Sogra

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Meus olhos estavam vidrados na mãe de Heidi me olhando com cara de poucos amigos.

- Sim, amor. Heidi disse firme e a mãe dela fez uma cara de nojo para mim. - O que você quer mãe?. Ela perguntou ainda estática no mesmo lugar e eu não me atrevia a falar nada também, o clima não parecia um dos melhores.

- Já disse, você não me atende e nem vê minhas mensagens. Ela andou um pouco pelo apartamento e passou o dedo em um dos móveis da sala e olhou para ele por uns segundos, volta a olhar para Heidi e coloca sua bolsa em cima do sofá, tudo parecia muito tenso e minha namorada engoliu seco. - Suas notas chegaram por e-mail. Ela olhou com o olhar mais frio do mundo para Heidi. - Duas notas baixas Jensen. Eu não acredito que ela estava aqui apenas por isso.

- Eu não liguei porque vou recuperar essas notas, eu só estava focada demais nos treinos e não consegui um bom desempenho. Eu juro que queria abrir a porta e mandar essa mulher ir embora, Heidi parecia um robô que já tinha ensaiado essa frase umas trocentas vezes, ela simplesmente estava arrumando justificativas para a mãe dela não fazer um escândalo talvez.

- Não quero desculpas Heidi, pago a melhor faculdade da cidade e não é nenhum pouco barata. Ela levantou o queixo e Heidi abaixou um pouco a cabeça. - O mínimo que você tem que fazer é deixar suas notas acima da média, eu já disse que o esporte não vai te levar a nada, seu pai que é bom demais para você. Começo a contar mentalmente até dez e repito isso umas três vezes no mínimo.

- Me desculpa mãe, eu juro que vou melhorar. Sua voz estava trêmula, acho que Heidi estava prestes a chorar, dou alguns passos em sua direção e fico na sua frente. - Tina, vai lá para o quarto, por favor. Sua voz saiu em um fio de voz, ela estava louca se acha que eu vou ficar lá dentro enquanto sua mãe pisa nela como se fosse uma simples formiga que trabalhava para ela.

- Eu não vou a lugar algum. Digo firme e ergo seu rosto com as duas mãos, limpo suas lágrimas e deslizo minha mão por seu braço até entrelaçar nossas mãos, assim como ela fez há dias atrás naquele estacionamento. - Eu estou com você lembra. Seu olhar parou em nossas mãos juntas e ela deu um pequeno sorriso.

- Posso saber quem é essa garota Heidi Jensen?. A voz da minha então sogra fala bem atrás de mim e eu tenho certeza que ela fazia cara de nojo, me viro contrastando o óbvio.

- Eu sou a namorada da sua filha. Falo olhando em seus olhos, eu não estendo a mão, se aquela mulher vem até meu apartamento e ofende a minha namorada na minha frente e acha que vou ser educada com ela está muito enganada.

- Namorada?. Ela solta uma risada, não era uma risada qualquer, ela estava debochando.

- Algum problema?. Falo firme e Heidi aperta levemente minha mão, o sorriso em seu rosto morre assim que ela vê que não vou baixar a cabeça para ela. - Eu amo Heidi e sei que ela é uma mulher brilhante, sim, porque ao contrário do que você pensa ela não é uma garotinha. Tento dar um passo para frente, mas Heidi me segura no lugar. - Ela é a capitã do time de basquete sabia? E tirou a maior nota da sala em química. Seus olhos se arregalam levemente e ela olha para minha namorada atrás de mim. - Você não sabe porque não vê as qualidades dela, só quer pisar nela por uns defeitos idiota. Termino de falar e a mulher tentou abrir a boca algumas vezes tentando formar uma frase, mas eu tinha deixado ela sem palavras.

- Me entrega a chave da sua moto. Ela estendeu a mão passando por mim e Heidi colocou as mãos no bolso entregando em suas mãos. - Venho buscar ela depois, vai ficar sem ela até voltar a estar acima da média. Ela olhou de Heidi para mim e depois foi até o sofá pegando sua bolsa e saiu como um furacão batendo a porta, me viro para trás e Heidi me abraça o mais forte que ela já tinha feito antes, Heidi parecia uma menina naquele momento e eu acho que quem despertou isso nela foi essa mulher. O ponto fraco de Heidi era a mãe.

- Eu estou aqui, meu amor. Acaricio seu cabelo e seus braços me apertam um pouco mais, parecia que ela estava se agarrando a uma tábua de salvação, a minha Heidi estava quebrada e eu iria ajudar ela a se consertar, sozinha.



