Surto.

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CLAIRE DIAZ NARRANDO

Não me sinto nada bem. É como se algo ruim fosse acontecer a qualquer momento. Meu subconsciente não para de insistir que tem algo a ver com Eli. Quero parar de pensar nele. Quero fingir que ele não existe. Acontece, que está cada vez mais difícil. Vejo o garoto de cabelos vermelhos em todo lugar. Em todo mundo. Estou elouquecendo. Preciso de ajuda.

Estou tomando café na casa de Linkon. Não vejo a hora de ir para minha casa.

- Então, querida, como anda a escola? - A mãe de Linkon pergunta.

Me sinto sem graça ao responder que ainda estou suspensa.

- Vão bem. - Continuo comendo.

- E o caratê? Linkon sempre me falou que você era uma das melhores alunas de lá. - Ela conta, sorridente.

- Eu sou mesmo, assim como ele. O sensei é praticamente meu pai, consigo aprender muito com ele. - Explico.

Se tem uma coisa que amo, é falar sobre caratê.

- Você é filha do sensei Lawrence? Que legal. - A mãe ficou séria por alguns segundos.

- Pensei que Linkon já tinha mencionado isso. - Falei, olhando para ele.

O garoto tirou os olhos do prato de comida pela primeira vez, e me encarou.

- Bom, você quer que eu te leve para casa? - Pergunta, mudando de assunto.

Isso está muito estranho.

Não quero voltar para casa, porque, sei que lá eu vou enlouquecer completamente.

Apesar de sentir muita saudade de Jack e de Miguel, preferia ir para outro lugar.

- Por favor. - Me levanto, séria. - Obrigada, tia. A senhora fez muito por mim, mesmo sem me conhecer. Fico muito grata por isso. - Falo, colocando a cadeira no lugar e indo até a porta, sem esperar Linkon.

- De nada. - Ela responde, parecendo meio conturbada.

•••

- Por que você não disse que eu sou a filha do sensei? Tipo, não a biológica, mas você entendeu. - Pergunto, confusa.

Eu sinto que tem algo muito estranho nessa história.

- Nada, ué. - Respondeu, como se fosse a coisa mais simples do mundo.

Estávamos quase chegando em casa, e Linkon sequer olhou na minha cara.

- Sua mãe parece não ter gostado. - Comento, olhando a estrada.

- Impressão sua. - Respondeu ele, grosso.

Ao me deixar em casa, Linkon arranca o carro sem nem se despedir.

Vou fingir que não aconteceu nada disso. Estou ocupada demais tentando não vizualizar Eli em todos os lugares.

Corro até a casa de Jack e entro como se estivessem me perseguindo. Tenho traumas com esse lugar.

Miguel me encara preocupado.

- Onde você estava, C? - Ele pergunta, tenso.

Não falo nada e corro para abraçá-lo. Quase derrubo ele no chão, mas Miguel consegue se manter firme.

- Meu Deus, meu Deus! - Falo rapidamente.

𝐊𝐀𝐑𝐀𝐓𝐄 𝐂𝐎𝐁𝐑𝐀'Onde histórias criam vida. Descubra agora