Capítulo 18

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Chiara Grasso

Meus olhos encontraram os de meu pai e ele me envolveu num abraço acolhedor, guiando minha cabeça para descansar em seu colo. Tinha acabado de voltar de Montreal, onde Lando passou o dia inteiro ao meu lado, ajudando a organizar tudo para o evento de amanhã.

Agora, estávamos lá fora, eu e meu pai, no nosso cantinho especial, o jardim de rosas brancas que ele começara a cultivar no dia do meu nascimento. Enquanto contemplávamos as estrelas, desabafei com ele sobre tudo, sobre mim, Charles e Lando.

— Você gosta muito do Lando, não é? — Concordei com a cabeça, e um sorriso iluminou o rosto dele. — Isso é evidente, filha. Vocês dois parecem uma poesia de amor, cheia de versos calmos e repletos de carinho.

— Pai, para com isso. — Brinquei, rindo, e ele se uniu à minha risada. — Lando é a única pessoa capaz de fazer meu mundo parecer mais leve, mesmo nos momentos difíceis.

Ele acariciou meus cabelos com ternura.

— O amor tem esse dom, minha querida. Agora, quanto ao Charles, sempre tive a impressão de que ele gostava muito de você, mesmo quando estava envolvido com outras pessoas.

Suspirei, sentindo a frustração ressurgir.

— Mas ele nunca disse, só... — Olhei para o céu, relembrando como me senti quando ele apareceu com a Charlotte. — Lembra como fiquei naquela época? Saí da cidade na mesma hora, com você. Não acho justo, pai, ele simplesmente aparecer no meu quarto ou agir assim só porque me viu seguindo em frente.

— O amor raramente segue um roteiro justo, minha filha.

— Você sempre vai protegê-lo, não vai? — Perguntei, fitando-o, mas meu pai não respondeu. — Para mim, isso não parece ser amor, parece egoísmo. Se ele realmente me amasse, não estaria ainda namorando outra pessoa.

Meu pai permaneceu em silêncio por um momento, olhando para o céu estrelado como se buscasse inspiração nas constelações. Então, com uma voz serena, ele quebrou o silêncio:

— Filha, o amor é uma das coisas mais complexas da vida. Às vezes, as pessoas têm medo de enfrentá-lo, medo de estragar uma amizade ou medo de ferir alguém. Às vezes, o tempo não é o certo, ou as circunstâncias não permitem que ele floresça como deveria.

Eu ouvia cada palavra de meu pai atentamente, sabendo que ele tinha uma sabedoria única para essas situações.

— A verdade é que o amor pode ser egoísta, mas também pode ser altruísta. Às vezes, as pessoas precisam de um empurrão para perceber o que está bem diante delas. Você está seguindo o seu coração, e isso é o que importa. Quanto a Charles, ele terá que lidar com suas próprias escolhas.

Olhei para meu pai, seus olhos refletindo a sabedoria adquirida ao longo dos anos.

— O que importa é que você esteja feliz, minha querida. Você merece encontrar o amor que a faça sentir-se completa.

Aconcheguei-me mais perto dele, sentindo o calor e o conforto de suas palavras.

— Obrigada, pai. Eu te amo muito.

Ele beijou minha testa gentilmente.

— Eu também te amo, Chiara. Agora, vamos continuar apreciando as estrelas. O universo sempre tem uma maneira de nos mostrar o caminho.

E naquela noite, enquanto observávamos as estrelas cintilando no céu noturno, senti uma sensação de paz e gratidão por ter um pai tão compreensivo e amoroso ao meu lado.

•••

Minha mãe havia escolhido tanto o meu vestido quanto o traje de Charles. Eu usava um elegante vestido branco, longo e estruturado, com uma fenda ousada, enquanto ele estava impecável em um smoking preto. Minha mãe estava radiante enquanto nos posicionávamos para mais uma foto capturada pelo seu celular.

— Meus belos meninos. — Ela disse com um sorriso largo. — Agora, Charles, dê um beijo no rosto da Chi.

Charles sorriu gentilmente enquanto se aproximava de mim e, com toda a delicadeza, depositou um beijo suave no meu rosto. O gesto era cordial, mas não passava despercebido o toque de carinho nele.

— Com todo o prazer, Sra. Grasso. — Ele respondeu educadamente, fazendo com que minha mãe risse.

— Ah, você é um verdadeiro cavalheiro, Charles. — Ela elogiou, enquanto continuava a tirar fotos nossas. — Meu príncipe.

Enquanto posávamos para as fotos, eu não pude deixar de notar a tensão que Charles estava tentando disfarçar. Era óbvio que a presença dele naquele evento não era apenas uma cortesia social.

— Eles têm que ir, querida. — Meu pai disse com um sorriso no rosto.

Agradeci silenciosamente pela intervenção dos meus pais, pois a atmosfera entre Charles e eu não estava bem desde a conversa interrompida que tínhamos tido. Enquanto ele se despediu deles, afastei-me em direção ao carro que nos aguardava do lado de fora.

Enviei uma mensagem para Lando, informando que estava indo para o evento, e ele se encontraria comigo lá dentro Charles, por outro lado, iria acompanhar-me pelo tapete vermelho. Assim que encerramos nossa breve conversa com meus pais, ele entrou no carro.

— Você não precisa fugir de mim, Chiara. — Ele disse com um tom de frustração, e eu me recusei a olhá-lo.

— Eu não estou fugindo de você! — Minha voz elevou-se em resposta.

— Você tem fugido de mim desde que se mudou para Florença.

Aquela afirmação acendeu um fogo dentro de mim. Como ele ousava colocar a culpa em mim? Minhas emoções transbordaram, e minhas palavras saíram em um turbilhão de raiva e dor.

— Fugir, Charles? — Eu praticamente gritei, ignorando completamente o motorista. — Você foi quem fugiu de nós quando apareceu com a Charlotte! Você sabe o que você é? Um covarde. Um covarde consigo mesmo, por nunca ter admitido nada para mim. Continua namorando alguém que não ama, com medo de ficar sozinho. Mas eu, Charles, não fugi de você. Eu apenas estava magoada demais para ficar, e, ao contrário de você, eu não fujo dos meus sentimentos. Porque eu não estou fugindo de Lando!

Entre Curvas e Emoções • Charles Leclerc & Lando Norris Onde histórias criam vida. Descubra agora