Capítulo 15

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Nota da Autora: esse capítulo tem bastante do Mori e sinto que a presença dele é aviso de gatilho o suficiente

༄✦༄

Jantares eram tradicionalmente eventos empolgantes para Chuuya. Muita comida, bom vinho, uma noite agradável batendo papo com convidados simpáticos.

Nada disso aconteceria naquela noite. Mori estava longe de ser simpático. E longe de ser convidado também. Chuuya assistiu Paul enviar uma mensagem de texto confirmando a visita e quase vomitar logo em seguida. Chuuya já tinha ouvido que os Nakahara eram dramáticos.

Ele calçou botas Classic Wyatt da Gucci, sentado no banquinho de veludo dentro do closet. Ao ficar em pé, examinou sua parede de chapéus. Seria uma ótima desculpa para esconder os olhos. Mas apenas esse pensamento o fez decidir não usar. Não era covarde. E não tinha nada a esconder de Dazai. Seria um jantar agradável.

Saindo do closet para o centro do seu quarto, olhos azuis recaíram na pintura. Primeiro Fôlego. Pendurada acima da sua mesa de escrita. Toda vez que a via uma sensação sufocante atomava seu peito. Um desejo tão profundo e violento que o deixava sem saber o que fazer. Chuuya odiava não ter ideia de como agir.

Respirou fundo. Havia um motivo para Dazai ter pintado aquele cenário. Devia haver.

O som da campainha ecoou pela casa. Eles chegaram.

Chuuya desceu devagar. Não estava com pressa. Não estava ansioso. Chegou ao térreo e não demorou para ouvir vozes no hall de entrada. A primeira pessoa que viu foi Mori. Retirando o sobretudo preto e cachecol vermelho para entregar ao empregado que penduraria os casacos.

"Chuuya você está absolutamente deslumbrante." — Mori elogiou — "Eu estava prestes a contar ao seu irmão que pensamos em trazer uma garrafa de vinho para os anfitriões, mas achamos que seria um pouco desrespeitoso."

Ao seu lado, Akutagawa inclinou a cabeça num cumprimento leve, as jóias de prata balançando.

"Senhor Nakahara."

"Vamos para a sala de jantar." — Paul anunciou — "Não queremos que a comida esfrie."

Arthur guiou o caminho com um sorriso suave e cabelos pretos caindo às costas. Os quatro se afastaram e só então Dazai ficou visível. Chuuya não se sentiu prender o fôlego.

Mechas de cabelo castanho caíam sobre sua testa e tocavam o alto das bochechas. Sua camiseta preta de gola alta se agarrava aos músculos do ombro e a calça era social e xadrez, numa mistura de preto e azul marinho. Simples. Elegante.

Os olhares dos dois se esbarraram e fixaram um no outro como cola.

"Sinto que seu irmão não está muito entusiasmado em nos receber." — Dazai comentou.

"Acho que ele quer que a noite termine o mais rápido possível."

Dazai repuxou o canto da boca em um sorriso mínimo.

"Não posso culpá-lo."

Os dois se puseram a caminhar, atravessando o corredor até a sala de jantar em silêncio.

"Uma casa adorável vocês têm." — Mori dizia quando se aproximaram — "Não tive a oportunidade de ver no dia que assinamos o contrato."

A mesa de dezesseis lugares estava posta para seis. Paul sentou a ponta da mesa. A postura rígida idêntica a quando precisava lidar com reuniões longas de trabalho. A visita de Mori era apenas isso. Trabalho.

"Obrigado." — Arthur respondeu, sentando-se à direita de Paul e em frente Mori — "Depois do jantar podemos fazer um tour. A maioria foi conservada do tempo dos pais do Paul."

The Night Know Our SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora