Chiara GrassoMais uma vez, meus olhos fixam-se no pôr do sol à minha frente, e minhas pinceladas ganham vida no quadro que está diante de mim. As cenas do final de semana ecoam em minha mente, e embora a paisagem seja deslumbrante, minha tela captura a melancolia que tomou conta de mim ao testemunhar a desclassificação de Charles na corrida. Era como se Mônaco, o lugar dos seus maiores desejos de vitória, conspirasse contra ele.
Por outro lado, Lando conquistou o terceiro lugar, e suas palavras nas entrevistas me fizeram sorrir. Era evidente que eu era a "torcedora de pé quente" a quem ele se referia, principalmente após a mensagem que ele deixou no meu celular, agradecendo por seu "amuleto da sorte" ter retornado.
Lando sempre associou minha presença às suas vitórias quando éramos mais jovens. A cada corrida que eu assistia, ele parecia triunfar, e ele costumava brincar que eu era o elemento que faltava para sua sorte. No entanto, houve um episódio marcante, quando Charles, movido por ciúmes, deliberadamente colidiu seu kart com o de Lando, após Lorenzo revelar que eu havia dado meu primeiro beijo.
Enquanto mergulho em memórias do passado, minha mãe surge ao meu lado. Sua presença suave é como uma brisa gentil, e ela se abaixa, depositando um beijo carinhoso em minha bochecha.
— Pascale nos convidou para um jantar antes que os rapazes partam novamente pelo mundo. — Ela fala, ajustando-se atrás de mim e afagando meu cabelo, evocando lembranças de minha infância. — Você poderia convidar Lando, percebi como ele sorriu para você durante a corrida.
Suspiro, balançando a cabeça suavemente, antes de me voltar para minha mãe. Seu lenço na cabeça é um testemunho das batalhas que enfrenta contra a quimioterapia, mas seu espírito permanece inabalável.
— Mãe, é uma questão de família. Estou certa de que Lando tem seus próprios planos. — Digo, depositando um beijo afetuoso em sua mão, que agora está mais magra. — Mas ele me convidou para um almoço amanhã.
Um sorriso radiante ilumina o rosto de minha mãe, e suas palavras ecoam com seu entusiasmo característico. Sempre incentivando-me a abraçar a vida plenamente, ela me lembra de sair da minha zona de conforto e explorar novas experiências.
— É apenas um almoço. — Comento com um sorriso, arrancando uma risada dela. — Mas agora, devemos nos aprontar? Tia Pascale adora quando chegamos pontualmente.
Com um novo ânimo, nos levantamos para nos preparar para o jantar, deixando para trás a tranquilidade do pôr do sol e nos encaminhando para um encontro que promete trazer à tona novas reflexões e sentimentos inesperados.
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Narrador
Os cabelos escuros de Chiara capturam o luar enquanto ela se recosta na parte do jardim da casa. Silenciosamente, Charles se aproxima, pegando uma das cobertas antes de se dirigir ao banco onde ela está. Ela parece ter encontrado um refúgio ali após o jantar.
— Sabia que não dá para fugir sempre para cá, não é? — Charles se aproxima, provocando um leve riso de Chiara.
— Não é uma fuga, apenas meu cantinho favorito nesta casa. — Ela dá de ombros, apontando para o espaço ao seu lado. — E Charlotte, onde está?
Charles suspira antes de responder, estendendo a coberta sobre suas pernas. Senta-se com uma postura ereta, contemplando as estrelas que pontilham o céu noturno.
— Era um momento familiar. — Ele responde, observando Chiara com uma expressão interrogativa. — O quê?
— Charlotte é sua namorada, o que a torna parte da sua família. — Chiara diz, mas Charles balança a cabeça negativamente. — Minha mãe sugeriu que eu convidasse Lando. — Um olhar confuso de Charles a encara. — Mas assim como você disse, trata-se de um momento familiar.
Uma pontada de desconforto se espalha pelo estômago de Charles. Em vez de se calar como Chiara, ele decide sondar, tentando desvendar a complexidade do assunto.
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Narrador
Enquanto Chiara e Charles conversam sob o luar, o ar fica impregnado com uma tensão quase palpável. O normalmente confiante e equilibrado Charles está demonstrando um comportamento diferente, algo que ele próprio não consegue entender completamente. Seus olhos azuis, geralmente tão calorosos e amigáveis, agora parecem esconder algo mais profundo, algo que ele não consegue expressar.
A conversa entre eles flui, mas a tensão persiste. Charles se sente inquieto, como se algo o estivesse incomodando profundamente. Ele tenta manter a compostura, mas é evidente que algo o perturba.
— Ele me chamou para almoçar amanhã. — Chiara diz casualmente, testando as águas.
O olhar de Charles se estreita, e sua mandíbula se contrai por um breve instante antes que ele consiga responder, embora sua voz soe mais seca do que o habitual.
— Você vai? — Sua pergunta sai quase como um desafio.
Chiara levanta um de seus característicos ombros, embora Charles não possa vê-los claramente na escuridão.
— Por que não deveria? — Sua resposta soa neutra, mas há um traço de desafio em sua voz.
A tensão entre eles é quase palpável. Charles parece estar em conflito interno, e Chiara está determinada a descobrir o que está acontecendo.
— Eu só... — Ele começa a dizer, mas Chiara, provocadora como sempre, decide cutucá-lo um pouco mais.
— Charles, você está com ciúmes? — Ela pergunta, seu tom desafiador.
Ele franze a testa, parecendo pronto para negar, mas então solta um suspiro e desvia o olhar para as estrelas.
— Talvez. — Sua resposta é quase um murmúrio, como se ele estivesse relutantemente admitindo algo que preferiria não admitir.
Chiara não pode evitar um leve sorriso. Ela conseguiu arrancar uma confissão de Charles Leclerc, o piloto de Fórmula 1 talentoso e confiante. Isso só a deixa mais curiosa.
— Charles, você sabe que as coisas não são mais as mesmas. — Ela diz, adotando um tom mais sério. — Nós crescemos, mudamos. Não podemos continuar agindo como se ainda tivéssemos quinze anos.
Ele solta outro suspiro, parecendo derrotado.
— Eu sei. — Ele finalmente admite, seus ombros relaxando um pouco. — Mas não significa que eu tenha que gostar disso.
Chiara coloca gentilmente a mão em seu ombro, em um gesto de conforto.
— Eu entendo, Charles. — Ela sussurra, olhando diretamente nos olhos dele. — Também sinto falta dos velhos tempos. Mas talvez possamos encontrar um novo equilíbrio, uma nova maneira de sermos amigos.
Ele finalmente olha para ela, e um sorriso leve aparece em seus lábios.
— Eu adoraria isso. — Ele diz sinceramente. — Só... prometa que não vai deixar Lando me substituir como seu melhor amigo.
Chiara ri suavemente, seu coração aquecido pela familiaridade da conversa.
— Você nunca será substituível, Charlie. — Ela responde, usando o apelido antigo que ambos adoram. — Você é o meu primeiro e único melhor amigo, lembra?
Os olhos de Charles encontram os dela, e por um momento, toda a tensão desaparece. Eles estão juntos novamente, como sempre estiveram. Duas crianças crescidas, enfrentando mudanças, mas ainda mantendo o vínculo especial que compartilham desde que eram pequenas. O ciúmes de Charles apenas reforçou isso, lembrando-os de que algumas coisas nunca mudam.
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Entre Curvas e Emoções • Charles Leclerc & Lando Norris
FanficEm meio ao cenário emocionante das corridas de Fórmula 1 e às ruas pitorescas de Mônaco, Chiara Grasso retorna à sua cidade natal após anos de ausência. Com sua mãe enfrentando uma batalha contra o câncer e memórias antigas ressurgindo, Chiara se vê...