Como um vício do qual você tentou se livrar, a força total que ele volta tem um sabor incrível.
Chuuya e Dazai eram homens ocupados, e isso não mudou, mas também não significava que iam parar de ter contato.
Durante uma reunião da manhã, sobre os fundos da campanha da reeleição de Mori, Dazai escreveu: "meu novo sonho é me enforcar com uma linda vista para o mar mas acho que vou morrer de tédio antes", e logo em seguida uma foto da mesa comprida rodeada por engravatados.
Chuuya estava no centro da cidade e respondeu com uma selfie em que no fundo o outdoor projetava Dazai fazendo propaganda dos relógios da Bvlgari. Mais tarde, decidiu publicar a foto. Ele ainda era o único postando coisas de casal, porque isso atrapalharia a estética da conta de Dazai. E o mundo moderno respira estética.
Eles não se importavam se a resposta chegava depois de cinco ou oito horas. Às vezes Chuuya estaria acordado à meia-noite, com um livro aberto na cama e tirava foto de uma frase engraçadinha na página.
Ou Dazai, três da madrugada, reclamava que a geleia de morango acabou e Oda se recusou a ir comprar mais pro seu lanchinho da noite. Chuuya não demorou para entender que Dazai sofria de insônia, já que as horas em que estava mais ativo nas mensagens era de madrugada.
Talvez usar vício como comparação não fosse a melhor das ideias, apesar disso Chuuya não podia negar que parecia um. A forma como em todos os pequenos intervalos de trabalho, seu celular se materializava na sua mão, ansioso para checar que tipo de absurdo Dazai mandara.
Uma vez foi uma fanfic sobre os dois que encontrou em algum site obscuro. Outra, foi uma selfie com o cartaz de Chuuya fazendo publi do novo modelo de celular. Outra, uma análise detalhada sobre porquê o emoji de guarda-chuva parecia um pênis.
Chuuya se recusava a admitir que sorria toda vez que via uma notificação de Dazai chegar.
A próxima vez que se viram pessoalmente foi no camarote de um jogo de futebol. Chuuya não sabia porquê estava ali. Não entendia nada deste esporte. Mas fazia parte das aparições públicas dos dois.
Atrás de uma parede de vidro. Poltronas pretas em duas fileiras. Uma tela gigante por onde podiam assistir o jogo se quisessem ver com zoom. E uma mesa com lanche fresquinho, de onde Dazai buscou uma bandeja cheia.
Os dois foram posicionados na primeira fileira e Dazai sentou à esquerda de Chuuya, depositando a bandeja entre eles, no braço conjunto das poltronas.
"Sério?" — Chuuya encarou. Todas as guloseimas tinham uma mordida descarada — "Tavam envenenados por acaso?"
Dazai ainda mastigava.
"Infelizmente não."
Chuuya se limitou a um revirar de olhos. Não se importava se a boca de Dazai passou por ali, acabaria no seu estômago de qualquer jeito.
"Por que a gente tá aqui?" — se serviu de uma noz caramelizada — "Não é como se meus fãs gostassem de esportes."
"Precisamos mostrar interesse pelo espírito da comunidade esportiva do nosso país." — Dazai recitou como se tivesse decorado a página de um livro.
Era um raro dia de sol. Raios quentes se estendiam alegremente pelas arquibancadas ao redor do campo. Todas cheias. No camarote também havia um burburinho constante de Influencers com suas câmeras na mão e eleitores do partido de Mori. Além de Iceman e Oda, na fileira atrás de Chuuya e Dazai. Iceman cochilava plenamente.
"Você ao menos sabe pra quem deveríamos estar torcendo?" — Chuuya questionou.
"Os de roxo, é claro."
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The Night Know Our Secrets
Hayran KurguChuuya sempre soube que seu casamento seria arranjado. O que ele não esperava era seu noivo ser o homem mais irritante da face da terra e por todo o mundo da internet ficar obcecado com o relacionamento dos dois.