Capítulo 14

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Chuuya estava surtando um pouquinho.

Tinham se passado dois dias desde o beijo e todas as vezes que fechava os olhos era como se sentisse as mãos de Dazai no seu corpo de novo.

Eles não tiveram tempo para se ver mas as mensagens não pararam. Enquanto Dazai enviava um meme do Senhor dos Anéis, Chuuya perdia neurônios cerebrais tentando pensar em uma resposta apropriada. Ficava com a impressão de estar exagerando ou de não ser o suficiente. No fim, acabou desligando o celular.

"Então 'cê tá evitando ele." — falou Albatross. Ele se inclinava sobre uma pilha de caixas e estourou uma bolha de chiclete.

"Eu não tô evitando ele." — Chuuya protestou — "Só estive ocupado."

"E a última vez que não puderam se ver, vocês conversaram por videocall. Mas agora 'cê não quer que ele veja a tua cara." — Albatross retrucou.

Chuuya disparou um olhar traído para ele.

"Doc, onde você quer isso?"

As cortinas estavam abertas, deixando uma luz insossa entrar. Chuuya e os outros se reuniram para ajudar Doc com a mobília e decoração do seu novo escritório.

Normalmente ele trabalhava na casa dos clientes. Tinha até um quarto próprio na Nakahara Village. Mas decidiu que estava velho o suficiente para ter o próprio imóvel e comprou um bom lugar no centro e moraria no apartamento no andar de cima.

Os sofás e cadeiras eram feitos de um tecido bege acizentado, os outros móveis todos pretos. Doc estava com a cabeça enfiada dentro de uma gaveta embaixo da mesa.

"Na prateleira está bom." — ele respondeu com a voz abafada.

Chuuya tirou de dentro da caixa as molduras que exibiam os certificados da carreira de Doc e atravessou o escritório até a prateleira.

"Chuuya, — Lippmann trazia no ombro um tapete enrolado — não estamos te julgando."

"Eu tô te julgando." — Albatross murmurou.

Lippmann o olhou. Então empurrou o tapete nos braços dele e Albatross resmungou mas começou a desenrolá-lo no chão.

"Diga qual é realmente o problema." — Lippmann pediu.

Chuuya franziu a testa para a coleção de certificados. Iceman entrou no escritório carregando uma estátua preta de dois metros. Estilo abstrato.

"É vergonhoso." — Chuuya confessou, ficando de frente para eles.

Piano Man ajeitou um quadro na parede atrás da mesa.

"Vocês dois vão, literalmente, se casar." — ele pontuou. À luz aquosa do dia, seu cabelo branco brilhava, deixando mais nítidas as mechas pretas.

"Esse é o meu ponto." — Chuuya agitou a mão — "Não era pra ter nenhum tipo de pegação envolvida. Era só um casamento político."

"Aí 'cê beijou ele." — Albatross falou. Tinha terminado de arrumar o tapete e ficou por ali mesmo, os longos membros esticados no chão.

"Sim." — Chuuya respondeu a contragosto.

"E ele beijou de volta."

"Sim."

"Com língua."

"Sim."

"E 'cê gostou."

Chuuya deu um chute na perna dele.

"E daí que eu gostei, porra? Não é minha culpa se o filho da mãe sabe beijar bem."

"Talvez vocês devessem conversar." — Piano Man falou, apoiando ambas as mãos no encosto da cadeira de couro marrom, onde Doc se acomodou — "Sabe, como os adultos maduros que são."

The Night Know Our SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora