Chiara GrassoLando venceu o GP de Silverstone, a corrida foi incrível, ele duelou com o Max e levou o primeiro lugar com maestria. Antes de entrar no carro, ele me deu um beijo rápido e sussurrou que essa seria a primeira vitória para mim. Ele manteve o olhar determinado, como se já soubesse o resultado. Quando cruzou a linha de chegada, pude sentir a emoção. No entanto, nossa alegria foi efêmera.
Após o pódio de Lando, meu celular tocou. Antes mesmo de atender, lágrimas já enchiam meus olhos, pois sabia que meu pai não me ligaria sem um motivo sério. "Sua mãe está internada, acho melhor você vir", foram as palavras que fizeram meu mundo parar. Num piscar de olhos, tudo mudou.
De forma automática, com o coração apertado, compartilhei a notícia com Lando. Sem fazer muitas perguntas, ele já estava organizando um jato. Tudo aconteceu tão rápido, e eu estava tão fora de órbita que só me dei conta quando entrei no hospital e fui cercada por paredes brancas.
— Papai...
Apenas mergulhando em seus olhos, percebi que a notícia não trazia boas novas; ele não precisou pronunciar uma única palavra. O estado dela não era bom.
As mãos do meu pai me envolveram, como se ele soubesse que, se me abraçasse forte demais, poderia quebrar-me. Desabei em lágrimas em seu peito, sentindo suas mãos suaves acariciarem minhas costas. Já havíamos enfrentado situações semelhantes com outras pessoas próximas, mas ela era minha mãe.
Eu simplesmente não estava pronta para perdê-la.
— O tratamento não está tendo o efeito esperado, filha. E está sobrecarregando demais o coração dela. — Ele suspirou. — Os médicos estão fazendo o que podem, mas...
— Não termine essa frase, papai.
Ele segurou meu rosto entre suas mãos, olhando-me com uma tristeza que cortava meu coração. Mas antes que pudesse dizer algo, as mãos da Pascale me puxaram para ela.
— Nós não podemos desistir dela, Chiara. Eles vão continuar tentando. — Sua voz estava embargada, mas suas palavras tentavam trazer algum tipo de conforto. — E nós também.
— Não podemos deixá-la sozinha, qual o quarto?
Eu pergunto, afastando-me um pouco e observando ao redor. Foi só nesse momento que percebi que toda a família Leclerc estava no hall do hospital.
— Ainda não podemos subir, Chi. — Pascale falou calmamente. — Acho que ainda estão fazendo alguns exames.
Dito isso, me aproximei de Lando, que passou os braços ao meu redor antes de me puxar para sentar no sofá. Todos fizeram o mesmo, e enquanto eu deitava minha cabeça em seu peito, ele depositava pequenos beijos no topo da minha cabeça, como se quisesse dizer que tudo iria ficar bem. Era um gesto simples, mas naquele momento difícil, cada pequeno ato de carinho era um raio de luz em meio à escuridão.
•••
Narrador
Era como se o mundo de Chiara estivesse desvanecendo, e por mais cansada que ela estivesse, seus olhos não se fecharam por um segundo sequer. Diferente dos outros, que dormiam na sala separada que eles haviam conseguido; os médicos disseram que sua mãe precisava ficar em observação, mas ela já sabia o que estava acontecendo.
Seu corpo estava muito debilitado, e mesmo acreditando, sabia que seria difícil ela sair daquela situação. No entanto, Chiara não estava pronta para dizer adeus. As paredes brancas do hospital estavam a deixando louca, então nada melhor do que se refugiar na cafeteria do hospital.
— Você precisa dormir. — Ela tremeu ao ouvir a voz de Charles atrás dela.
Sem se virar, Chiara seguiu na mesma posição. Quando ele se aproximou e sentou ao seu lado, puxando a cadeira mais para perto, ela permaneceu absorta em seus pensamentos.
— Por que estamos passando por isso de novo? — Chiara perguntou sem olhar para ele. — Eu nem sei se o cara lá de cima realmente existe, porque não é possível que ele faria isso com a gente.
— Chi... — Charles suspirou antes de puxar o rosto dela para ele, vendo os olhos de Chiara sem o mesmo brilho de sempre.
— Jules, seu pai, agora a minha mãe. — Ela disse, chorando, ainda com as mãos dele em seu rosto. — Quem mais? Quem mais precisamos enterrar para isso parar? — E ele a puxou para um abraço forte. — Eu não aguento mais.
— Às vezes, a vida nos coloca à prova de maneiras que não entendemos. Não sei por que isso está acontecendo conosco novamente, Chi, mas estamos aqui juntos. E não importa o que aconteça, estaremos aqui um para o outro.
Chiara sentiu um nó na garganta, mas as palavras de Charles eram um bálsamo para sua alma cansada. Em silêncio, eles compartilharam olhares, encontrando consolo na companhia um do outro novamente.
— Eu não sei o que será do amanhã, mas agora, neste momento, estamos aqui. — Charles continuou, sua voz suave misturando-se ao choro de Chiara. — Eu vou estar aqui para você.
— Eu não quero que você esteja aqui por mim, se isso significa que nós temos que perder alguém. — Ela disse, olhando profundamente nos olhos de Charles.
Charles segurou o rosto de Chiara com ternura, respondendo com olhos que refletiam uma mistura de compaixão e determinação.
— Não estamos escolhendo isso, Chi. Às vezes, a vida simplesmente acontece, e temos que enfrentar cada desafio que ela nos apresenta. — Ele deslizou os polegares suavemente sobre as bochechas dela. — Mas eu escolho estar aqui porque me importo contigo, independentemente das circunstâncias. Você não está sozinha nisso.
Chiara suspirou, sentindo-se apoiada, mas ao mesmo tempo sobrecarregada pela maré de emoções.
— Charles, eu... eu não sei se consigo lidar com mais uma perda. — Sua voz fraquejou, e ele a abraçou ainda mais forte.
— Você não precisa lidar com isso sozinha. Estou aqui. — Charles murmurou. —E não importa o que aconteça, Chi, estarei aqui para você.
Eles ficaram ali, na penumbra da cafeteria do hospital, perdidos em um momento onde as palavras não precisavam explicar tudo. O silêncio entre eles era repleto de compreensão, uma conexão que transcendia as circunstâncias difíceis que enfrentavam.
O som distante dos monitores médicos misturava-se com a suave melodia da música que ecoava pelo corredor, como se o universo, por um instante, estivesse sussurrando que, mesmo nas estrelas mais distantes, há uma beleza serena em meio à escuridão.
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Entre Curvas e Emoções • Charles Leclerc & Lando Norris
Fiksi PenggemarEm meio ao cenário emocionante das corridas de Fórmula 1 e às ruas pitorescas de Mônaco, Chiara Grasso retorna à sua cidade natal após anos de ausência. Com sua mãe enfrentando uma batalha contra o câncer e memórias antigas ressurgindo, Chiara se vê...