Capítulo 16

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E continuou acontecendo.

Todos os eventos que atendiam juntos, achavam um jeito de sair de fininho por cinco ou dez minutos e se esconder em um canto para trocarem uns beijos.

Chuuya teve que checar a própria temperatura porque talvez estivesse doente e não sabia. Não havia outra explicação para a forma como seu corpo gritava pelos toques de Dazai em cada segundo dos dias. Como se sua vida não existisse antes disso? Como se não conseguisse respirar antes disso?

Era estúpido pra caralho. Dazai era só um cara. Um cara estúpido que estava fazendo seu cérebro de escritor mergulhar nos pensamentos e cenários mais imundos, que deixariam uma pessoa sã em estado de choque.

Tipo quando Yosano fez um show pequeno no parque de diversões. Era um show de caridade e o dinheiro dos ingressos seria doado para orfanatos. No meio de uma música famosa, Yosano destruindo no microfone e os fãs gritando, Dazai arrastou Chuuya para a roda-gigante e os dois saíram de lá desarrumados de um jeito bem óbvio.

Ou quando compareceram ao Pride Dinner. Basicamente todas as celebridades abertamente da comunidade LGBTQIA+ foram convidadas para comer, participar de jogos amigáveis e então fazer ou assistir discursos sobre como foi sua experiência saindo do armário.

No fim do jantar, cada convidado levava para casa uma caixa repleta de produtos das marcas que patrocinaram o evento. Corruption foi um dos patrocinadores.

Chuuya e Dazai se mostraram competitivos e venceram todos os jogos da noite.

Estava se tornando um problema. Cada tempo livre que eles tinham, cada pequena hora de respiração em sua agenda lotada, eles passavam um com o outro.

O que acabou chamando a atenção de Paul.

"Você quase não fica mais em casa." — ele comentou, com aquela pontada de acusação.

"Eu estou tentando manter um casamento político aqui." — Chuuya respondeu.

E essa foi a maior mentira que já contou em toda sua vida de irmão mais novo.

Não se importava com o casamento arranjado. Na real nem se lembrava disso quando tinha as mãos de Dazai em sua cintura ou embrenhada nos cabelos ou agarrando sua bunda. E sua boca no seu pescoço e—

Chuuya necessitava de um banho frio. Urgentemente. Era racional o suficiente para entender que estava se metendo numa confusão das grandes. Mas ele se importava?  Não quando os olhos castanhos de Dazai estavam nos seus.

E foi assim que acabaram no evento de inauguração que Mori estava sediando. A Biblioteca Mori & Co.

Graças à Arthur e seu jeito com as palavras, o jantar daquela noite não acabou em desastre. No meio do terceiro prato de Suflê de chocolate, Akutagawa apareceu procurando por eles e avisando Dazai que já estavam indo embora.

Mori foi aconselhado a manter suas estratégias de marketing exclusivamente nos emails e ficou decidido que reuniões familiares não aconteceriam. Nunca mais.

Se dependesse de Chuuya e Paul, Mori teria saído da Nakahara Village com um olho roxo e arrastado pela orelha por Iceman. Mas ainda havia o contrato. E boas maneiras precisam ser seguidas caso não quisessem ser processados.

Então foi esquecido. Como se nada tivesse acontecido. Desde o começo Chuuya tinha deixado claro que seu "negócio" era com Dazai. Ignorar Mori não fazia uma puta diferença.

Chuuya cruzou os braços e apertou os lábios para esconder um bocejo. Um homem branco de meia idade estava no alto de um banquinho improvisado, fazendo um discurso de agradecimento para Mori. A Biblioteca Mori & Co. se tratava de uma biblioteca pública na mesma rua de duas escolas de classe baixa.

The Night Know Our SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora