Capítulo 27

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Chiara Grasso

Perder alguém é como antecipar a partida iminente, vivendo cada momento como se fosse o último. Diariamente, observava minha mãe, desejando absorver cada detalhe, como se aquela fosse a última vez que a veria.

Nesse jantar, cada um lidava à sua maneira. Charles inundava o ambiente com músicas que evocavam danças animadas com Pascale.

— Elas têm uma amizade tão bonita. — Lando sussurra, abraçando-me na noite fria de Mônaco.

— Minha mãe sempre disse que eram almas gêmeas. — Comento, observando-as balançarem no jardim.

O clima era ameno, mas carregado de angústia. Todos testemunhavam a vida dela desenrolar-se lentamente. Charles e Lando, em uma rara harmonia, contribuíam para sua felicidade.

— Eu preciso de um pouco de água.

Digo a Lando, escapando para dentro de casa. Evitava chorar na frente dela, precisava de um momento antes de retornar. No caminho, desvio para o escritório do meu pai, onde, ao fechar a porta, deixo as lágrimas fluírem.

Sentada, encolhida no chão, abraço minhas próprias pernas, tentando chorar silenciosamente. Não queria ninguém atrás de mim, apenas um instante com minha dor de vê-la partir.

Meus planos falham quando Charles se junta a mim no chão, puxando-me para seu abraço.

— Charles... — Suspiro, permitindo que lágrimas discretas deslizem por meu rosto, enquanto ele me aconchega em seu peito.

Charles me envolveu com a força gentil de seus braços, tornando-se o porto seguro no oceano tumultuado de emoções. O silêncio entre nós era pontuado apenas pelo sussurro do vento lá fora e pelos soluços suaves que escapavam de mim.

— Às vezes, a dor é tanta que fica difícil de segurar, não é? — Charles quebrou o silêncio, sua voz suave ecoando no meu pequeno refúgio do escritório.

Apenas concordei, incapaz de encontrar palavras enquanto me permitia desabar na presença reconfortante de Charles. Compartilhamos esse momento de vulnerabilidade, onde as lágrimas expressavam mais do que as palavras poderiam transmitir.

— Perder alguém que amamos é... indescritível. — Charles continuou, acariciando suavemente meus cabelos. — Mas estamos aqui juntos, e vamos passar por isso juntos.

Assenti, com o coração pesado, mas grata pela compreensão silenciosa que Charles oferecia. Nos afastamos um pouco, permanecendo sentados frente a frente. Em silêncio.

Era reconfortante, aquele silêncio. Charles era o menino que sempre esteve ali por mim, e era normal ter esses momentos com ele. Parecia que, a cada vez que estávamos assim, voltávamos a ser quem éramos um para o outro. Eu conhecia o menino diante de mim.

Ele soltou um longo suspiro antes de enxugar minhas lágrimas delicadamente e colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Você sabe que estive e sempre estarei aqui o tempo todo, certo? — Ele perguntou, ainda mexendo na minha mecha de cabelo.

Assenti, respirando fundo antes de desfocar meu olhar daqueles olhos, que sempre refletiram a luz do meu coração. Fechei os meus olhos antes de sentir um pequeno beijo na testa, e a respiração de Charles estava perto demais.

— Charles... — Chamei seu nome, sem coragem de abrir os olhos. Eu estava frágil, e ele sabia. Não era justo.

Quase me deixei levar pela minha fragilidade por um momento, mas sabia que me arrependeria. Afastei-me rapidamente, levantando-me em seguida e saindo dali.

Dirigi-me à cozinha, pegando um copo d'água, ainda digerindo o que acabara de acontecer. Não era justo, mas nada era justo quando se tratava de Charles Leclerc.

Ele não podia querer se aproveitar da nossa dor para isso, e ele sabia disso. Sabia como eu estaria naquele pequeno escritório, sabia que eu recorreria a ele. Porque sempre foi ele.

Mas não é mais.

Como se o destino quisesse brincar com a situação, ao mesmo tempo que Charles saía do escritório, Lando entrava na cozinha. Ambos se encararam antes de me olhar. Como se eu sempre estivesse sendo obrigada a escolher um caminho, e sem dar uma palavra, escolhi Lando rapidamente, porque nunca existiu dúvida. Ele conserta coisas que não foram quebradas por ele, não se aproveita de momentos, e não havia outra escolha a ser feita nesse momento.

Andei até Lando, que abriu os braços, e me escondi no meio do seu moletom.

— Seu pai concordou comigo que talvez hoje você devesse dormir em casa. — Ele disse, dando-me um beijo no topo da cabeça.

Aquele gesto simples, um abraço reconfortante e um beijo gentil, dissipou um pouco da tensão no ar. Caminhamos juntos em direção à saída da cozinha, deixando Charles para trás. Parecia que escolher Lando era mais do que apenas uma decisão naquele momento, era uma afirmação de quem eu queria ao meu lado, especialmente nos momentos difíceis.

— Eu só... preciso de você por perto hoje. — Minha voz mal sussurrou essas palavras, mas Lando entendeu. Seus braços apertaram-se levemente ao meu redor, proporcionando um conforto silencioso.

Lentamente, nos dirigimos para casa, um refúgio onde a presença de Lando prometia acalmar as tempestades internas. As luzes suaves do caminho iluminavam o caminho para um recomeço, mesmo que temporário, longe das sombras do hospital.

Ao chegarmos, a atmosfera era familiar, e Lando me guiou até o quarto. Ele não precisava dizer muito, pois suas ações transmitiam o apoio e a compreensão que eu precisava. Deixei-me cair sobre a cama, sentindo a exaustão física e emocional.

— Vou ficar aqui com você o tempo que precisar. — Lando falou suavemente, sentando-se ao meu lado.

Enquanto as lágrimas que segurava durante o dia começavam a escorrer, percebi que, mesmo no meio da tempestade, havia um porto seguro em Lando. E, naquela noite, ele permaneceu ao meu lado, silenciando as tormentas com a promessa de que, juntos, enfrentaríamos o que viesse pela frente.

•••

Team Charles or Team Lando?

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⏰ Última atualização: Jan 22 ⏰

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