Capítulo 22

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Não importava a lástima que fosse, a folga nunca duraria para sempre.

Cedo demais tiveram que dizer adeus aos cavalos e à Kenji e voltar para a vida agitada que os esperava como se nunca tivessem se afastado.

"Chuuya, — Lippmann chamou em tom de aviso — saia do celular, por favor."

Chuuya bufou mas bloqueou a tela do aparelho.

"Isso tudo é pra quê?"

Estavam na mansão de Mori — a mesma onde a festa de aniversário de Dazai aconteceu — atravessando os intermináveis cômodos com paredes entulhadas de fotos de Mori apertando a mão de famosos. Era meio macabro. O mesmo sorriso sinistro em todas.

"É uma pequena confraternização para os eleitores e os amigos políticos mais íntimos." — Lippmann respondeu — "Um agradecimento pelo apoio de todos. Mori insistiu."

"Mori pode ir se foder. Tô pouco me fodendo para o que aquele escroto quer. Tenho tanto trabalho pra fazer e ele quer que eu jogue croquet com homens velhos e brancos da política? Que inferno."

Tirar férias era ótimo até você voltar para casa para uma pilha de serviço esperando. Já podia imaginar a dor nas costas por ter que trabalhar até de madrugada para recuperar o tempo perdido. E Mori só estava piorando a situação.

Lippmann o guiou para uma das salas de estar. Portas de vidro levavam ao quintal dos fundos para campos verdinhos, e pela janela dava até para espiar um jardim elaborado com arbustos em formato de cisnes e um chafariz.

"Algum motivo específico pela antipatia ou faz parte do seu ódio por políticos?"

Como flashs de filmes, as memórias de Dazai contando sua história tomaram a mente de Chuuya. No entanto, ele nunca repetiria em voz alta o que lhe foi confiado.

"Não importa. Temos trabalho a fazer."

Chuuya empurrou as portas duplas e saiu para o ar fresco. Imediatamente bombardeado pelo som distante de piano e conversas paralelas. Como dizia Måneskin: Bem-vindo à cidade das mentiras, onde tudo tem um preço.

"Chuuya!" — Elise apareceu correndo com o cabelo loiro ao vento. Ela agarrou Chuuya pela mão e o girou — "Eu estava te procurando. Sorria."

Chuuya obedeceu à tempo de uma câmera profissional capturar seu rosto. Elise riu e voltou a correr, levando o Fotógrafo consigo.

Chuuya se sentia no cenário da série Dynasty. Desceu as escadas de pedra para o gramado macio e verdinho, porque até a grama precisava estar perfeita.

Passou por Akutagawa que subia os degraus com uma taça de champanhe rosa na mão. Os dois acenaram um para o outro sem trocar palavras.

Parecia que Chuuya estava fadado a uma emboscada no momento em que saiu pela porta, porque em seguida veio uma interação que só serviu para arruinar ainda mais seu dia.

"Nakahara." — um dos políticos de rosto genérico acenou em sua direção — "Eu estava esperando por uma oportunidade de te conhecer. Veja, eu também estou no ramo dos vinhos. Mori deve ter mencionado-"

Por sorte, Chuuya foi salvo da conversa quando Q surgiu por entre os convidados.

"Chuuya!" — a criança correu em sua direção e pulou em seus braços. Pego de surpresa, quase caíram os dois no chão — "Olha minha boneca nova!"

Pelo canto do olho Chuuya notou duas coisas: os convidados da festa assistindo a cena com expressões satisfeitas e cochichando entre si. E também um outro Fotógrafo tentando conseguir o melhor ângulo deles.

The Night Know Our SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora