Capítulo 6

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Chiara Grasso

Olho para minha mãe enquanto a retrato na tela, e mesmo com o cansaço marcado em seu rosto, seu sorriso ilumina a cena. O quadro estava ganhando vida, e era impossível não reconhecer a beleza extraordinária de minha mãe.

Ela era deslumbrante, de olhos claros, pele levemente bronzeada e lábios rosados. Não era surpresa que em sua juventude, ela tivesse experimentado a carreira de modelo.

— Terminei! — Anuncio, olhando para o retrato com satisfação.

Minha mãe se aproxima rapidamente, seus olhos brilhando de emoção enquanto ela observa a obra. Ela sempre fora minha musa inspiradora, e diversos quadros dela adornavam nossa casa, bem como a de meu pai.

— Amo ver a mim mesma através dos seus olhos. — Ela confessa, depositando um beijo suave em minha bochecha, lágrimas se acumulando em seus olhos. — Minha garota, sempre será minha menininha.

Ela segura delicadamente meu rosto e acaricia minha bochecha, antes de me abraçar com força. Nesse momento, as lágrimas começam a correr pelo meu rosto, e eu me permito chorar nos braços dela. Era um momento de amor e gratidão, capturado para sempre em minha pintura e em nossos corações.

Enquanto eu me deixava levar pela emoção nos braços de minha mãe, ouvimos passos se aproximando no jardim. Os olhares curiosos de minha mãe e eu se encontraram, e ela secou suavemente as lágrimas que escorriam pelo meu rosto.

A figura de minha tia Pascale surgiu na entrada do jardim com uma caixa na mão, e seu rosto se iluminou com um sorriso caloroso ao nos ver ali.

— Ah, olhem só para essas duas artistas talentosas! — Ela exclamou, sua voz ecoando no jardim. — O que temos aqui?

Minha mãe se afastou de mim, e eu limpei rapidamente as lágrimas, tentando parecer composta. Pascale se aproximou e examinou o quadro que eu havia pintado.

— Chiara, minha querida, você é uma artista incrível. — Ela disse, tocando gentilmente a tela. — E você, Diana, é a musa perfeita. Esse quadro capturou a essência da beleza de vocês duas.

Minha mãe sorriu com gratidão e segurou a mão de Pascale.

— Você é tão doce, Pascale. — Minha mãe murmurou.

Pascale riu, e sua expressão se tornou mais séria enquanto ela olhava para nós duas.

— Minhas meninas, a vida é uma obra de arte em si mesma, não é? — Ela comentou, com um brilho de sabedoria em seus olhos. — Cada momento é um traço no quadro da nossa história. E momentos como esse, onde a beleza é capturada, são verdadeiramente especiais.

Nós três permanecemos no jardim, apreciando o quadro e a companhia uma da outra, sabendo que tínhamos criado uma lembrança preciosa e uma obra de arte que celebrava a beleza da vida e do amor entre mãe e filha. Era uma tarde que jamais esqueceríamos.

Pascale, com sua característica sensibilidade, manteve sua atenção no quadro que eu havia pintado. Com um pequeno sorriso nos lábios, ela retirou uma caixa de fotos de um dos bolsos de seu casaco e a abriu. Parecia que ela já havia planejado essa visita ao jardim.

— O que vocês acham de tirarmos uma pequena viagem no tempo agora? — Ela sugeriu, com um brilho travesso nos olhos.

Minha mãe e eu nos olhamos com curiosidade, e Pascale começou a espalhar fotos antigas no banco do jardim. Eram fotos minhas desde a infância até a adolescência, momentos congelados no tempo.

Rapidamente, nos encontramos rindo e relembrando histórias de nossas vidas, e as fotos se tornaram janelas para o passado. Eu vi minha mãe jovem e radiante, seus olhos ainda mais brilhantes do que agora. Era uma visão incrível.

Pascale então pegou uma foto que me fez congelar. Era eu e Charles, ambos com cerca de dez anos, nos inclinando um para o outro enquanto brincávamos em uma árvore. Eu tinha meu rosto apoiado no ombro dele, nossos sorrisos eram genuínos e puros.

— Ah, essa é uma das minhas favoritas. — Pascale murmurou, olhando para a foto com carinho.

Minha mãe riu suavemente, relembrando.

— Lembro-me daquele verão. Vocês dois eram inseparáveis. — Ela disse, com um olhar significativo para Pascale.

Pascale concordou, parecendo ter muitas lembranças próprias.

— Vocês dois tinham uma conexão especial, uma amizade incrível. Às vezes, nós pensávamos que vocês eram namorados naquela época. — Ela admitiu com um sorriso afetuoso.

Eu corei levemente, e minha mãe riu.

— Ah, mas Charles sempre teve olhos para a Chiara. — Ela confirmou, fazendo com que eu olhasse para a foto com uma perspectiva completamente diferente.

A foto era um lembrete de que, desde o início, Charles e eu tínhamos compartilhado uma conexão especial. Era uma amizade que durava desde a infância, uma amizade que havia se tornado um vínculo forte e duradouro. Talvez, assim como Pascale havia sugerido, a vida estivesse nos dando pistas desde o começo.

Pascale, com uma expressão suave, pegou a foto de Charles e eu, olhando-a com ternura. A brisa da noite agitava os cabelos dela enquanto ela murmurava com um tom quase misterioso:

— As vezes, a vida coloca pessoas tão especiais em nossos caminhos, e é como se o destino estivesse nos dando um vislumbre do que estava reservado para o futuro. — Ela diz segurando minhas mãos.

As palavras dela ecoaram em meu coração. Era engraçado como a amizade que compartilhava com Charles era a base de tudo o que eu conhecia. Éramos como peças complementares de um quebra-cabeça. A ideia de que sempre estivemos destinados a algo mais do que amizade me intrigava.

Minha mãe olhou para Pascale com um sorriso brincalhão.

— Você sempre disse que Charles tinha olhos para Chiara, Pascale. Será que você sabia de algo que nós não sabíamos?

Pascale soltou uma risada suave, balançando a cabeça.

— Eu só via o que estava bem diante dos meus olhos, querida. — Ela respondeu com um brilho de sabedoria em seu olhar. — Às vezes, a simplicidade das coisas é o que torna tudo tão especial.

Naquele momento, enquanto folheávamos mais fotos da infância e ríamos das lembranças, eu me peguei pensando na ideia de que talvez a simplicidade da nossa amizade pudesse ser o que nos tornava tão especiais um para o outro. E o futuro, cheio de incertezas e possibilidades, parecia brilhar com uma promessa inexplorada.

Entre Curvas e Emoções • Charles Leclerc & Lando Norris Onde histórias criam vida. Descubra agora