Capítulo 6

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No porão da Nakahara Village, ficava uma saleta retangular. Usada para degustação de novas linhas do Corruption ou pequenas confraternizações.

Havia o bar, com uma longa prateleira abarrotada de bebidas alcoólicas e algumas garrafas raras que Paul proibia qualquer um de abrir. Mesas redondas cobriam o cômodo, de madeira tão escura quanto as paredes.

Não era arejada. Nenhuma das janelas abriam, sendo apenas compridas e finas, de vidro embaçado pelo frio do lado de fora e calor morno do lado de dentro.

"Eu ouvi isso direito?" — Chuuya indagou.

Ele estava sentado a mesa do canto, numa das cadeiras antigas que tinham essa aparência de acabada e prestes a quebrar a qualquer segundo.

"Chuuya, é importante." — Lippmann insistiu — "E ter um motorista particular não é algo ruim. Eu chequei o histórico de Hirotsu, ele está limpo e também é muito bom no trabalho que faz. Diante dos recentes acontecimentos — ele apontou para o tablet aceso em cima da mesa, a tela aberta na matéria recém postada pelo Eye of Hawk — Ango e eu decidimos que manter vocês dois longe do volante, seria mais seguro."

"Rá!" — veio a exclamação debochada de Albatross.

Chuuya o olhou de cara feia. Albatross ria por ser o único ali, além de Chuuya, a saber que o fiasco no evento de Oguri não era o primeiro problema que tiveram relacionado à carro. E uma matéria num jornal online não chegava perto da quase prisão de Chuuya.

"Não foi minha culpa." — Chuuya se defendeu — "O imbecil do Dazai teve a ideia e era ele dirigindo."

"E ainda assim, você concordou." — Piano Man pontuou.

Estavam os seis sentados ao redor da mesa redonda. Albatross passou por trás de Chuuya para chegar na cadeira entre ele e Lippmann. Tinha buscado uma nova garrafa de vinho no bar.

As lâmpadas amarelas do teto não projetavam luz suficiente no ambiente, e por isso havia uma pequena vela branca, já pela metade, acesa no centro da mesa.

"Dazai — Iceman tirou o charuto da boca e fumaça se espalhou no ar entre eles — parece ser um homem inteligente que toma decisões aparentemente burras apenas pelo prazer de irritar os outros." — seu único olho bom fixou em Chuuya — "Pareceu para mim, que ele estava te testando."

"Alguém com peito suficiente pra irritar nosso Chuuya de propósito?" — Albatross assoviou, virando a garrafa de vinho e enchendo sua taça — "Eu tenho que ficar amigo desse cara."

Chuuya e os outros o encararam.

"Quê?" — Albatross depositou a garrafa com um baque baixinho na mesa.

"Essa taça é para vinho branco." — Piano Man explicou.

"Ah, foda-se." — disse ele, bebendo um gole generoso — "Vai acabar na minha barriga de todo jeito."

Chuuya balançou a cabeça. Se Paul estivesse ali teria começado um discurso de três horas sobre etiqueta de vinho e o jeito correto de degustá-lo.

"Não foi isso que eu quis dizer." — Iceman continuou, apoiando o tornozelo de uma perna sobre o joelho da outra — "Dazai não estava tentando irritar Chuuya."

Chuuya entendeu. As ações de Dazai passavam a vibe de quem esperava uma reação específica. Aquela performance não foi para o público ou vender mais carros. Foi para Chuuya. Para ter certeza se ele colaboraria com a ideia absurda.

"Seja lá o que se passa dentro daquela cabeça fodida, ele tá muito enganado se pensa que vai conseguir me atingir." — Chuuya se recostou na cadeira de madeira — "Foi ele quem concordou com o casamento que Lippmann propôs. Se se arrependeu, vai ter que ser alto e claro sobre, porque não vou ser eu a desistir do acordo."

The Night Know Our SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora