Impressões

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Entro no veterinário empurrando o carrinho de bebê e assim que olho para frente bato meu olho em Tina que conversava animadamente com o seu cachorro, não acredito nessa feliz coincidência, empurro meu carrinho até ela sentando bem ao seu lado.

- Eu não acredito nisso, Heidi. Ela fala sem nem me olhar e eu ri.

- Como sabia que era eu?. Pergunto um pouco curiosa, isso me deixou bem confusa.

- Não importa, o que está fazendo aqui?. Aponto pro carrinho a minha frente e ela suspira.

- Olha, mesmo que pareça, eu não vou fazer de tudo para correr atrás de você. Dou de ombros e pego uma revista abrindo ela enquanto olhava de canto de olho Tina me olhar indignada, ela abriu a boca algumas vezes e acho que estava procurando algumas palavras que não conseguiu achar e apenas desistiu de falar. - Eu amo te provocar. Solto sem querer e ela me fuzila com o olhar.

- Você fala isso após dizer que não vai correr atrás de mim e quer que eu acredite?. Olho para ela e nossos olhares se conectam naquela loucura de sempre, parecia que seus olhos me diziam tudo sem falar uma palavra.

- Certo, eu me rendo, tá bom. Levanto uma mão discretamente. - Acho que a gente devia se conhecer melhor. Primeiro passo do livro Jensen para conquistar uma garota: tenha calma e na maioria das vezes ela sempre tem razão. - Me desculpa. Peço mais uma vez essa semana e o olhar de Tina parece baixar a guarda. - Muito prazer Heidi jensen. Coloco minha mão na sua frente e espero ela apertar, ela pensa por uns segundos, mas não aperta.

- Eu não vou cair no seu papinho Heidi. Respiro fundo sem baixar a minha mão, eu ia desarmar Tina, era o primeiro passo, Heidi você tem que conseguir o primeiro passo sem dificuldades.

- Olha, eu sei que eu não pareço confiável para você, até porque o jeito que nos conhecemos não está ao meu favor, mas eu juro para você que estou apenas tentando melhorar a nossa convivência.

- Depois que se passou cinco meses?. Tina nem espera eu falar e rebate no mesmo instante. - Dizem que a primeira impressão é a que fica e você me deu a pior das impressões, não vai ser uma infeliz coincidência de trazermos nossos pets ao veterinário que vai me fazer mudar de ideia Heidi. Ela foi categórica e direta e se fosse outra circunstância eu até aceitaria numa boa e desistiria dessa garota, mas eu preciso provar agora para mim mesmo que eu consigo isso, mesmo que tenha sido uma babaca na primeira vez que nos encontramos.

                        Flashback on

Abro a porta do apartamento e fico feliz com o que vejo, era tudo que eu esperava, dessa vez minha mãe acertou e eu não precisava surtar com ela por isso.

- Achei o espaço bem espaçoso pai. Uma voz feminina é ouvida vindo do corredor e uma garota de cabelos pretos aparece no meu campo de visão com um celular no ouvido, mas quem é essa garota?. - Eu consigo lidar com isso sozinha agora, certo senhor Wigg agora eu vou desligar, tá bom. Assim que ela encerra a ligação, nossos olhares se encontram.

- Quem é você?. Falamos ao mesmo tempo, mas ela me parecia apenas curiosa.

- Sou Heidi Jensen dona desse apartamento agora. Falo séria e ela dá uma risada.

- Não, eu sou a dona desse apartamento agora nos próximos meses, eu aluguei esse lugar. Nego olhando para ela como se estivesse louca porque eu realmente achava que ela estava.

- Minha mãe alugou o lugar para mim, vou morar aqui enquanto fizer faculdade, olha não sei que tipo de brincadeira é essa, mas eu acho melhor você dê o fora daqui. Eu não ia poupar palavras a uma estranha, o apartamento era meu e eu queria mesmo ela fora daqui, eu só estava sendo sincera.

- Eu não acredito que vou ter que te mostrar a rescisão do contrato e eu não vou sair do meu apartamento, eu já paguei os primeiros seis meses. Arqueio a sobrancelha, aquela garota estranha estava me desafiando?.

- Você deveria se colocar no seu lugar, acho que devo chamar a polícia então. Ela cruza os braços a frente do seu corpo e continua me olhando.

- Faz o que você quiser, já falei que tenho o contrato. Ela da de ombros e senta em um dos bancos da cozinha, arrasto minha mala apartamento adentro e deixo ela perto do sofá, pego meu celular do bolso e ligo para minha mãe.

- Oi!. A voz dela animada é ouvida do outro lado da linha e eu me sinto ainda mais irritada. 

- Mãe acabei de chegar no apartamento e tenho um probleminha. Minha voz já saia um pouquinho irritada e ouço ela respirar fundo do outro lado da linha.

- Acho que conheceu a pessoa com quem vai dividir o apartamento não é?. Sua voz suave e melódica diz e eu tinha certeza que minha mãe deve ter pirado.

- Mãe, não liguei para brincadeiras, eu amei o apartamento, mas não vou ficar aqui com essa garota. Falo já brava. - Eu não preciso que alguém more comigo e ainda mais alguém estranha e esquisita. 

- Heidi eu não quero reclamações e nem que você use esse tom para falar comigo, Tina é uma garota legal e você vai dividir apartamento com ela. Diz decisiva, eu não acredito no que estava ouvindo. - Ela alugou o apartamento antes de mim e o dono aceitou minha solicitação que você dividissem e por isso o aluguel foi dividido entre as duas e se você quiser se mudar faça um acordo com ela, mas eu não vou te ajudar com outro apartamento e sinto muito por suas frustrações. A ligação ficou muda, minha mãe tinha encerrado a ligação sem deixar eu rebater e sem nenhum tipo de explicação, era aquilo e eu tinha que aceitar.

- Quando a polícia chega, não sabia que o policial se chamava mãe. Ouço a voz de Tina atrás de mim e me viro dando de cara com ela, não acredito que ia dividir apartamento com essa garota irritante até o fim da faculdade.

- É um desprazer te conhecer colega de ap. Vejo seu olhar se transformar em surpresa. - Graças a minha mãe vou ter que dividir o apartamento com você e tenho algumas regras, não me irrita, não me fala comigo e nem invade o meu espaço, se seguir tudo isso direitinho acho que vamos nos dar muito bem. Dou um sorriso debochado para ela e passo por ela arrastando minha mala.

                      Flashback off

- Acho que eu te devo um monte de pedidos de desculpas. Falo alto e Tina me olha um pouco confusa. - Se passaram cinco meses sim, mas acho que temos bem mais meses pela frente e eu quero começar a te tratar bem, moramos juntas e temos muito em comum, tenho certeza que vamos nos dar bem. Tina me olha procurando alguma coisa em meu olhar, eu sabia que ela estava procurando, mas dessa vez eu estava mesmo arrependida de ter tratado ela daquele jeito, já que claramente eu só estava brava com minha mãe por ser tão sacana com o fato de não ter me contado sobre Tina.

- Não acho que isso pode dar certo. Ela diz simplesmente e eu não tinha me rendido, minha mão ainda estava lá para ela apertar.

- Trégua Tina, por favor. Falo do mesmo jeito que ela e então ela aperta finalmente minha mão.

- Trégua. Ela diz concordando e eu não mostrei o meu sorriso, mas eu estava explodindo de felicidade por dentro, só passaram 25 de 365 dias, eu podia conseguir.

365 Dias - HeinaOnde histórias criam vida. Descubra agora