Capítulo 7

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Nota da Autora: breve comentário homofóbico no parágrafo 17: Chuuya pensando sobre um fã de Dazai q n aceita o relacionamento deles

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Chuuya e seu irmão mais velho tinham um sistema. Não era bom e nem saudável, mas era um sistema.

Viver mais de uma década com o luto não era fácil. Depois de um tempo passou a ser suportável. Chuuya se lembrava na infância o buraco que seus pais deixaram em sua vida quando morreram era descomunal, apinhado por espinhos. Agora estava mais quieto. Mais vazio.

E por isso, quando os dias apenas continuavam e continuavam e de repente algo arrebentava dentro de um deles, às vezes dentro dos dois, eles não falavam sobre, apenas saíam fazer compras.

Fingir que tudo estava bem com a ajuda do capitalismo, era mágico.

"E esse?" — perguntou Paul.

Chuuya olhou.

"Não precisa fazer essa cara." — Paul reclamou.

Chuuya não sabia que cara estava fazendo. A loja da Bvlgari cheirava à jasmim e os manequins eram pretos, instalados em palanques altos e exibindo joias imensuráveis. A quinta loja daquele dia e Paul apenas soltou um suspiro frustrado.

"Isso não tem necessidade nenhuma de ser tão difícil." — disse ele, arrastando Chuuya de volta para a rua — "Cinco anos de casados e eu ainda não sei que tipo de presente comprar para ele. Um relógio de pulso é muito impessoal. Uma camisa é estúpido."

Vitrines exuberantes e fachadas resplandecentes, ladeavam uma rua larga tomada por pedestres. Uma pomba pousou em um dos bancos de madeira elaborada.

"Vocês dois não vão sair de férias para Roma, na semana que vem?" — Chuuya perguntou, desviando de uma mulher apressada com o celular no ouvido.

"O que isso tem a ver?" — Paul encarou o irmão, a cabeça pendida como um cachorro confuso.

É claro que ele não via a viagem como o suficiente. Era algo que os dois desfrutariam, então Arthur precisava receber um presente mais especial e íntimo. Paul sempre exagerava quando se tratava de presentes. Os natais na Nakahara Village eram caóticos. Chuuya temeu o que o irmão lhe daria quando se casasse com Dazai.

Eles continuaram passeando. Compraram sundae de uma sorveteria cor-de-rosa; viram Paul tomando a vitrine inteira da Gucci, em uma versão monumental da capa da revista.

Não demorou muito para Chuuya notar que algumas pessoas olhavam duas vezes em sua direção e uma delas até tirou o celular discretamente da bolsa para filmá-lo.

Chuuya não era estranho à fama. Porém, estava acostumado à algo mais subduo. Uma pessoa ou outra pedindo fotos por reconhecer do IG, autógrafos nos pôsteres do filme que estrelou anos atrás. Vinho não chama atenção nesse nível.

O fato de Lippmann ter proibido que abrisse as mensagens de qualquer rede social por pura precaução à sua saúde mental, já tinha sido um choque. Chuuya leu um direct de um fã de Dazai que dizia "Você é nojento bichinha de merda. Deixa meu Dazai em paz" e, pela primeira vez na vida, decidiu obedecer Lippmann.

Paul era perceptivo. E quando entraram na Versace, fez questão de se manter entre o irmão caçula e os vendedores que observavam de longe como urubus famintos.

"Não é, exatamente, seu estilo." — Paul comentou ao ver Chuuya pegar uma pochete cheia de zíperes.

"Tenho que comprar um presente pro aniversário de 22 do Dazai."

O rosto de Paul ficou sério. Na luz ofuscante da loja, o seu cabelo loiro reluzia como linhas de ouro. Assim como Chuuya, também usava um chapéu na cabeça.

The Night Know Our SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora