos dois adolescentes traumatizados, Miguel. - Claire afirma.

- Três. - Bella se intromete.

De fato, três. Nenhum deles tivera o amor materno, e alguns nem o paterno. Não era fácil, ainda mais na pior fase da vida deles: a adolescência.

Eles se unem em um longo abraço, e Claire, sem querer, deixou uma lágrima escapar. Ela deixou rolar, porque ninguém estava olhando para o seu rosto. O que ela não sabia, era que os outros também estavam chorando.

1110 palavras.

- Imediatamente
daddy issues
começa a tocar
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𝐊𝐀𝐑𝐀𝐓𝐄 𝐂𝐎𝐁𝐑𝐀'Onde histórias criam vida. Descubra agora