Entre Curvas e Emoções • Charles Leclerc & Lando Norris

Capítulo 2

Narrador

Chiara estava exausta, mas ainda estava ocupada arrumando suas coisas no antigo quarto. A madrugada já havia chegado, mas ela não conseguia encontrar o sono. Por mais que seu corpo estivesse exausto da viagem, sua mente não parava de reviver memórias antigas em cada cantinho da casa.

Ao olhar para as cortinas puxadas, ela hesitou, pensando que ele não estaria acordado. Mas ao abrir as cortinas, lá estava ele.

Charles Leclerc sentado na sacada do lado de fora, com um livro em mãos, exatamente como costumava fazer quando eram mais jovens.

Chiara assovia e, como as casas não ficavam muito distantes, ele rapidamente olha por cima do livro para ela. Com sinais secretos que eles inventaram, ambos saem das sacadas e se encontram.

Ela veste um moletom e sai de fininho do quarto, e na outra casa ele faz o mesmo. Assim que colocam os pés para fora, seguem até se encontrarem no quintal dele.

Finalmente, chegam ao mesmo local e se sentam em um dos bancos de madeira acolchoados que Hervé tinha feito, quando eles ainda era crianças.

— Você ainda tem dificuldade para dormir à noite? — Chiara pergunta, ajeitando-se no banco.

Enquanto Charles pega uma das mantas de sua mãe e a estende para eles antes de se sentar.

— Sim, ainda tenho alguns pesadelos. — Charles admite para a menina de cabelos escuros.

Era fácil falar com Chiara, ele não conseguia esconder nada dela desde que eram crianças, os dois brincavam até que tinham telepatia, pois sempre sabiam o que o outro queria falar em apenas um olhar. A verdade é que ele sabia todos os trejeitos de Chiara, como ela mordia a lateral da boca quando estava concentrada, o jeito que sempre olhava para o lado esquerdo quando mentia.

Ele nunca precisou esconder seus medos dela. Desde a morte de Jules, Chiara ficava todas as noites com Charles sentado do lado de fora da casa. Ela esperava ele dormir para sair dali, e quando não dormia com ele nesse mesmo banco, porque Charles tinha pesadelos com o acidente.

— Jules faz falta todos os dias. — Chiara fala antes de se encostar no peito de Charles, que suspira pela proximidade dos dois. — Posso admitir algo para você?

— Sempre, Chi. — Charles diz, passando seus braços ao redor dela. — Sou seu melhor amigo.

Era verdade, ele era seu melhor amigo desde o dia do seu nascimento. Chiara não tinha como esconder nada dele, ele sabia tudo sobre ela. E estar ali com ele após 4 anos, de uma forma tão reconfortante, apenas provava que eles sempre seriam assim.

— Estou com medo, Charlie. — Chiara diz com a voz carregada. Era a primeira vez que ela iria chorar desde que recebeu a notícia. — Ela não vai...

Chiara nem consegue terminar a frase antes de seus soluços substituírem suas palavras. Ela enfia a cara no peito de Charles, que se segura para não desabar ali. Ele também não estava preparado para lidar com essa situação. Não estamos falando de alguém qualquer, era Diana.

A madrinha dele, sua segunda mãe, a mulher que ele sempre contou as coisas primeiro.

— Ninguém está preparado, mas ela já saiu dessa uma vez. — Charles diz calmamente, tentando tranquilizar a menina em seu colo. — Mas eu vou estar aqui com você o tempo todo, não vamos sair mais do caminho um do outro.

A noite termina entre eles, com Chiara chorando no colo de Charles. A conexão profunda entre os dois os torna uma força unida, preparando-os para enfrentar juntos os desafios que virão pela frente. A amizade  entre Chiara e Charles era inabalável, e eles sabiam que estariam unidos sempre.

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