"Que porra foi essa?"

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CLAIRE DIAZ NARRANDO

A sensação que sinto agora é pior do que todas que já senti em toda minha vida. E eu já senti muitas. Sinto que estou queimando por dentro. Minha cabeça ferve e eu me sinto tonta. Não sei o que está acontecendo e talvez seja melhor sem entender.

- Claire, olhe, este é Linkon! - Laura o puxou pelo braço, trazendo para mais perto de mim. Não sabia o que fazer, então, fiquei calada, analisando a situação. - Claire? - Chamou minha atenção, e pela primeira vez, não acho mais sua voz doce. - Tudo bem? - A garota de cabelos encaracolados não pensou duas vezes, largou o braço de Linkon e se sentou do meu lado. Colocou as costas da mão na minha testa, verificando se eu estava doente. Eu não estava doente. - Fale algo, por favor. - O tom de súplica em sua voz era tão evidente, que parecia que éramos amigas há anos.

Olhei para Linkon, que estava parado, com uma expressão indecifrável. Eu não sabia o que ele estava sentindo, e acho que não gostaria de saber. Laura, ao meu lado, parecia preocupada com o meu mal estar, mas não parecia ter percebido que o culpado era seu namorado. Gostaria de contar para ela, mas tenho medo do que Linkon pode fazer. Ele sabe demais, ele luta bem demais, e no momento, eu não consigo me defender, já que passei um tempo sem treinar.

- Laura, tudo bem. - Pela primeira vez, algo sai de minha boca. Olho para ela, que estava próxima de mim, e dou um sorriso amigável. Não é culpa dela, é de Linkon, e nós não merecemos isso. Eu acho. - Eu só preciso de um copo de água, você pode buscar? - Pergunto, apesar de não ser mentira, foi uma boa desculpa para que eu pudesse tirar satisfações com Linkon naquele mesmo momento. Laura assente rapidamente, dando um pulo do banco, logo depois, saiu correndo, mas antes, voltou para dar um aviso.

- Por favor, cuide dela, eu não demoro, ok? - Pediu com cautela, voltando a correr com muita velocidade.

Quando vejo que ela já está longe o suficiente para não nos ouvir mais, começo a falar:

- Que porra foi essa? - Pergunto, com o melhor tom de frieza que eu tinha. Eu estava triste, mas por incrível que pareça, estava mais confusa. Pensei que, quando ele fizesse algo para me magoar, eu ficaria arrasada, mas não foi bem assim. Ele não é o Eli para me deixar tão mal. - Você vai ficar aí, calado? - Altero o tom de voz e ele automaticamente se assusta, enquanto se senta ao meu lado.

- Claire, não é o que você está pensando...

- Ah, não é? Então, o que é, Kord? - Debocho, olhando para ele com minha maior expressão de dúvida, mas não passava de ironia. Eu não tinha dúvidas, antes, eu esperava tudo vindo dele, e acho que meu pensamento não mudou. - Você estava mentindo para nós duas. Ela sabe que você tem outras? Porque se não souber, eu mesma irei contar. Laura não merece um lixo como você, muito menos eu. - Declarei, muito confiante do que estava fazendo. - Eu fui mesmo uma tola por pensar que você realmente gostava de mim. Por que fez isso? - Pergunto. Foi uma pergunta retórica, mas que eu gostaria de saber a resposta.

- Eu apostei. - Responde, com um sorriso cínico no rosto. - Apostei e ganhei. Agora, graças a você e a Laura, eu tenho um Honda Civic. Muito obrigado, Diaz! - Dessa vez, quem estava debochando, era ele. Não me importei com suas palavras, não me magoaram ou muito menos me deixaram com raiva. Ele era tão idiota.

- Você está preso na quarta série? Porque parece. Isso é nojento. Você é nojento! Ouvir isso me dá vontade de rir, porque só mostra o quão imaturo você é. - Indaguei, ainda confiante. Eu só conseguia imaginar que ele iria me bater agora, afinal, eu estou indefesa. Por favor, Laura, volte logo. - Eu tenho pena de você. - Cuspo as palavras, com a expressão mais séria que consegui fazer.

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