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Clara★

Pirulito de cereja:

Já estava cheia de como todos pareciam tão desinteressantes, todos tão iguais, com falas iguais e atitudes mais iguais ainda, parecia até que tinha dado pane no universo e ele estava criando humanos iguais com rosto diferentes a anos.

- Oi, Clara- Daniel diz simpático, logo que chego perto do seu grupo de amigos estranhamente iguais.

- Oi, Daniel, viu o Pedro por aí?

- Não, na verdade eu nem sabia que ele vinha- confessa.

- Achei que ele pudesse ter vindo- menti descaradamente, e sem me preocupar em ouvir a resposta dele ou de algum outro apenas saí.

Descidi que minha nova meta era achar comida dentro daquela casa enorme cheia de gente sem graça. Passo primeiro na mesa de bebidas e decido pegar apenas uma cerveja, para não começar a noite com algo mais forte e não correr o risco de que algo ruim acontecesse.

- Oi- Uma voz suave e rouca é proferida ao meu lado me fazendo sentir um arrepio de cima a baixo- Tá sozinha?

- Na verdade meio que tô- Ela me olha confusa, posso jurar que já vi ela em algum canto só não lembro onde, mas famosa eu sei que ela é- É que eu marquei com um rapaz, mas eu acho que ele nem vem, então eu decidi que vou ter como prioridade procurar a comida dessa festa.

- Quer ir procurar comida comigo?- Questiona risonha.

- Nossa... Isso foi a coisa mais bonita e mais romântica que alguém já me disse hoje, te juro!- Ela solta uma risada gostosa o que me faz sorrir, então logo estamos lado a lado pegando comida para comermos em uma mesa que tinha alí no canto.

- E qual seu nome?- Pergunta.

- Clara... Clara Albuquerque.

- Prazer, Ana Carolina- Diz sorrindo e voltando a comer. Sabia que ela não me era estranha!- Mas você é daqui?

- Não, na verdade eu sou de Londrina, vim pro Rio só pra estudar, acabei gostando e tô aqui a quatro anos- Digo e me distraio com uma notificação, era uma mensagem do Pedro avisando que não poderia vir pois tinha quebrado o pé.

- É o carinha que você falou? Ele vem?

- Na verdade não vem, ele falou que quebrou o pé- Dou um sorriso torto e continuo- Só que ele postou um storys a uns vinte minutos e o pé dele parecia intacto...- olho pra a comida a minha frente.

- Que estupido- Diz em um tom frio- Por que não se vinga dele?

- Eu sou péssima com esse negócio de vingança, por exemplo, um ex meu me disse que "só me traiu porque tinha achado super sexy a garota com um pirulito na boca, e que o gosto de cereja nos lábios dela fizeram valer super apena, por mais que ele estivesse arrependido"- Assumo- Desde então eu sempre tenho um pirulito de cereja na bolsa que eu sempre uso com pessoas que eu nunca beijo- Ana solta uma gargalhada mais gostosa do que a anterior gostosa que eu até me permito rir da minha própria desgraça.

- Você podia quebrar o pé dele de verdade, mas como eu acho pouco provavel você podia só postar alguns storys pra ele ver oque ele tá perdendo...- A voz dela sai arrastada e ver a secada que ela me deu fez uma chama se acender em mim, será que é a hora do pirulito?

Ficamos conversando por mais um tempo e então decidimos ir dançar. Ana puxa o próprio celular do bolso e começa a gravar um story comigo dançando de costas para ela e com o corpo totalmente junto ao seu, envolvo meu braço em seu pescoço ainda de costas enquanto canto animada a música que toca alta.

Não sei se pelo álcool pouco ingerido por mim, mas sentir a Ana me "sarrando" com as mãos na minha cintura me causava um calor. Sinto meu celular vibrar no bolso da minha calça me despertando daquele transe.

- Tenho que ir no banheiro - Digo alto para que a outra escute.

Sigo até o banheiro sem fazer ideia se ela tinha escutado ou não, conector meu celular na tomada que tinha alí e vejo que era apenas uma notificação do twitter.

Ouço a porta sendo aberta e logo vejo a Ana com aquele cabelo maravilhoso quase grudada em mim, não é possível que essa tentação não tenha noção de espaço, acho que ela não deve tem engatinhado quando era mais nova.

- Você tá bem?- Mais que cacete, não é possível que meu coração vá acelera toda vez que ela abrir a boca!

- 'Tô, 'tô bem sim, só tava um pouco tonta...

Um silêncio absurdo se instalou, mas logo foi quebrado pela porta sendo aberta, com muita brutalidade pelo visto, e barulhos de beijos. O lugar aonde estávamos era um ponto cego para quem quer que estivesse alí, afinal, era atrás de uma parede que separava a pia do vaso sanitário.

- Será que eles não perceberam que a gente tá aqui?- Sussurro depois de checar e eles realmente estavam se pegando.

- Estão apressados, já que eles vão em bora- Sussurra com o rosto próximo ao meu.

Meus olhos quase que em automático descem para seus lábios que são cuidadosamente umedecidos por sua língua, sem nem percebe nossas testas lentamente se encostam, minha respiração pesa e nosso lábios se encontram. E de repente tudo ao meu redor some assim que a língua de Ana rodeia a minha.

Sinto aquelas mãos possessivas na minha cintura enquanto as minhas acariciavam sua nuca. O beijo não tinha desespero, era calmo, suave... Capaz de fazer minha alma se envolver por completo naquele misto de sensação e esquecer tudo... O casal que se engolia do outro lado da parede, o Pedro, as técnicas falidas com pirulitos... Tudo.

Sinto meus pulmões queimarem e termino aquele beijo, que na minha opinião poderia ser eterno, com selinho que Ana logo fez questão que se espalhassem pelo meu rosto e meu pescoço.

- Acho que tá na hora de eu ir- Digo ainda colada na Ana, em seguida olho o celular e vejo que já amanhecia, agradeci por ser sábado.

- Me passa seu número?- Questiona estendida o celular, concordo e ponho meu número alí.

- Pronto- Lhe dou um o seu celular de voltar e ela o guarda, nós nos despedimos com um selinho e eu logo chamo meu Uber.

Envolver-Ana CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora