17

139 6 2
                                    

ASSIM QUE MEU DESPERTADOR tocou eu me levantei da cama. Eu me sentia leve como nunca, como se um peso tivesse sido tirado de mim. Eu amava aquela nova sensação.

Antes de ir para o trabalho passei em uma floricultura e encomendei um buquê de tulipas vermelha, junto delas enviei um bilhete escrito a mão.

"Tisbe,
Nunca mais haverá paredes entre nós.
Com amor, Píramo."

Píramo e Tisbe eram amantes em um mito grego, filhos de famílias rivais, proibidos de ficar juntos. O único jeito de se falar era através de uma fresta na parede entre eles.

Mandei entregar na casa de Ana, ela estaria lá hoje, paguei por tudo e fui para o trabalho.

***

NO HORÁRIO DO ALMOÇO RECEBI uma mensagem da minha namorada. Minha namorada. Gostei.

«Amei as flores e o cartão, pesquisei e tem um significado lindo. Obrigada por ser tão perfeita.

Corri para respondê-la.

Você merece muito mais.»

Minha mãe vem passar o final de semana aqui no Rio. Por que não vem jantar aqui em casa amanhã? Quero te apresentar pra ela.»

«Achei a ideia ótima!

«Tô ansiosa pra conhecer minha sogra Rsrs. Acha que ela vai gostar de mim?

Claro que vai! Já viu alguém não gosta?!»

Não esperei ela responder, fui terminar o meu almoço.

***

No fim de semana minha mãe tinha chegado no Rio logo de manhãzinha. Tava animada em conhecer a Ana e eu aproveitei para pedir que ela trouxesse a mãe dela para jantar conosco.

Lembro-me que logo que eu me assumi minha mãe era meio contra, mas com o tempo foi passando a "aceitar". Não aceitava do jeito que eu queria, mas ainda assim era muito educada com as meninas que eu apresentava para ela.

Ela fez questão de fazer o jantar todo. Disse que tudo oque eu tinha que fazer era ficar longe de sua cozinha - Que na realidade era minha.

A campainha tocou e eu corri pra abrir a porta. Ana tava lá em pé ao lado de sua mãe.

— Entrem- Dei espaça e ambas entraram.

Antes que eu pudesse fechar a porta sinti Ana me abraçar pela cintura e dá um beijo demorado em meu pescoço, sua mãe estava analisando a minha sala, de costas para a gente. Logo fiquei nervosa, minha sogra estava olhando a decoração da minha sala, enquanto a filha dela beijava meu pescoço. Ui!

— Boa noite - Ana saudou com aquela voz rouca sensacional.

Como eu queria beijar aquela mulher. A minha mulher. Mas a mãe dela estava perto e eu nem sabia se ela já estava ciente do namoro. Só a Ana pra me fazer sentir como se eu estivesse no meu primeiro namoro adolescente.

— Boa noite- Sorri- Minha mãe já deve ter terminado de se arrumar...- puxo assunto enquanto me solto dos braços daquela perdição. Fecho a porta.

— Você tem um ótimo gosto, querida- Dona Aparecida sorri- De quem são esses quadros?

— São meus...- Digo meio sem jeito- Eu pinto sempre que tenho um tempo livre, mas agora por conta do trabalho tô fazendo isso com menos frequência.

— Que maravilha! Fico tão feliz em saber que minha filha namora uma moça tão talentosa - Ela diz e pelo visto já sabe que a gente namora. Mas é claro que ela sabe- A Ana também pinta de vez em quando.

— É, eu fiquei sabendo.

— Deixa eu te mostrar uns quadros dela que eu amo, tenho as fotos aqui no meu celular.

Vejo o rosto da minha namorada esquentar, mas mesmo assim me sento ao lado de sua mãe no sofá para olhar as fotos.

Depois de um tempo comentando sobre os quadros sinto o cheiro da minha mãe pela sala. Minha mãe era uma mulher muito cheirosa. Olho e ela está em pé ao lado do sofá.

— Mãe, essa é a Ana, e a dona Aparecida, mãe dela- apresento me levantando.

O jantar foi extremamente agradável. Minha mãe de fato amou a Ana e se deu muito bem com a mãe dela, tanto que em muitos momentos conversavam entre si, como se Ana e eu não estivéssemos alí. Ficariam amigas com certeza.

Depois do jantar propus um vinho e todas aceitaram de imediato. Mamãe e Dona Aparecida iniciaram uma conversa sobre alguma coisa não muito importante para mim então levei minha namorada para o lado de fora da casa. Lá tinha um sofá de dois lugares com uma mesinha de centro na frente. O condomínio era tranquilo então era seguro ficar alí naquela hora.
Me aninhei nos braços de Ana enquanto bebericava meu vinho.

Envolver-Ana CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora