Capítulo 3

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Chiara Grasso

Caminhava devagar ao lado de minha mãe e tia Pascale em direção ao box da Ferrari, onde os meninos estavam prestes a correr. Charles, com sua insistência cativante, me convenceu a acompanhá-lo na corrida. Meu pequeno Arthur já estava à frente, correndo e mostrando um desempenho surpreendente.

Estar de volta ao paddock de Mônaco trazia uma mistura de sentimentos. Reconhecia quase todos os rostos que cruzavam meu caminho, mas essa familiaridade também me lembrava como era impossível passar despercebida pelas ruas da cidade. Um suspiro escapou dos meus lábios, saudosa da tranquilidade de viver minha vida na Itália, onde podia caminhar sem medo de ser reconhecida a cada esquina.

Enquanto meus olhos percorriam o paddock, senti uma mão repousar suavemente em meu ombro. O susto inicial logo deu lugar a um sorriso ao ver o rosto familiar de Lando Norris.

— Sabia que tinha ouvido que você estava de volta. — Ele disse antes de me envolver em um abraço caloroso.

Lando Norris, meu primeiro beijo. A lembrança do garoto que roubou meu coração no jardim da minha casa, durante minha festa de quinze anos, surgiu vívida em minha mente. A pulseira de pérolas que ele me presenteou naquela noite ainda estava guardada com carinho.

— Lando! — Soltei um pequeno grito quando ele me girou nos braços. Percebi o olhar de minha mãe direcionado a nós, ela havia notado a chegada dele.

Lando tinha um lugar especial em nossos corações. Ele e minha mãe eram como metades que se complementavam, e mesmo após o breve flerte entre nós, ele continuou sendo um amigo próximo da família.

— Meu menino de ouro. — Minha mãe se aproximou e o abraçou com carinho.

Tia Pascale seguiu o exemplo, mas ambas logo nos deixaram a sós. Lando começou a caminhar ao meu lado.

— Como você soube que eu tinha voltado? — Perguntei, envolvendo-o com um abraço na cintura.

Lando olhou para os lados antes de soltar um sorriso travesso. Ele sempre fora um fofoqueiro incorrigível, além de ser a pessoa que mais me fazia rir.

— Charlotte estava com uma expressão emburrada esta manhã. Quando Arthur disse que a melhor irmã do mundo estava de volta, só precisei juntar as peças. — Lando comentou, e eu revirei os olhos.

— Lottie nem tenta disfarçar que não me suporta. — Dei de ombros, referindo-me à namorada de Charles. — Acho que ela torcia mesmo era para a Giada.

Lando soltou uma risada, contagiando-me.

— Pensei que você torcesse para você mesma. — Ele me olhou por cima dos óculos e eu revirei os olhos.

— Nós nunca tivemos nada, Lando. — Suspirei ao avistar o box da Ferrari se aproximando e minha família reunida ali.

Charles sorria e abraçava minha mãe, enquanto sua namorada atual fazia o mesmo. Desviei o olhar para Lando.

— Isso não impediu Charles de bater no meu kart quando descobriu que tínhamos nos beijado. — Lando brincou, e eu revirei os olhos novamente. — É ótimo te ver, love. — Ele parou à minha frente, retirou seu boné e colocou-o em minha cabeça. — Espero que você torça por mim.

Um beijo estalou em minha bochecha, deixando-me sorrindo enquanto o via se afastar na direção oposta à que eu seguia. Quando me virei, percebi todos me observando, e lá estava eu segurando o boné de Lando nas mãos, pronta para mais um dia no paddock de Mônaco.

Conforme eu me aproximava da minha família, a presença de Charlotte, namorada de Charles, ao lado dele, não passou despercebida. Um ar de tensão parecia pairar sobre eles quando perceberam minha abordagem, e uma onda de incerteza passou rapidamente pelos olhos de Charles, antes de ele mascarar seus sentimentos com um sorriso educado.

— E aí, pessoal? — Cumprimentei, lançando um rápido olhar para Charlotte antes de me concentrar em Charles. — A corrida está quase começando, hein? Está tudo certo?

Ele parecia surpreso com minha pergunta direta, mas logo soltou um suspiro forçado.

— Sim, Chiara. Estou um pouco distraído, mas tudo bem. — Sua voz soou um tanto tensa, como se estivesse segurando algo.

No entanto, suas palavras não foram convincentes o suficiente para me enganar. Havia algo mais acontecendo ali, algo que não estavam dispostos a compartilhar naquele momento.

— Estou ansiosa para a corrida. — Comentei, quebrando o silêncio incômodo enquanto abraçava minha mãe de lado, tentando aliviar a atmosfera tensa que pairava sobre nós.

Uma risada suave escapou dos lábios de Charlotte, e eu não pude deixar de perceber o brilho malicioso em seus olhos enquanto ela observava nossa interação. Charles, por sua vez, soltou um suspiro, como se estivesse debatendo internamente sobre o que dizer.

— Parece que você precisa decidir por qual equipe vai torcer hoje. — Ele observou, desviando o olhar para minhas mãos.

Mantive o boné de Lando entre os dedos, pensando nas palavras de Charles. Era evidente que o boné estava mexendo com ele de alguma forma, e minha intuição sussurrava que havia mais por trás dessa reação do que ele estava disposto a admitir.

Charlotte, é claro, não pôde deixar a oportunidade passar sem um comentário provocativo.

— Pelo jeito, você vai torcer pela McLaren hoje, não é, Chiara? — Ela lançou um olhar divertido na minha direção.

Ri, lançando um sorriso irônico para ela.

— Ah, você sabe como é, eu amo Lando, mas eu sempre vou torcer pelos meus meninos. — Brinquei, piscando para Charlotte e apontando para minha blusa da Ferrari. — Não posso trair minhas raízes.

Ela soltou uma risadinha, e pude sentir o olhar de Charles sobre mim, carregado de tensão.

— Falando em raízes, você e Lando parecem ter uma ótima química. — Charlotte cutucou Charles com o ombro, seu tom sugestivo e provocador. — Lembra do primeiro beijo de vocês?

A menção ao nosso primeiro beijo fez meu olhar se fixar diretamente em Charles. Vi seus olhos revirarem, claramente irritado com a lembrança. Ele suspirou, virando-se para mim como se buscasse um escape daquela conversa carregada de tensão.

Eu retribuí o olhar de Charles, capturando a tensão que ele mal conseguia esconder. Era como se nossos olhos tivessem seu próprio diálogo silencioso, carregado de anos de histórias compartilhadas e emoções não ditas. Uma parte de mim queria saber o que estava passando pela mente dele naquele momento, mas outra parte sabia que era melhor não mergulhar mais fundo naquela situação.

— Ah, sim, o primeiro beijo deles foi uma verdadeira história de amor juvenil. — Minha mãe interveio com um sorriso divertido, quebrando o clima tenso. — Quem diria que aquele dia no jardim iria nos trazer tantas lembranças, não é?

As palavras dela foram como um alívio, dissipando a tensão que havia se acumulado ao nosso redor. Charles sorriu de maneira forçada, visivelmente tentando recuperar a compostura.

— Sim, é verdade. Muita coisa aconteceu desde então. — Ele concordou, olhando para mim de um jeito que eu não conseguia decifrar completamente.

Entre Curvas e Emoções • Charles Leclerc & Lando Norris Onde histórias criam vida. Descubra agora