Bastava apenas alguns segundos para tempestade acabar com algum lugar, nesse caso a tempestade é a minha sogra e o lugar foi a minha indefesa namorada, ela fez tanto mal a Heidi que ela nem veio a faculdade e então lá estava eu chegando sozinha e tendo todos os rostos virados para mim.

- Cadê a Heidi?. Charlotte perguntou mostrando preocupação.

- Em casa, a mãe dela foi lá no apartamento e disse um monte de besteiras para ela e foi embora levando a chave da sua moto. Falei tudo rapidamente e pela primeira vez me deixei ser levada pelos sentimentos, ali eu não precisava ser forte, eu tinha que ser forte para Heidi.

- Você deixou ela sozinha?. Engfa me questionou e eu a olhei rapidamente.

- Eu fiquei lá até onde deu, perdi três aulas da parte da manhã e deixei ela dormindo. Falei olhando diretamente para ela. - Eu não deixaria Heidi se achasse que ela não estava emocionalmente estável. Eu não ia discutir com suas amigas, mas eu estava frágil.

- Calma. Nudee disse e olhei para ela, ela deu um mínimo sorriso e veio até mim me abraçando forte.

- Obrigada Nesa. Era um simples obrigada, mas com uma proporção enorme e ela sabia disso.

- Vamos todos ver a Heidi quando as aulas acabarem. Marima sugeriu e eu assenti.

- Vou ligar para ela. Charlotte diz saindo da roda e Engfa foi atrás dela, eu entendia a preocupação das duas, mas só Heidi sabia o que era melhor para ela e eu não estaria aqui se ela não estivesse insistido para isso, vai discutir com uma Heidi teimosa e chorando te implorando com um biquinho lindo no rosto, eu odiava ver ela frágil daquele jeito e acho que ela odiava me deixar ver ela daquele jeito então eu dei o espaço que ela queria, ao contrário do que todos pensam não vivemos grudadas o tempo inteiro, eu respeito sua individualidade o que não quer dizer que não vou estar totalmente ao seu lado nesse caos chamado Jensen.


Um carro estava andando bem ao meu lado enquanto estava indo até a parada do ônibus, sinceramente eu estava morrendo de medo e quando eu parei, ele parou e então seu vidro baixou e eu quase corri, mas o semblante frio da mãe de Heidi estava lá, me olhando como se fosse acabar comigo naquele instante.

- Entra no carro, precisamos conversar. Foi uma das frases mais horríveis que eu já ouvi, diria que um top três, respirei fundo e a contra gosto abri a porta de seu carro e entrei.

- Como sabia que eu estaria aqui?. Ela mexe uma das mãos para o banco da frente e então o carro começa a se mover.

- Vasculhei toda sua vida e sinceramente não é muito difícil achar informações sobre você e sua família. A mesma cara de nojo de sempre, eu queria muito que o tempo voltasse e eu não tivesse conhecido essa mulher. - Sei de todo seu histórico escolar e como ganhou uma bolsa para estudar em uma das melhores faculdades da cidade. Ela me olhou de canto de olho. - Quero lhe fazer uma proposta. Disse simplesmente e eu a olhei de frente, aonde ela queria chegar com tudo isso.

- Que tipo de proposta?. Pergunto séria, eu não ia aceitar nada que ela me oferecesse e se fosse preciso iria dizer umas verdades na cara dessa mulher.

- Começarei a pagar seus estudos e te dou emprego em uma das multinacionais que tenho, com uma condição. Ela se virou olhando dentro dos meus olhos e eu gelei, não tinha como não gelar com a própria tempestade te olhando nos olhos. - Quero você o mais longe possível da minha filha. Ela foi curta e grossa e sinceramente nunca me senti tão diminuída em toda minha vida. - Te darei alguns dias para pensar. O carro para e ela olha para o motorista. - Se afaste da minha filha ou eu mesmo cuidarei disso. Então a porta ao meu lado se abre e estávamos em frente ao meu prédio, respiro fundo e me viro mais uma vez para ela.

- Pode começar a cuidar então, pois eu não vou deixar Heidi por nada e nem ninguém. Se ela conseguia ser fria, eu também conseguia, nem que seja aparentemente. - Eu não estou a venda e eu amo ela, enquanto Heidi me quiser eu também vou e não tem ninguém que impeça isso. Olho dentro de seus olhos e vejo um sorriso nascer na lateral do seu rosto.

- É o que veremos. E aquele assunto estava encerrado, desço do carro e o motorista fecha a porta dele dando a volta e saindo no mesmo momento dali, o que ela queria dizer com isso?.

365 Dias - HeinaOnde histórias criam vida. Descubra agora