Capítulo 24

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Nota da Autora: esse capítulo contém ataque de pânico. Não tenho certeza se a descrição ficou satisfatória ou realista. Me digam o que acharam.

༄✦༄

Seu peito doía. Como se uma bigorna tivesse amassado sua caixa torácica. A pressão na cabeça era tanta que os ouvidos doíam. Todos os sons chegavam abafados. Embaixo d'água. Não ouvia nada. Não compreendia nada. Não tinha controle.

Shirase era um filho da puta. A sensação da luva saindo foi como agulhas arrancadas todas de uma vez. A pele latejava. Estava suando. Estava frio.

Chuuya tentou respirar. O peito doeu mais e sua boca abriu em desespero. Não podia respirar. Não tinha ar.

Caiu no chão. A dor aguda do baque sem amortecedor fez seus olhos focarem por um instante. Tudo que via era sua mão direita. A pele mais branca do que o resto do corpo. As cicatrizes se emaranhando e sobrepondo uma a outra. Vergões avermelhados e grossos e profundos.

Feio. Sujo. Culpado. Não doía o suficiente. Queria arrancar. Queria cortar fora. Chuuya começou a esfregar a mão enluvada na nua. Sabia que as mesmas cicatrizes também tomavam a outra.

"Chuuya?"

A força do tecido resfolando na pele foi deixando-a ainda mais avermelhada. O corpo tremendo. A visão embaçada. Lágrimas escorrendo por seu rosto como uma tempestade sem hora para parar. Seu peito doía. A quanto tempo não estava respirando?

"Chuuya."

Em meio à visão turva, uma mão apareceu. Não era sua. Uma mão grande. Esticando em sua direção.

Chuuya se encolheu. A superfície às suas costas era dura. Gelada.

Palavras abafadas flutuaram em seus ouvidos. A mão não insistiu. Parou em sua linha de visão e ficou ali. A palma para cima.

"Chuuya."

Chuuya ofegou. Grandes olhos azuis, transbordados por água, se ergueram. Tinha uma pessoa em sua frente. O cheiro era familiar. A silhueta era familiar.

Sua luva perdida foi erguida a frente do seu rosto. Chuuya a agarrou sem pensar. Calçou a mão de volta onde pertencia. Escondendo aquela visão feia e nojenta de si mesmo.

Foi um choque. Um susto. Alguém tirou sem sua permissão. Mas agora estava de volta no lugar.

Chuuya fungou. Levou as duas mãos enluvadas para o próprio peito e apertou com força.

A pressão foi ancorando sua mente. Sua audição.

"Chuuya? Eu preciso que você respire."

Dazai.

"Osamu." — Chuuya se ouviu sussurrar. Piscou algumas vezes, até conseguir ver aqueles olhos castanhos familiares — "Como chegou aqui?"

"Você sabe onde estamos?"

Chuuya olhou em volta. As paredes eram brancas. O piso no chão era frio. Água pingava da torneira em intervalos demorados. Um banheiro.

Como Chuuya entrou ali, não conseguia lembrar.

Agachado no chão, mantendo uma boa distância entre eles, Dazai tombou a cabeça para o lado até fazerem contato visual.

"Respira comigo, Chibi." — pediu baixinho.

E Chuuya respirou com ele. Inspirou fundo. Segurou por alguns segundos. Soltou devagar.

Suas pernas encolhidas relaxaram um pouco. A pressão na cabeça diminuiu.

The Night Know Our SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora