Carona

257 33 7
                                    

Estava ali naquele ponto a uns bons minutos, acabei passando do ponto de estudos na biblioteca e agora estava um pouco perigoso esperar meu ônibus ali, mas se eu for andando vai ficar bem mais perigoso do que esperar e as portas da faculdade já estavam fechadas, não encontrei minhas amigas para pegar uma carona com a Marima e eu não mandaria mensagem para atrapalhar sua noite por uma burrice minha, ouço um barulho alto de moto se aproximando de mim e fecho os olhos contando até dez para essa moto não parar ao meu lado, eu estava encostada em pé esperando o bendito do meu ônibus por favor não me deixa morrer agora, o som foi ficando bem mais alto até que ele se cessa completamente.

- Quer uma carona?. A voz abafada me dá um susto e sinto meu coração acelerar.

- Por favor, vai embora, eu só tenho livros na minha mochila e eles são bem caros e acho que você não vai precisar deles.

- Relaxa Tina. Abro os olhos não acreditando quem estava na minha frente era Heidi, seus cabelos estavam todo bagunçado e ela tinha o capacete ao lado do corpo. - Quer uma carona?. Vou até ela e bato em seu braço com força.

- Você quer me matar do coração garota?. Falo brava e ela passa a mão esfregando o braço em que bati.

- Eu venho aqui te oferecer uma carona e ainda apanho?. O tom que ela usou me fez paralisar por uns segundos, ela parecia uma pessoa doce quando usava aquele tom de voz comigo.

- Meu ônibus já está chegando. Falo automaticamente, mas me amaldiçoou no momento que acabei de falar, eu ia ficar ali mais umas meia hora e sozinha, eu tinha que dizer sim pra Heidi já que ela ia pro mesmo lugar que eu.

- Eu sei que não vai e moramos juntas, deixa eu te fazer uma gentileza, Tina. Ela estende o capacete na minha direção.

- Mas assim você vai ficar sem capacete. Digo e ela desce da moto deixando ela em pé e vem até mim colocando o capacete na minha cabeça com o maior cuidado do mundo, meus olhos se direcionam até os seus que estavam concentrados em verificar se o capacete estava firme em minha cabeça, ela me olha e dá um pequeno sorriso.

- Prontinho, ele fica bem melhor em você. Ela deixa o capacete bem preso e sobe na moto em seguida. - Precisa de ajuda pra subir?. Nego e ela liga a moto novamente. - Então sobe com cuidado, não bate com o pé no radiador e se segura que vamos chegar lá em menos de dez minutos. Pensei por apenas alguns segundos, mas subi em sua moto e me ajeitei com cuidado para não tocar pro lugar onde ela apontou, coloco minhas mãos no ombro de Heidi e vejo ela negar pegando minhas mãos e passando ao redor da sua cintura. - Tem que estar firme Tina, eu não posso te derrubar e juro que não vou correr tanto assim okay. Ela volta a olhar para frente e assim que sai com a moto meu corpo vai pra trás e eu aperto meus braços ao redor da sua cintura fechando os olhos com força, eu não sabia se isso era devagar, mas meu coração acelerou provavelmente no mesmo ritmo que a moto de Heidi deslizava pela pista, abro os olhos levemente e vejo ela sorrir pelo retrovisor, mas ela estava prestando atenção ao que fazia e por uns segundos eu acreditei mesmo que ela estava tomando cuidado comigo e não iria me derrubar.

Minutos depois paramos em frente ao nosso prédio e desço da moto tentando tirar o capacete e Heidi vem em minha direção tirando ela mesma.

- Calma. Ela tira o capacete completamente e sobe sua mão mexendo no meu cabelo devagar. - Prontinho, linda como sempre. Fico uns segundos olhando pra ela e deixo um sorrisinho escapar, existiam duas Heidis e eu gostava dessa.

- Obrigada. Digo assim que sai do transe que está sendo ficar olhando Heidi nos olhos, devo admitir pra mim mesma que Heidi está mexendo comigo, eu não sei porque isso está acontecendo e eu realmente não queria que acontecesse, mas essa Heidi me encanta.

- Estamos zeradas agora, você me ajudou mais cedo e eu pude te ajudar agora. Sua voz me faz sentir coisas, eu gosto do jeitinho que ela fala aparentemente só comigo. - Eu não sei porque estamos paradas aqui, eu gostaria bastante e te deixar aqui na porta, te dar um beijo, subir na minha moto e ir embora. Okay, isso foi um pouco fofo demais. - Mas moramos juntas, então, vamos subir?. Ela sorriu de lado e senti meu coração errar uma batida, eu não podia estar começando a gostar de Heidi não é?

- Vamos. Digo por fim e ela pega o capacete da minha mão.

- Me espera no elevador um minuto, vou guardar minha moto no estacionamento. Assenti mesmo sem saber o porquê, e entro na portaria em seguida vendo ela montar a moto e ir pro outro lado onde ficava o estacionamento.

Peço o elevador enquanto espero por Heidi, mas ele chega rapidamente, entro nele e não aperto, eu espero por Heidi que chega, uns segundos depois. - Você realmente me esperou dessa vez. Ela entrou no cubículo de metal e ficou ao meu lado, nossos ombros se tocaram levemente e eu senti o mesmo cheiro de hoje de manhã, o cheiro de Heidi era único e eu não consigo distinguir qual se sobressai mais, mas parecia uma mistura de flores-do-campo com um pouco de cheiro amadeirado e um toque doce de chocolate, eu acho que isso não era perfume, pois eu já senti esse cheiro quando ela saiu do banheiro uma vez e demos de cara uma com a outra quando eu ia tomar banho, seu corpo molhado enrolado em uma toalha minúscula, eu juro que aquele dia eu desejei pela primeira vez beijar Heidi até que meus lábios ficassem machucados, sim, eu já pensei em beijar Heidi algumas vezes, na maioria das vezes era quando ela ficava apenas calada.

As portas do elevador se abrem e caminhamos juntos até nossa porta, número 36 estampado na porta reluziu por uns segundos, ficamos em silêncio, mas como já disse uma vez, Heidi e eu não ficamos desconfortáveis com esse silêncio, ela abriu a porta e me deixou entrar primeiro, olho pra ela um pouco sem graça e ela fecha a porta se virando.

- Então, foi tão ruim assim andar de moto comigo?. Eu nego e tiro minha mochila que continha meus livros e notebook e coloco ao lado da bancada da cozinha.

- Não, até que foi tranquilo, você realmente não correu. Por uns segundos meu olhar recaiu sobe sua boca e eu pisquei lentamente, mas voltei a olhar em seus olhos.

- Talvez agora você aceite numa boa as caronas que eu ofereço. Sua risada me faz rir junto a ela.

- Obrigada mais uma vez e não vêm com estamos quites, eu poderia estar em um ponto de ônibus esquisito sozinha até agora rezando a todos os céus para não ser assaltada. Heidi apenas assente e nós vamos andando até o corredor, Heidi passa por mim e vai até a última porta, coloco a mão na maçaneta e penso por uns segundos. - Heidi!. Falo seu nome e ela para com a porta aberta e eu vou em sua direção me jogando nela e a beijando, o beijo era lento e Heidi não conseguiu reagir a princípio, mas suas mãos desceram até minha cintura enquanto as minhas estavam em seu rosto, mexo meu rosto pro lado esquerdo e sua boca se encaixa na minha e com um aperto leve na minha cintura abro a boca devagar e então sua língua desliza suavemente sobe a minha, eu poderia gemer de tão delicioso que é o beijo de Heidi, posso descrever a sensação que estou sentindo como única, meu corpo inteiro entrou em estado de alerta e meu estômago pareceu se revirar dentro de mim, os dedos de Heidi se apertando levemente na minha cintura poderia me deixar marcada, mas eu não ligava, eu só queria mais de Heidi, eu queria sentir seu gosto por mais uns segundos na minha língua, sua língua explorando toda a minha boca como se ela tivesse feito isso inúmeras vezes, mas meus pulmões estavam falhando, eu beijaria Heidi o resto da noite sem reclamar, eu não queria me afastar dela, mas com uma pequena mordida no meu lábio inferior Heidi para o beijo aos poucos e me dá alguns selinhos, ainda com os olhos fechados sinto ela me abraçar colocando o rosto em meu pescoço e seu nariz um pouco gelado deslizou pelo meu pescoço.

- Boa noite, Tina. Ela diz simplesmente e me solta aos poucos, ela me vira de costas pra ela e me empurra levemente em direção ao meu quarto.

 - Está me dispensando, Jensen?. Me viro parando perto da minha porta e abrindo ela finalmente, olho para Heidi depois que falo e ela nega.

- É que se eu continuar mais um pouco não te deixo sair do meu quarto hoje, eu iria te querer um pouco mais e eu quero fazer as coisas com calma, quero que você tenha esse tipo de atitude mais vezes e se sinta a vontade para me beijar outras vezes e esperarei ansiosamente para ouvir seu gemido baixinho em meu ouvido me chamando pelo meu nome e implorando por mais. E com essas palavras o demônio que morava comigo entra no quarto me deixando completamente molhada, eu não sabia se isso tudo que Heidi disse iria acontecer, mas eu acho que estou implorando nesse momento para acontecer, eu nunca pensei que Heidi me afetasse tanto assim, mas eu acho que quero isso, eu quero Heidi.

365 Dias - HeinaOnde histórias criam vida. Descubra agora